20/01/2015 12h03 - Atualizado em 20/01/2015 12h15

'Já tinha feito redação com o tema', diz aluna nota mil em redação no Enem

Camila Trindade da Conceição, 18 anos, já tinha escrito sobre publicidade.
Jornalista que tirou 980 avalia que ainda é preciso melhorar escrita.

Dominik GiustiDo G1 PA

Camila Trindade da Conceição diz que treinou para a redação lendo jornais, livros de ficção e participando de debates em sala de aula. (Foto: Isabela Parry/Arquivo Pessoal)Camila Trindade da Conceição diz que treinou para a redação lendo jornais, livros de ficção e participando de debates em sala de aula. (Foto: Isabela Parry/Arquivo Pessoal)

Surpresa com a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a estudante paraense Camila Trindade da Conceição, de 18 anos, comemorou o feito: ela faz parte de um grupo de apenas 250 pessoas que conseguiram a nota 1.000 no certame em todo o Brasil. Para Camila, foi fundamental já ter escrito em uma das atividades da disciplina, no colégio em que cursou o ensino médio em Belém, uma redação com o mesmo tema do Enem em 2014, sobre “Publicidade infantil em questão no Brasil”.

Não fiz tão preocupada em tirar nota alta, mas já sabia os argumentos que ia usar"
Camila Trindade da Conceição, 18 anos

“A professora lançou o tema e ficamos uma semana para entregar a tarefa. Fui pra casa, estudei e devolvi depois. Além disso, discutimos sobre o assunto em sala de aula. Cada um apresenta a sua opinião e assim a gente consegue formar a nossa. Não fiz tão preocupada em tirar nota alta, mas já sabia os argumentos que ia usar”, conta a estudante, que que se preparou para escrever também lendo livros de ficção e jornais, além de participar de debates realizados em sala de aula.

Por conta da familiaridade com o tema, a aluna disse que até mesmo o tempo destinado para fazer a redação foi menor. A orientação dos professores é que separe até 1h30 do tempo total da prova apenas para fazer a redação e depois tirá-la do rascunho, mas ela acredita que terminou a prova em 20 ou 30 minutos. “Mesmo assim não esperava tirar a maior nota. Pensei que fosse ficar com nota mediana, entre 700 e 800”, conta Camila, que soube da nota no dia de seu aniversário: 13 de janeiro.

Agora, a estudante pretende conseguir uma vaga no curso de arquitetura e urbanismo, na Universidade Federal do Pará (UFPA). Ela já foi aprovada no mesmo curso na Universidade da Amazônia (Unama).

nota mil enem pará (Foto: Reprodução/Inep)Notas do Enem de Camila Trindade. (Foto: Reprodução/Inep)

Saber escrever é fundamental
O jornalista Jones Santos, de 29 anos, também prestou a prova do Enem e conseguiu nota 980. Para ele, o tema pode ter ajudado a conseguir uma nota alta. “Falar de publicidade infantil, acredito, deve ser mais fácil pra alguém que já circula há dez anos pela área da comunicação. Minha experiência discutindo questões relacionadas à forma como a comunicação influencia a vida das pessoas deve ter ajudado, além, claro, das leituras feitas na área”, acredita.

O jornalista também destaca a importância que a prova da redação tem recebido nos últimos anos, com a substituição dos vestibulares pelo Exame. Ele acredita que se tratar de um teste de raciocínio de linguagem, o candidato precisa saber desenvolver as suas ideias no papel, sem opiniões diversas ou mesmo a internet para consultar. E isso revela um outro dado importante, apesar de ruim: entre os alunos participantes, 529.374 obtiveram nota zero na redação da prova (8,5% dos candidatos).

“Esses resultados mostram que ainda estamos longe daquela educação que proporciona ao estudante desenvolver suas próprias ideias e colocá-las de forma coerente em um texto. Acho que o tema foi determinante nisso, porque se fosse algo como a falta de água no Sudeste ou a Copa do Mundo, assuntos que certamente foram discutidos em salas de aula e cursinhos e para os quais os candidatos provavelmente tinham ideias pré-determinadas de abordagem, é provável que os resultados fossem melhores”, defende.

nota jones 980 pará borrada (Foto: Reprodução/Inep)Jones Santos tirou nota 980 na Redação. (Foto: Reprodução/Inep)

 

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