Estádios da Copa são sustentáveis?
Pisca na tela do computador a mensagem enviada de Washington (curiosamente redigida em português) assinada por Jacob Kriss, “Especialista em Mídia” da USGBC – United States Green Building Council – uma das mais importantes certificadoras ambientais do mundo.
“U.S.Green Building Council (USGBC) anuncia certificação LEED para seis estádios da Copa do Mundo”, diz o título do release.
LEED são as iniciais de “Leadership in Energy & Environmental Design”, a certificação ambiental para edificações da USGBC, “presente em mais de 150 países”. Ao todo são analisados sete quesitos da construção, e para cada item avaliado há uma pontuação correspondente. Quanto mais pontos acumulados, mais importante será o selo.
No caso do LEED, são quatro os selos: “Platinum” (o que acumula mais pontos); “Ouro”, “Prata” e “Bronze” (o que reúne a pontuação mínima para a certificação).
Pois bem, a curiosidade é imediata: qual terá sido a pontuação dos novos estádios (ou arenas,como queiram) construídos ou reformados no Brasil especialmente para a Copa?
Segundo o release de Washington, dos seis estádios, cinco (Maracanã/RJ, Fonte Nova/Salvador, Mineirão/BH, Arena da Amazônia/Manaus e Arena Multiuso/Salvador) obtiveram o selo “Prata”. A Arena Castelão/Fortaleza aparece com a estranha designação “Certificado LEED”, que não parece propriamente uma categoria de selagem.
Selo “Prata” (penúltimo em importância no ranking da certificadora) para cinco dos seis estádios certificados no Brasil é notícia boa ou ruim?
Boa, se considerarmos que as intervenções feitas não tem precedentes para este gênero de construção no Brasil (redução no consumo de água e energia,destinação inteligente do entulho, uso de materiais recicláveis, aproveitamento energético do sol e do vento, etc).
Ruim, se entendermos que o custo elevado das novas arenas (ou estádios, como queiram) poderia justificar projetos mais arrojados e sustentáveis. Vale lembrar que o BNDES disponibilizou R$ 400 milhões em uma linha especial de crédito para cada empreendimento que tivessem selo verde “por avaliação de uma certificadora reconhecida internacionalmente”. Não foi por falta de dinheiro que deixamos de ter estádios com selo “Platinum” ou “Ouro”.
Minha opinião: se tem dinheiro público envolvido, e se os recursos do BNDES pretendiam justamente estimular a qualificação do padrão construtivo dos novos estádios, o avanço foi muito tímido. “Dá pro gasto”, dirão alguns, pouco ou nada incomodados pelo fato de o selo “Prata” (terceiro em importância numa escala de quatro) ter predominado nas classificações. “Perdemos uma boa oportunidade”, dirão outros, preocupados com um legado pós-Copa mais contundente na área da construção civil.
Saímos da inércia. Mas a marcha ainda é lenta.