Vídeo: Aline Midlej entrevista Daiane dos Santos
As emoções que saíram de Tóquio e nos abraçaram essa semana precisam de explicações. Estamos diferentes e as últimas madrugadas testemunharam isso. Já vale pensar no que faremos com tudo o que os jogos olímpicos têm nos mostrado, para além da já conhecida lição do poder superação que o esporte sempre ensinou.
Na revolta que sentimos com a arbitragem que tirou a judoca Maria Portella da competição, fico com a expressão da sua oponente naquele momento, a russa Madina Taimazova. E do abraço que sucedeu aquele olhar, onde só enxerguei empatia e respeito. A mesma energia invadiu as raias da piscina durante uma das finais da natação, quando a sul-africana Tatjana Schoenmaker venceu a prova de 200 metros peito feminino e foi abraçada pelas outras competidoras que a celebraram. Isso foi na quinta-feira. Antes disso já havíamos sido arrebatados pela coragem da ginasta americana Simone Bailes, que desistiu do ouro que parecia já destinado a ela. Foi a grande campeã até aqui, sem deixar de dividir o pódio da admiração. Há uma sequência de recordes de humanidades em andamento, e nem chegamos à metade do percurso olímpico.
“Esses jogos são da reconstrução humana, de voltar lá trás e entender o ser humano e olhar que somos diferentes, mas estamos aqui pelo mesmo: objetivo, do menor país, aos mais vulnerável, ao mais rico, todos juntos na mesma festa, mas agora isso precisa existir no mundo, não só nestes vinte dias”. A fala é de Daiane dos Santos, durante uma conversa que tivemos na quarta-feira, horas antes de Rebeca Andrade no fazer dançar em mais um baile de favela, dessa vez, todo prateado.
Concordo com Daiane que as pessoas estão cansadas de serem oprimidas de não serem valorizadas. De serem classificadas de boas ou ruins, seja pela cor da pele, corte do cabelo, pelas pessoas com as quais se relaciona. “O mundo não quer mais isso. O esporte é uma excelente forma da gente poder mostra que aquela modalidade, esse mundo é para todos. A gente tem falado tanto sobre isso, temos cobrado como atletas. Igualdade, respeito, amizade. Essa é nossa bandeira. Essas Olimpíadas trazem isso muito aflorado”.
Também me junto a Daiane na reflexão de que os jogos de Tóquio nos abra os olhos, que a gente consiga fazer transformações de verdade. A íntegra da minha entrevista com ela você encontra no vídeo acima. Um vídeo que é passaporte para inspiração.