outra aposta…
Ed Motta promete disco novo em 2013 e apresenta no youtreco uma da nova safra, “1978″.
https://youtu.be/i9lG-Q9eJ1Y
boa prova de que, musicalmente, 2013 começa se garantindo.
Ed Motta promete disco novo em 2013 e apresenta no youtreco uma da nova safra, “1978″.
https://youtu.be/i9lG-Q9eJ1Y
boa prova de que, musicalmente, 2013 começa se garantindo.
Essa inglesa de Birmingham, Laura Mvula, é a aposta do jornal inglês “The Guardian” na música em 2013: https://youtu.be/S8mh07Kl9Sk
Uma música é pouco para avaliar, “She” é de um EP no selo RCA (Sony) – no momento, ela grava no Electric Lady Studios, em Nova York, um primeiro álbum – mas tem algo, o clipe ajuda, assim como a definição de seu estilo segundo o crítico Paul Lester: “É como ouvir Billie Holiday com os Beach Boys”. Ou seja, o suficiente para me fazer aguardar o que vem a seguir.
@@@@@o ano do cara
De volta à retrospectiva de 2012, Roberto Carlos foi o cara. Bastaram duas boas canções inéditas para ele voltar a vender disco como nos velhos tempos. No caso, um EP (de “extended play”, com apenas quatro faixas, como os velhos compactos duplos de vinil), que muitos compram pensando ser um CD completo – foi o caso da doméstica que trabalha aqui em casa. Mas melhor um EP como esse do que quase tudo do que RC lançou em CD nas duas últimas décadas.
Sim, Roberto é Carola demais, foi conivente com a ditadura militar (jovens mais para alternativos ou não conformados como os nossos filhos, principalmente o segundo, Y, nos lembram disso, mostram material que circula pelas redes sociais), mas tem uma obra admirável e continua cantando muito – sem os excessos do bel canto.
A obediência às regras de prêmios de música, focados em gravações inéditas, deixou de fora aquele que é o disco que mais tem frequentado as caixas de som aqui de casa-escritório. Portanto, antes de 2012 acabar, o título de melhor copilação, ou de um álbum novo montado a partir de fonogramas velhos (e eternos), é “Nuvem Cigana – The Clube da Esquina Years”, lançamento Dubas/Universal, que reúne parte da obra de Ronaldo Bastos e (muitos) parceiros na década de 70. O vídeo promocional cujo elo é… https://youtu.be/yUZb9HxPQsY transmite a essência desse admirável passeio pelos anos do clube sem fronteiras.
Estamos na reta final do ano mas os lançamentos não param. Do fim da semana passada sobraram três títulos da Som Livre e um deles, hoje, já tem cara de passado: “Um novo tempo”, o disco natalino que Ivan Lins lançou em 1999 na finada gravadora Abril Music, e que estava fora de catálogo desde então. O CD volta sem uma faixa, tirada por questões de direito autoral, “Então é Natal”, a versão feita por Claúdio Rabello para a canção de John Lennon e Yoko Ono, mas tem 14 outras rabanadas musicais, entre clássicos do gênero (incluindo a “Boas festas” de Assis Valente que, na noite de terça-feira, Gilberto Gil verteu para o inglês) e então inéditas, escritas por Ivan e parceiros para a data. Essa tradição de disco natalino nunca colou no Brasil, mas continua forte nos EUA. Quem consultar a lista de álbuns mais vendidos da “Billboard” encontrará quatro no Top 10: “Christmas”, de Michael Bublé (em terceiro); “Merry Christmas, baby”, de Rod Stewart (em quinto); “Cheers, it’s Christmas”, de Blake Shelton (em oitavo); e “On this winter’s”, de Lady Antebellum (em décimo). Que tédio.
Também nesse lote da Som Livre, pelo selo Slap, dedicado a novos artistas, está “Claridão”, do cantor, compositor e multi-instrumentista Silva, que vem de Vitória (E.S.) com um pop algo datado. A faixa de abertura atende pelo nome de “2012″ e tem como tema o recente e furado fim do mundo. Sonoramente, há um cheiro de tecnopop dos anos 80, camadas de teclados e sintetizadores dão o tom, mesmo que misturados a vibrafone, ukelele e demais instrumentos acústicos. Com esse embrulho, Silva apresenta suas baladas ingênuas, em disco que gravou quase todo sozinho em sua casa.
