sem música

sáb, 29/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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Divulgação

Influenciado pela leitura, tentei reouvir “My life in the Bush of Ghosts” e, no que era a minha impressão na época (o disco é de 1980), o conceito elaborado por Brian Eno e David Byrne é muito superior ao resultado. Além do conceito, esse disco engatinha em técnicas de gravação, colagem, apropriação de material gravado (de música étnica a sermões de pastores ou anúncios radiofônicos) que, coincidentemente, também começavam a ser desenvolvidas no nascente hip-hop.

Sem música, lembro-me que, aqui perto de casa, tem a abertura da expo de um artista português que K conheceu em Porto. O título é de meu interesse, corredor que me tornei já passados os 40 anos: “Quem corre por gosto não cansa”.

Abriu hoje e continuará. Num PS, ainda neste blogquasediário, contarei algo do que experimentamos.

PS: após subir o poste, vi o comentário. Sim, pra quem gosta do tema, “How Music Works” é útil, agradável e cheio de dicas técnicas (em algumas, danço, teria que… correr menos).

PS2: K fotografou a expo e subo um dos trabalhos de Isaque na Laura Marsiaj.

Foto: Kati Pinto

 

sexta básica

sex, 28/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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Divulgação

“Concerto de cordas & máquinas de ritmo” – Gilberto Gil (Geleia Geral/Biscoito Fino): Gravado ao vivo no Teatro Municipal do Rio, em 28 de maio passado, esse é o novo projeto do incansável Gil. O CD, cuja capa reproduzo, chega às lojas na semana que vem e, em novembro, será a vez do DVD, dirigido por Andrucha Waddington. Gil costuma alternar diferentes shows e formatos e neste revê canções de diversas fases de sua carreira acompanhado de grande orquestra – no Municipal, foi a Petrobras Sinfônica, regida por Carlos Prazeres – e um pequeno núcleo de sua banda, o filho Bem Gil (violão e guitarra), Gustavo Di Dalva (percussão), Nicolas Krassik (violino), Eduardo Manso (efeitos eletrônicos) e Jaques Morelenbaum (violoncelo, produção musical e orquestrações). Nas 15 faixas da versão em CD, vai de “Máquina do ritmo” (lançada em 2008) a “Eu vim da Bahia” (um de seus velhos clássicos, de 1965), de “Futurível” (que escreveu durante a prisão em 1969, e raramente cantou ao vivo) a clássicos  como “Oriente”  e “Domingo no parque “. Há ainda uma que estava inédita, “Eu descobri”, e três de outros compositores: Tom Jobim (“Outra vez”), Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (“Juazeiro”) e o cubano Osvaldo Farres (“Tres palabras”, um bolero que ouvia quando garoto na Bahia). Enfim, em boa hora, Gil dá uma sacudida em seu repertório e vai muito além do óbvio. Agora em outubro, ele também fará shows para poucos e ricos, retomando a Banda Dois com Bem Gil nos seletos bares do Fasano em Sampa (Baretto) e Rio (Londra). Depois, entre 23 de outubro e 24 de novembro, leva o show de forró “Fé na festa” para os EUA e o Canadá.

“Lobo guará” – Dotô Tonho (independente): o grupo faz uma curiosa mescla de blues, country e caipira, em 12  composições originais, assinadas por Antonio Oviedo (voz e violão) e Paul Constantinides (também um dos produtores). Quem se interessar, na contracapa tem o email [email protected].

Divulgação

“Capitão Coração” – Dos Cafundós (Far Out): este e o disco seguinte chegaram por email, zipados. A Far Out é uma gravadora inglesa que tem investido principalmente numa música brasileira com pouco espaço tem entre nós. Ela foi criada pelo DJ Joe Davis, que, nos anos 80, vinha frequentemente ao Rio para rodar sebos de LPs e garimpar preciosidades. No início dos anos 90, Davis não só começou a lançar alguns desses velhos títulos em CD na Inglaterra como também passou a gravar novos trabalhos de gente como Joyce, Azymuth, Marcos Valle, Banda Black Rio, Os Ipanemas, Arthur Verocai, Sabrina Malheiros (ótima cantora, filha do baixista do Azymuth, Alex), Leo Gandelman (o recente e ótimo “Vip Vop”, que também teve versão em DVD), Célia Vaz, Antonio Adolfo, Leila Pinheiro… Segundo informação no site da Far Out, o grupo Dos Cafundós é carioca e foi criado em 2002. Lançado em julho passado na Inglaterra, “Capitão Coração” aposta na fusão de baião, jazz, rock progressivo… Na primeira audição rodou bem e terá novas doses.

“The Beauty Room II” – The Beauty Room (Far Out): projeto do DJ e produtor Kirk Degiorgio com o cantor Jinadu, “II” foi gravado entre Los Angeles e Londres, com diferentes músicos de estúdio e, em algumas faixas, arranjos de orquestra de Paul Buckmaster (que já trabalhou com Bowie, Stones e Elton John).  Pop abrangente, com assumidas influências de Brian Wilson, Doobie Brothers, David Crosby. Outro que ainda vou ouvir mais, ou seja, sobreviveu à conferida básica.

@@@@@O livro de Byrne

continuo embrenhado na leitura de “How music works”, que é melhor que a encomenda. David Byrne mostra em detalhes como a gravação de sons mudou a forma como ouvimos e fazemos música, usando tanto de sua experiência como artista (antes e depois dos Talking Heads) quanto de uma rigorosa pesquisa histórica. Cheguei a um terço das 347 páginas e já dá para cravar que vai se tornar um livro fundamental para músicos, produtores, executivos, jornalistas especializados, aficionados… Será que editoras brasileiras já correram atrás?

 

conexões

qui, 27/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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A trilha do momento, entrando a esmo aqui no computador, é um piano algo frenético, que não reconheço, tenho que ir ao iTreco e ler: “Departure No. 2″,  com Stanley Cowell, jazz dos anos 60 e 70, que baixei da internet há alguns anos, quando usava um programa de troca de arquivos, soulseek, que não roda bem em mac. Essa foi uma das razões para ter parado com isso, o troca troca (legal ou ilegal, a discussão continua) de arquivos digitais pela rede.

Mas, por que as gravadoras não funcionam como clubes, dando acesso, mediante quantias mensais dos associados, a seus acervos?  Com diferentes planos, para ouvir como rádio, por streaming, ou baixar em seu aparelho. Muita gente ainda embarcaria nessa.

Tenho comentado aqui de como a Apple avançou no negócio da música, mas, fora dela também há muitas opções. Através do YouTube, por exemplo, é possível acesso a quase tudo, independentemente do aparelho que estejamos usando – aliás, fui lá para fazer um teste, digitei Stanley Cowell e apareceram diversas faixas de discos dele, com a capa do álbum ou sequência de fotos ilustrando a música, é como um rádio ilustrado.

A essa altura o que toca ao fundo já mudou, é “Seven Samurai”, de e com Ryuichi Sakamoto, disco “Chasm”, o que me lembra que, em recente entrevista, Gilberto Gil me contou que, a partir de dezembro, Jaques Morelenbaum retoma sua colaboração com o pianista, compositor, produtor japonês. Os dois, mais Paula Morelenbaum, fizeram há mais de uma década um belo tributo a Tom Jobim, “Casa”, que rendeu ainda o ao vivo “A day in New York”. Morelenbaum, que também já trabalhou com, entre outros, Egberto Gismonti, Tom Jobim e Caetano Veloso, está no atual “Concerto de Cordas e Máquina de Ritmo” de Gil, que rodou cinco países da vizinhos, Chile, Argentina, Colômbia, Peru e Equador.