Outro cantor e compositor novo, o americano Allen Stone faz no disco que leva seu nome o que seus conterrâneos chamavam nos anos 70 de “blue eyed soul”, ou seja, soul de olhos azuis, ou de branco. A influência do grande Stevie Wonder (sim, ele é genial, apesar do fiasco de seu show malhado na Praia de Copacabana) é patente, assim como de outros mestres do setor, como Curtis Mayfield e Marvin Gaye.
Num segundo e maior pacote, da Universal, que chegou ontem (quarta-feira, 27 de dezembro, foi o Dia Mais Quente do Rio em 97 anos! e não tenho prazer algum em comemorar esse recorde), há diversidade e curiosidades. Entre estas, uma versão comemorativa dos 45 anos (por que comemorar 45?) de “The Velvet Underground & Nico”, mais conhecido como o álbum da banana na capa criada por Andy Warhol. É uma edição dupla: o primeiro disco traz na íntegra o superestimado LP editado em 1967 e mais cinco versões alternativas de “All tomorrow’s parties” (duas dela), “European son”, “Heroin” e “I’ll be your mirror”; enquanto no segundo estão sessões num estúdio em 1966 e ensaios, no mesmo ano, no famoso Factory, o estúdio do sagaz artista plástico. Correndo na contramão do sonho hippie e psicodélico que então comia solto em São Francisco e começava a se espalhar pelo mundo, o Velvet Underground cantou a barra pesada real de Nova York. Com a ajuda de Warhol, o grupo que revelou Lou Reed virou um mito, e uma das influências para o surgimento do punk, uma década depois. OK, mas, musicalmente é intragável, um disco cuja capa é melhor do que o conteúdo sonoro, com canções que ganharam versões bem melhores depois.
Mais curiosidade, em dose dupla, é a caixa “Dois tons de Carlos Lyra”, com discos que ele lançou em 1971, “…e no entanto é preciso cantar”, e 1972, “Eu & elas”. Um texto que o compositor escreveu para a contracapa do segundo revela, com sinceridade exemplar, muito sobre aquele momento, no auge da ditadura militar: ”Houve um tempo em que eu era espontâneo, mas não podia dizer as coisas porque não sabia nada. E agora que sei demasiado até para calar-me, sinto que perdi aquela espontaneidade e às vezes permaneço calad0 por não me arriscar a ser exato. Assim mesmo, apesar de sentir saudades do que fui, não me arrependo de não ser mais.” (Carlos Lyra).
Em CD e DVD, “Solo: Cássia Eller do lado do avesso” chega no aniversário de 11 anos da morte da extraordinária cantora (a data se completa neste sábado, dia 29). O CD recupera um show de voz e violão que ela fez na série “Luz do solo”, em março de 2001; enquanto o DVD, além das 12 canções desse evento, é completado por “Melhores momentos ao vivo”, tirados de outros cinco DVDs de Cássia.
A rapper americana Nicki Minaj tem direito a um CD duplo e um DVD “The Re-Up”, num pacote que é indicado apenas para adeptos do gênero (sim, não é o meu caso). Revelada há pouco mais de quatro anos através de sua página no MySpace, a moça de Queens (Nova York) subiu rápido, como provam os trocentos convidados que participam de insossos duetos através do interminável disco (parei no primeiro CD mas pretendo assistir ao DVD e se alguma coisa me fazer mudar de opinião sobre Nicki prometo contar aqui).
Em outra praia, o cantor e compositor italiano de blues e rock Zucchero tenta novos ares em “La sesión cubana”, gravado em Havana com músicos locais e coprodução do americano Don Was. Tem seus momentos, entre temas originais de Zucchero e alguns clássicos, como “Guantanamera” e “Ave Maria no morro”, de Herivelto Martins, esta num dueto com Djavan.
Após, nos últimos seis anos, viver um intenso flerte com a bossa nova, a cantora e pianista canadense Diana Krall também muda de rumo em “Glad rag doll”, agora mergulhando na música americana dos anos 20 e 30 do século passado, em produção de T Bone Burnett. A primeira audição não bateu, digamos que, a exemplo da banana de Warhol para o Velvet, a capa (com a própria na fantasia de “Glad rag doll”, ou em tradução aproximada, “Boneca do rag feliz”, sendo “rag” de “ragtime”, um estilo musical que está para o jazz como o choro para o samba) é mais interessante do que o som produzido por Diana.
Já o cantor Ne-Yo faz no CD “Red” a habitual baba que caracteriza o soul contemporâneo, ou r&b, como eles preferem nos EUA.
Apontado como sucessor de Placido Domingo, o tenor mexicano Rolando Villazón, de 40 anos, solta seu gogó em ária de Verdi no CD “Villazón Verdi”, título que poderá interessar aos amantes do canto lírico (tenho alergia ao estilo mas pretendo botar pra rodar ainda em 2012).
Entre os DVDs, mas ainda na fila para a conferida básica, o duplo “Quebec magnetic”, com a íntegra do show que o Metallica fez na cidade canadense em 2009 ocupando o primeiro disco, enquanto o DVD 2 oferece faixas bônus, documentário e entrevistas com os músicos e fãs; e “The road to Red Rocks”, da banda britânica de folk-rock Mumford & Sons.
Para fechar a tampa, por enquanto, um ótimo disco que recebi digitalmente, “Aqui é o meu lá”, do Ricardo Herz Trio (Scubidu Music). É o quarto do violinista e compositor Ricardo Herz (acompanhado da bateria e da percussão de Pedro Ito e do violão de Michi Ruzitschka, mais algumas participações especiais espalhadas pelo álbum), músico de São Paulo que acabou de voltar de um período de um ano em Boston, no EUA, e também já viveu oito anos em Paris. Herz, que também divide a direção musical com Benjamim Taubkin, assina 11 das 12 composições – a exceção é o clássico choro “Odeon”, de Ernesto Nazareth -, estendendo pontes entre a música popular brasileira e diferentes ritmos e tradições do mundo. Raro na MPB atual – recentemente, Gilberto Gil adicionou ao seu grupo o violinista Nicolas Krassik, um jovem francês que se radicou no Rio há uma década após se apaixonar pelo samba e pelo choro -, o violino voa alto nos forrós, valsas, chamamés e sambas de “Aqui é o meu lá”.
Stevie é… wonderful, mas o show em Copacabana foi caído, de altos e baixos. Já a partir da abertura equivocada, quando, precocemente, tentou puxar o coro da plateia carioca e empacou naquele karaokê rasteiro. Foi a deixa para eu começar a usar o controle remoto e, em alguns momentos, trocar o ao vivo no Multishow pelo panetone habitual de Roberto Carlos na Globo, que teve algumas boas surpresas, principalmente nos duetos com Seu Jorge (“As curvas da estrada de Santos”e “Amiga de minha mulher”). Mas, de volta a Stevie Wonder, pior foram as intervenções de Gilberto Gil, deslocado (deu para perceber que eles nada prepararam para fazer juntos) e quase sempre desafinado. Sim, Stevie é Wonder e também teve seus bons momentos, em “Higher ground”, “Superstition” e, no final, a infalível “Another star”, mas nada que se compare com a apresentação um ano atrás no Rock in Rio.
Peço licença ao Top 5 do G1, que entrou no ar neste sábado (https://g1.globo.com/retrospectiva-2012/50-noticias/platb/), para alguns adendos a “Sunken condos” ( Donald Fagen), “Abraçaço” (Caetano Veloso), ”Casa aberta” (Lili Araújo), “A música da alma” (Amplexos) e “Dois mundos” (Frederico Heliodoro).
Mais da música que me arrebatou em 2012, de variadas formas. Ontem, por exemplo, em muitos momentos, vivemos a Melhor Jam (sarau, descarga, essa noite se improvisa…) do ano, comandada informal e exuberantemente por Celso Fonseca, 100% guitarrista na ocasião. Só bem no fim, a pedido do anfitrião (o empresário e pianista Julio Pina), que Celso cantou uma de suas composições, o clássico “Slow motion bossa nova”, da parceria com Ronaldo Bastos, e, em seguida, “Se ela dança, eu danço”. Antes, com Marcos Valle ao piano, tinha mostrado alguns dos temas instrumentais do disco que gravaram juntos em 2009, “Página Central”, e, sempre com uma banda completa – baixo, bateria, guitarra base, teclados e dois pianos – passou por Donato (“A rã”, “Bananeira”), Beatles, Azymuth. Tudo com muito improviso, groove e solos generosos. Como fecho, uma epifânica “Europa” de Carlos Santana.