Coincidentemente, do Equador, recebi há menos de um mês o curioso e interessante, ”Más allá del Carnaval: Una semblanza sobre la Música Popular Brasileña”, de Francisco Aguirre Racines,  sociólogo e demógrafo que é apaixonado pela MPB. O livro traz entrevistas, perfis e ensaios sobre artistas brasileiros e, pelo visto, deverá ter um segundo volume – Racines me conta num e-mail que aproveitou a recente passagem do show de Gil por Quito para entrevistá-lo.

@@@@@Ryoichi Kurokawa

E, em outra conexão com Sakamoto, um conterrâneo e eventual parceiro dele, Ryoichi Kurokawa, participa nesta quinta, dia 27, do Festival Multiplicidade, no Oi Futuro Flamengo. Ele fará duas sessões de “Rheo”, projeto que é descrito como “espécie de cinema multimídia”.

@@@@@A “Lux” de Brian Eno

PS: a instalação de Eno na Lapa carioca vai acontecer entre 19 e 21 de outubro!

Divulgação

Por falar em multimídia, um dos artistas estrangeiros que, no momento, está com instalação no Rio (projeções nos Arcos da Lapa, dentro do projeto de ocupação urbana artística OiR), o inglês Brian Eno trocou, nos anos 70, a carreira de rockstar no Roxy Music pela livre experimentação. Desde então, atuou tanto como músico (e produtor, incluindo entre seus clientes, dos Talking Heads ao U2) quanto artista plástico. Seu novo disco, “Lux”, que a gravadora Warp anuncia para novembro, avança nessa fronteira: é uma composição de 75 minutos, dividida em 12 seções, que começou a nascer a partir de um trabalho que atualmente está em exposição numa galeria em Turim, na Itália. Segundo o texto de divulgação de Eno, “Lux” desenvolve temas e texturas sônicas que estiveram presentes em álbuns anteriores, como “Music for films” e “Music for  airports”. É algo que ficou conhecido como “ambient music”, e no fundo não passa de uma “musak” (aqueles anódinos sons para elevadores, escritórios) com pretensões.

@@@@@Novo Cantuária

Divulgação/Vinicius Cantuária

Radicado em Nova York há quase duas décadas e rodando o mundo com sua música, Vinícius Cantuária comemora o nascimento de seu novo filho, Tom Cantuária, com Claire Bower, a produtora de TV inglesa com quem está casado.

Desde 1994, quando trocou o Brasil pelos EUA, Vinicius tem batido um bolão com músicos como Arto Lindsay, Ryuichi Sakamoto, Bill Frisell, Brad Mehldau, Marc Ribot, Mauro Refosco, João Donato, Marcos Valle, David Byrne, Michael Leonhart, Jeff Harris e Norah Jones. Também lançou  nove discos solo  – o último deles, “Samba carioca”, 2009,  finalmente ganhou uma edição brasileira, no ano passado, pela Biscoito Fino. A esses, soma-se um álbum composto e gravado em dupla com o guitarrista de jazz Bill Frisell, “Lágrimas Mexicanas”, lançado em 2011 na Europa e  nos Estados Unidos – a BF tinha ficado de  editá-lo também aqui, em negociação da qual participei, mas, pelo visto, esqueceu do combinado.

@@@@@Música Portuguesa Brasileira

Pierre Aderne trocou o Rio por Lisboa, onde gravou novo disco, “Bem me quer, mar me quer”, e uma série de programas para a TV, “Música Portuguesa Brasileira”, (aqui vai passar no Canal Brasil) na qual promove o encontro de cantores, compositores de Brasil, Portugal e países luso-africanos. O clipe abaixo, que gravou na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, em dueto com Susana Félix, é de uma das canções do CD e um dos exemplos dessas conexões.