Documentário/Cinema: ”Tropicália”, de Marcelo Machado, que driblou o fato de serem poucos os registros em cinema e TV com um precioso trabalho de arte. Detalhe que, de alguma forma, reafirma o papel exercido por Rogério Duarte – a entrevista deste é outro acerto do filme. Há também raros e ricos achados, principalmente a sequência final, “Back in Bahia” ao vivo em 1972 com Gilberto Gil e banda (Lanny Gordin, Bruce Henry, Tutty Moreno), e assistida agora pelos setentões Gil e Caetano.
Livro: ”How music works”, de David Byrne, que, abastecido por uma diversificada pesquisa (neuro-antropo-históri-acustica-tecni-musical-etc…), faz um guia para a música no século XXI. Detalhe que observei após terminar as 347 páginas: menção alguma à licença Creative Commons, que tanto deslumbrou parcela dos artistas brasileiros.
Show: “Recanto”, de Gal Costa, estreou em março no Rio, inaugurando uma nova casa para a música, Miranda, e através do ano foi ganhando mais força. Como se confirmou em outubro, nas noites de gravação do indefectível DVD, quando ela voltou ao histórico Teresão (hoje Theatro Net Rio) onde nos anos 70 fez “Fa-tal”.
+ Discos: então, finalmente escancarando os cinco, parto para um Top 10, acrescentando títulos que estão nos balanços que também fiz para a revista “Sucesso” e para a enquete que o jornalista musical gaúcho Juarez Fonseca realiza alguns anos com críticos e músicos do Brasil – incluindo Kiko Ferreira (BH), Hagamenon Brito (Salvador), Carlos Calado (SP), Irlam Rocha (DF), Jimi Joe (PoA), Arthur de Faria (PoA) e Paulo Moreira (PoA).
“Micróbio vivo” (Adriana Calcanhotto), “Fazendo as pazes com o swing” (Orquestra Imperial), “channel ORANGE” (Frank Ocean), “Roots before branches” (Henry Cole and The Afrobeat Collective), “Locked down” (Dr. John)…
Em clima de reality show, desde ontem, um comentário aguarda ser eliminado ou autorizado. E mais por ter cara de armação do que por ser ofensivo, repleto de palavrões e assinado pela vencedora neste domingo do programa “The Voice”. Vem com o link certo para a página de Ellen Oleria no myspace (alguém ainda usa isso?), um email de sua suposta produção e um celular com prefixo de Brasília, final 0099. Se for realmente de Ellen, autorizo a publicação. Quanto ao teor, me manda tomar naquele lugar por ainda falar de Roberto & Erasmo, gente de museu, etc.
Sou avisado que “Tá na mesa!”, o disco “Peregrino” do Projeto CCOMA, que seguia bem ao fundo, vai ser interrrompido, e após o almoço volto para esse e mais alguns CDs e também DVDs que chegaram ontem.
PS: ah, o tal comentário diz ainda que não presto atenção aos novos, ou, mais especificamente, à música da vencedora de “The Voice”. Posso não ter acompanhado à competição, raramente ligamos a TV nas tardes de domingo, jovens ou velhas, mas não tenho preconceitos, sejam novos, emergentes, veteranos, obscuros, divas, doidivanas. Além do material que recebo, os muitos discos físicos ou arquivos que chegam pela internet, costumo navegar atrás de mais, sem antolhos cerebrais.