@@@@@Nova Orleans-Rio

Divulgação/Jefferson Mello

fotógrafo apaixonado por jazz, o carioca Jefferson Mello já lançou um livro sobre o tema no qual fez uma ronda por clubes do gênero no mundo (de Tóquio a Santiago do Chile, de Nova Orleans a Moscou). Agora, ele se concentra em Nova Orleans, onde  filma para o documentário “Jazz & Samba”, que levanta alguns dos muitos paralelos entre a cidade que é o berço do jazz e o Rio. A foto ao lado, com o trompetista Greg Stafford, é das recentes aventuras em Nola (como os locais chamam a Crescent City, outro dos apelidos da cidade).

 

 

@@@@@Arnaldo Antunes em espanhol

O cineasta espanhol Fernando Trueba, um apaixonado pela música brasileira, idealizou um disco com composições de Arnaldo Antunes em espanhol. O próprio diretor fez as versões e co-produziu (com Alê Siqueira, num estúdio em Salvador) o álbum, que será a estreia da jovem cantora Linda Kremer. Ouvi algumas faixas, há duas semanas, em Miami, no carro de um parceiro de Trueba nessas investidas musicais, Nat Chediak (autor do ótimo livro “Diccionário de Jazz Latino”), e o resultado é curioso, bem pop.

 

@@@@@Bossa no mundo

Divulgação/Marcos Vall

Marcos Valle se apresentou neste fim de semana num festival de jazz no Cazaquistão e agora volta a tocar em Moscou, onde já tinha feito shows no ano passado. Patrícia Alvi, no centro, cantora e mulher de Marcos, tem documentado a aventura e postado no facebook, de onde tirei essa imagem da banda.

O show na capital russa será neste sábado, dia 29,  e é anunciado como ”Marcos Valle and All Stars”, com participações de Roberto Menescal, Paula Morelenbaun, Cristina Braga e Frank Colon (percussionista americano que está vivendo no Rio). No ano que vem, o produtor desse evento, Vartan Tonoian, pretende aumentar ainda mais o elenco, com um festival de bossa nova em Moscou.

 

 

@@@@@Gilvan Nunes expõe em Salvador

Divulgação/Kati Pinto

Já que me referi a artes plásticas em algumas das notas desse imenso poste, fecho com uma, a princípio, sem conexão musical. Mineiro radicado no Rio há quase três décadas, Gilvan Nunes inagura hoje nova exposição individual, na Galeria Paulo Darzé, em Salvador. São enormes telas a óleo, com exuberantes e exóticas criações que remetem à flora e à fauna, como essa na qual ele trabalha em seu ateliê, em foto de Kati Pinto. Workaholic, na semana passada, Gilvan abriu outra individual, na SIM Galeria, em Curitiba; e, há duas semanas, também participou da ArtRio, na Galeria Oscar Cruz, de São Paulo. Enquanto, ao fundo, já é “O céu e o som”, Gal Costa naquele que é um dos seus melhores discos, “Cantar”.

 

PS: Einhorn (e o trem de Strayhorn)

Foto ACM

craque da gaita e de composições, Maurício Einhorn se apresenta em dupla com o pianista Alberto Chimelli, hoje, às 20h, no Teatro Princesa Isabel, na avenida de mesmo nome, número 186, na área de Copacabana vizinha ao Leme que foi fundamental para a música brasileira. Einhorn é autor (com Durval Ferreira, mais eventuais parceiros como Regina Werneck, Bebeto) de músicas que ajudaram a formatar o que ficou conhecido como samba-jazz: “Estamos aí”, “Batida diferente”, “Tristeza de nós dois”, “Sambop”, “Samblues”.

Revi Einhorn no palco em junho passado, na última edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, quando fez uma apresentação arrasadora. Música densa, com balanço e improviso, em repertório que passou por alguns dos clássicos acima e diferentes temas de outros, incluindo, para meu deleite, “Take the A train”, de Billy Strayhorn. Na manhã seguinte, encontrei-o fazendo o check out no hotel e comentamos  sobre como nasceu esse que virou o prefixo da orquestra de Duke Ellington… mas essa é uma história longa (que conheci na biografia de Strayhorn escrita por David Hajdu), e fica pra outro dia… Melhor recuperar uma iPhoto que fiz em junho com Maurício em ação.