Do lote de ontem, confiro agora o CD duplo “Músicas para churrasco Vol.1: Ao vivo na Quinta da Boa Vista”, de Seu Jorge (Universal), que também sai em DVD. Sim, ele não é mais um novo, mas um eterno emergente, carismático, transitando pelo samba e pelo pop com desenvoltura, numa trilha aberta há 50 anos pelo seu xará Ben Jor. É popagode, com direito até a participação de Alexandre Pires, em duas canções (“Vizinha” e “Eu sou o samba”), abrindo a indefectível e, como sempre, eclética sequência de convidados: em seguida, são cinco com Zeca Pagodinho, e ainda Caetano, Flor de Maria, Trio Preto + 1, Racionais MC’s, Sandra de Sá, The Brooklyn, Bronx and Queens Band e Bonde do Passinho. Ou seja, com sua “Banda do Pretinho da Serrinha” (que divide com Seu Jorge a direção musical do show) ele cobre praticamente todo o leque (novos, emergentes, veteranos, obscuros…). Admiro o trajeto de Seu Jorge, ele acerta em muitos momentos, mas um duplo é demais, ainda mais para quem não é chegado em churrasco (graças a Y, que cortou qualquer carne de seu cardápio, cortamos as bovina, suína e similares).
Também no lote da Universal, mais um póstumo de Amy Winehouse, o CD/DVD “At The BBC”, que é mais interessante do que o póstumo anterior, “Hiddeen treasures”. O CD está no disco 1, com 14 registros, entre 2004 e 2009, de composições de Amy ou standards jazzísticos (como “I should care”, “Lullaby of Birdland); enquanto o DVD ocupa o disco 2 com um especial gravado em 2006 em apresentação para apenas 86 pessoas, numa pequena igreja na localidade de Dingle, “Amy Winehouse: The day she came to Dingle”. Tem provas de sobra que Amy foi a mais interessante compositora e cantora de sua geração. Pena a criadora não ter sobrevivido à criatura que ergueu em torno de si, que a mídia e o público adoraram, morrendo na emblemática idade de 27 anos (a mesma de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain, Brian Jones, Alan Wilson, Robert Jonhson… e quase Noel Rosa, este um ano antes, aos 26).
Ainda na praia de cantoras, a caixa “Três tons de Fafá de Belém” reúne três LPs lançados pela cantora paraense na primeira década de sua carreira: “Água” (1977), “Banho de cheiro” (1978) e “Estrela radiante” (1979). Portanto, os que se seguiram ao de estreia, “Tamba Tajá”, em 1976, num período no qual, artisticamente, Fafá ainda tentava se impor numa praia então dominada por Elis, Gal, Bethânia, Nana… Como bônus, o produtor responsável pela reedição, Thiago Marques Luiz, adicionou quatro faixas da mesma época, incluindo seu primeiro compacto simples, com dois clássicos de João Donato, “Emoriô” (parceria com Gilberto Gil) e “Naturalmente” (essa com letra de Caetano). (PS4, que vem antes do 2 e do 3: após ouvir o primeiro disco da caixa uma impressão forte, se o repertório de seus discos de carreira piorou, a cantora melhorou bastante desde então.
Por falar de Gil, mais um título fundamental, “Gilberto Gil”, de 1969, volta remasterizado em Abbey Road, com direito a versão em vinil (fabricado na Alemanha) e em CD. Foi o disco que ele deixou gravado antes de ser enxotado do Brasil pelos militares e passar três anos de exílio em Londres. O repertório é certeiro, vai do estrondoso sucesso popular “Aquele abraço” a experimentalismos como “Objeto semi-identificado”, parceria de GG com os Rogérios Duarte (que também assinou a arte da capa) e Duprat (nos arranjos e na direção musical), passando por suas “Futurível” (balada agora recuperada por Gil no projeto “Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo”) , “Cérebro eletrônico”, “Volks-Volkswagen blue” e “Vitrines”, a “2001″ de Tom Zé e Rita Lee lançada pelos Mutantes, uma pérola obscura de Caetano (“A voz do vivo”) e o baião “17 légua e meia” (Humberto Teixeira e Carlos Barroso). Gil gravou voz e violão em Salvador e depois, em estúdios de São Paulo e Rio, Duprat escalou um timaço, com Lanny (guitarra), Sérgio Barroso (baixo), Wilson das Neves (bateria) e Chiquinho de Moraes (piano e órgão).
Nessa época de balanço, listas de melhores e piores, “Gilberto Gil” é um dos relançamentos de 2012. E por falar em Gil 2, seu reencontro com Stevie Wonder promete: dia 23 de dezembro, em show beneficente no Imperator, e dia 25, ao ar livre, em plena Praia de Copacabana.
PS2: na fila, para a conferida básico, um DVD póstumo do Queen, “Hungarian Rhapsody: Live in Budapest” (Universal) , e o CD/DVD “Da Branca” (independente), de Gerlane Lops. Esta é uma cantora e compositora pernambucana que eu desconhecia mas, vejo no texto para a imprensa, já com 15 anos de carreira. Quanto ao Projeto CCOMA, mencionado na abertura desse longo post, é um duo gaúcho, Roberto Scopel e Swami Sagara, que em “Peregrino” (independente) navega com segurança por batidas eletrônicas e sons regionais e étnicos, dos orientalismos de “Grand Bazaar” aos gauchismos de “Milongha para los perros”. Boa trilha para o fim do ano.
PS3: mais dois DVDs, que o Correio acaba de entregar: o já mencionado (e assistido) “Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo” (Biscoito Fino), de Gil, e “50 anos” (independente), do Quinteto Villa-Lobos, este em repertório que, além de Villa, passa por Hermeto Pascoal, Guinga, Radamés Gnattali, K-Ximbinho, Edino Krieger, Paulinho da Viola…
Fui com a habitual desconfiança (“Minha cota de Roberto já está cheia, deve ser o show de sempre, vamos perder o início dos Stones em Nova York…”) e meio como um agrado para K, que não tinha dúvidas de que gostaria, mas saí do Maracanãzinho gratificado. O Roberto Carlos de sempre, mas com detalhes que, como ele e Erasmo tão bem apontaram na letra do clássico, fazem muita diferença. Nos últimos anos, os arranjos ganharam uma pegada mais soul (como prova já na segunda canção, “Eu te amo, te amo, te amo”), o repertório dosa bem diferentes fases e climas, permitindo que RC também dose, perto da perfeição, sua voz. As duas novas, principalmente “Furdúncio”, logo após o pout-pourri trilha de motel, igualmente reforçam a ideia de que sua carreira ganhou novo fôlego. Antes, em participação especial, o DJ Memê deu uma roupagem dance-eletrônica a “Fera ferida”, que, como Roberto explicou, fará parte de um disco de remixes com lançamento previsto para 2013 e funcionou bem ao vivo.
Saímos do ginásio ainda com os últimos acordes de “Jesus Cristo”, após a distribuição de rosas que RC sempre faz (e com uma que consegui agarrar para K), e logo achamos um táxi que nos levou ao niver de uma amiga, onde a trilha sonora vinha diretamente do Prudencial Center, em Nova Jersey. Na tela da TV, os Rolling Stones também não decepcionaram. Eles estavam parados há cerca de seis anos e mostram nessa volta que, musicalmente, continuam rolando, prontos para mais. Pelo simbolismo e pelo contraste com o pop carola do Rei (nada contra e, apesar de ser um sem religião desde o berço, gosto tanto de “Jesus Cristo” quanto de “Nossa Senhora”), o momento mais forte foi “Sympathy for the devil”. Mas, com alguns convidados se alternando, a noite stoniana teve outros brilhos. Entre eles, o reencontro com o guitarrista Mick Taylor (que, em 1969, entrou para o grupo na vaga de Brian Jones, e ficou até 1974, quando deu lugar a Ron Wood), numa longa versão de “Midnight rambler” que reforçou a devoção dos Stones ao blues.
Sandy & Seniors
O elenco do show beneficente na noite do 12/12/12 em Nova York me lembrou do grupo brasileiro Velhinhos Transviados. Rolling Stones, Paul McCartney, Who, Roger Waters, Eric Clapton, quase todos setentões e esbanjando vigor… Sim, ainda teve Bruce, Bon Jovi, Chris “Cold” Martin, Michael Stipe, Billy Joel… Mas foram os seniors-mor que se destacaram. Macca, no encontro com os companheiros do finado Kurt Cobain no Nirvana, numa canção desconhecida, inédita (“Cut me some slack”, de Dave Grohls, e que será lançada na trilha sonora de um filme do próprio baterista, cantor e guitarrista) mostrou seu lado hard rock empunhando uma estridente guitarra Gretsch Eletromatic Bo Diddley. Para quem tinha alguma dúvida, Paul, que é apenas associado ao lado mais romântico, meloso, baladístico dos Beatles, foi fundamental tanto no experimentalismo de “Sgt. Peppers” quanto na vertente mais pesada do grupo – coisa que reafirmou na noite de quinta no Madison Square Garden ao relembrar a demolidora “I’ve got a feeling”. (PS: um comentário, no fcbk, de Fábio é certeiro, sim, “Helter skelter” é o melhor exemplo dessa faceta de PM. Obrigado pela lembrança!)
Já os Stones, mesmo se poupando para o show dessa quinta em Newark (ao lado de Nova York), mostraram que estão com fôlego de sobra em “You got me rocking”e, principalmente, no segundo e último número, “Jumpin’ Jack Flash”.
Quem não assistiu ao vivo – avançando na madrugada – ou gravou, já pode ver quase tudo no YouTube ou, em breve, comprar pelo iTunes. Ou seja, o 121212 The Concert for Sandy Relief vai continuar arrecadando muito. Além da data para lá de “numerologicamente” forte, aconteceu no dia em que morreu Ravi Shankar, o idealizador junto a George Harrison do “Concert for Blangdesh”, o primeiro grande evento coletivo beneficente do rock, realizado 41 anos antes no mesmo Madison Square Garden.
Quanto aos Velhinhos Transviados, eu tinha nome na cabeça, mas era apenas uma referência distante. Com o google (que homenageou Luiz Gonzaga nesse 13 de dezembro de seu centenário) ao lado fui atrás das infos. Foi fundado em 1962 (mesmo ano dos Stones) pelo então quarentão Zé Menezes, um mestre dos instrumentos de cordas (toca tudo, do cavaquinho à guitarra elétrica), que, aos 91 anos, continua em atividade no Brasil – solo, gravou recentemente três discos instrumentais… fabulosos. Eles (Menezes e outros craques dos estúdios) lançaram 11 discos, até 1973, com títulos como “Fabulosos”, “Bárbaros”, “Embalados”, “Tropicalíssimos”, “Espetaculares”…
Sábado, dia 15, teremos mais Stones no Newark Prudential Center, mas dessa vez também ao vivo na TV – o Canal Multishow vai transmitir. Imagino que com a diferença de fuso, dê para assistir a outro senior em forma, Roberto Carlos no Maracanãzinho, e ainda pegar o início dos velhinhos transviados ingleses.
Na última década, desde outubro de 2002, quando trocou a gravadora multinacional BMG (depois incorporada à idem Sony Music) pela brasileira Biscoito Fino, Maria Bethânia lançou cerca de 20 títulos, entre CDs (alguns duplos e ao vivo) e DVDs. “Noite luzidia” é mais um para engordar a lista de DVDs – o nono, se incluirmos também os documentários “Música é perfume”, de Georges Gachot, e “Pedrinha de Aruanda”, de Andrucha Waddington). Esse novo/velho traz o registro do show comemorativo de seus 35 anos de carreira, em setembro de 2001, no finado Canecão, no Rio, quando dividiu os microfones com uma eclética lista de convidados – de Gil a Edu, de Chico a Caetano, passando por Carlos Lyra, Milton Nascimento, Nana Caymmi, Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Vanessa da Mata, Renato Teixeira, Lenine, Chico César, Roberto Mendes…
Sim, é demais. Mas, após fazer o dever de casa, admito que esse título tem atrativos até para quem procura dosar tanta Bethânia em sua vida musical. São 31 faixas tiradas do show, mais um documentário de cerca de 40 minutos (trazendo entrevista com os convidados) e dois números gravados em estúdio (Edu Lobo cantando “Beatriz” e Milton Nascimento em “Canções e momentos”, que ele conta ter escrito com Fernando Brant após ouvir no rádio do carro a versão de Bethânia para “Na primeira manhã”, de Alceu Valença).
Há grandes momentos, outros nem tanto. Para ficar com os primeiros, um deles é o encontro com Edu e Chico em “A moça do sonho”, canção que a dupla lançara um ano antes, no musical “Cambaio”, e é uma espécie de irmã mais nova de “Beatriz”, ou seja, um clássico instantâneo (mesmo que sem o prestígio da outra). Ou então, em sequência, os duetos com Calcanhotto (em sua “Depois de ter você”, que a compositora lançara meses antes com o título de “Cantada”) e Ana Carolina (“Pra rua me levar”, letra de Antonio Villeroy).
@@@@@Tantos outros
Tentando zerar a pilha de lançamentos recebidos…
CD/DVD “Turnê 23 Prêmio da Música Brasileira: Homenagem a João Bosco” (Universal): Pelo segundo ano consecutivo, após a cerimônia de premiação no Teatro Municipal do Rio, em junho, uma turnê com o show ao homenageado do ano percorre algumas capitais e cidades importantes para o patrocinador do evento, a Vale S/A. Este ano foi a vez de João Bosco, que participou do tributo e teve sua obra cantada por Alcione, Leila Pinheiro, Mariana Aydar e Péricles (ex-Exaltasamba), com participação na apresentação de São Paulo da Banda Mantiqueira e de Arlindo Cruz (os números deste estão apenas no DVD, “Odilê, odilá” e “Dom de encantar”, esta uma composição coletiva em homenagem a Bosco).
CD “Vencedores 23 Prêmio da Música Brasileira” (Universal): Esse CD duplo traz uma canção de cada vencedor nas diferentes categorias do prêmio. Ou seja, é um saco de gatos, passando, por entre outros estilos, MPB, Instrumental, Samba, Regional, “Pop/Rock/Reggae/Hip hop/Funk” (a solução encontrada para agrupar toda a produção mais pop do Brasil)… De Cauby a Criolo, de Fundo de Quintal a Chitãozinho & Xororó, de Dori Caymmi a Banda Calypso. Mosaico da música brasileira em 2011/2012.
“Mais pra cá do que pra lá” – Tio Samba (Delira): Em muitos momentos, o grupo parece voltar aos tempos de Noel Rosa, mesmo que seus sambas, maxixes, xotes e marchas sejam novos, quase todos de Carlos Mauro (o cantor principal) e diferentes parceiros. Instrumentalmente há também um clima retrô, com naipe de sopros (incluindo uma tuba no seu velho papel de contrabaixo), mais violão, cavaquinho e percussão.
“Macaxeira Fields” – Alexandre Andrés (independente): Mais um talento mineiro, o jovem compositor e multi-instrumentista faz uma MPB camerística, característica realçada pela direção musical do pianista André Mehmari, que também toca no disco. Andrés assina todo o repertório (com letras de Bernardo Maranhão) e se cercou de, na sua maioria, jovens instrumentistas mineiros, com eventuais participações especiais: Mônica Salmaso é a cantora numa faixa; Tatiana Parra, em outra; e o grupo Uakti adiciona seus inusitados instrumentos em “Em brancas nuvens”. Aliás, Alexandre é filho de peixe, Artur Andrés, flautista do Uakti, que também me enviou o CD de estreia do filhote, “Agualuz”, de 2009.
“Valentia” – Bena Lobo (Biscoito Fino): Essa história de peixinho também pode jogar contra. Que o diga o filho de Edu Lobo, lançando mais um solo. MPB genérica, em alguns momentos com pegada mais pop, alternando parcerias com seus contemporâneos (Rômulo Pacheco, Úrsula Corona, Edu Krieger, Gabriel Moura) ou com o veterano e hiperativo letrista Paulo César Pinheiro (em três canções). A produção musical é de outro filho de, Daniel Gonzaga (de Gonzaguinha, e neto de Gonzagão), envolve cobras como Alberto Continentino (baixo), Carlos Malta e Ricardo Pontes (sopros), e o disco tem lá seus momentos – desde que não lembremos de Edu, O compositor da MPB, aquele que mais avançou nas trilhas abertas por Tom Jobim.
“Sotaque carregado” – DJ MAM (BRazilian Lounge): Esse acaba de chegar e é o que rola ao fundo no momento. Apesar de DJ, é disco de repertório autoral, com músicos e cantores diversos, em coprodução de MAM e Alex “Bossacucanova” Moreira que mistura eletrônica, ritmos nordestinos, “funkarioca” em receita que até agora desce bem…