 

 

tateando

ter, 25/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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A lista dos indicados à décima-segunda edição do Grammy Latino, divulgada no início da tarde, tem razoável presença brasileira, incluindo nas quatro categorias gerais de Chico Buarque (álbum do ano) a Gaby Amarantos (Revelação). Também em álbum do ano, concorrendo com nuestros hermanos, está o de Ivete, Caetano e Gil (tirado de um especial de TV, cujo DVD é indicado na categoria de “vídeo”).

Outra categoria misturada, “canção alternativa”, tem “Neguinho”, de Caetano, na voz de Gal. Já na de “instrumental” estão dois discos brasileiros, o de Guinga com o Quinteto Villa-Lobos e o novo do quinteto de Hamilton de Holanda; enquanto na “clássico” estão o Quarteto Radamés Gnatalli (“álbum”) e Tim Rescala (“composição”). Moogie Canázio é um dos produtores indicados (por seu trabalho no disco de Jay Vaquer); e, no que é a surpresa dessa edição, domínio brasileiro em “engenharia de gravação”, com quatro dos cinco álbuns indicados. Abaixo, a lista completa dessa categoria:

O Canto Da Sereia: Alexandre Gaiotto, engineer; Alexandre Gaiotto, mastering engineer (Regina Benedetti) [Guaruba Produções]

Liebe Paradiso: Julio Boscher, Walter Costa, Duda Mello, Leonel Pereda & Carlos Toré, engineers; Ricardo Garcia, mastering engineer (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos) [Pimba / Dubas / Universal Music]

Chão: Bruno Giorgi, engineer; Carlos Freitas, mastering engineer (Lenine) [Universal Music/Casa 9]

Brasilianos 3: Madre Música, engineer; André Dias, mastering engineer (Hamilton De Holanda Quinteto) [Adventure Music]

(este, a exceção na categoria) Dear Diz (Every Day I Think Of You): Gregg Field & Don Murray, engineers; Paul Blakemore, mastering engineer (Arturo Sandoval) [Concord Jazz]

Além desses, muitos mais brasileiros nas oito categorias com música em português. No elo abaixo, a página oficial com a listagem completa:

https://www.latingrammy.com/en/winners

Agora é esperar pela nova rodada de votos para daí chegarmos aos vencedores, que serão conhecidos em 15 de novembro, na cerimônia em Las Vegas.

PS: na categoria “infantil”, mais um do Brasil, o novo de Xuxa; e Chico Buarque também foi indicado na de “cantautor”.

@@@@@Bono e investimentos

O líder do U2 foi um dos principais investidores nas ações do Facebook, que, ontem, caíram mais 10%. Nos últimos cinco anos, volta e meia, Bono é notícia devido aos péssimos negócios que faz com sua fortuna. Já que é tão chegado a causas humanitárias, poderia focar em doações, ao invés de ficar perdendo dinheiro nessa roleta financeira.

 

@@@@@O livro de Byrne

Avancei pouco na leitura de “How music works”, apenas o primeiro capítulo, “Creation in reverse”, com um histórico de como o ambiente (das rodas nas aldeias aos teatros, dos bares às arenas) influiu na criação musical e de como as técnicas de gravação mudaram radicalmente a maneira como a música passou a ser consumida…

 

@@@@@Canção do dia

O título, “Carioca da gema”, parecia batido demais, mas, o samba de Telma Tavares, no novo disco da cantora e compositora, “Vela mestiça”, é arrebatador… Nessa faixa, ela divide o vocal com Leci Brandão. E há muito mais no álbum, incluindo sete parcerias de Telma com Roque Ferreira.

 

dever de casa

seg, 24/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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Livro de David Byrne, com a "Mag" ao fundo

Também acaba de chegar “How music works” (McSweeney’s Books), recente livro de David Byrne, o cantor, compositor, guitarrista, produtor, pensador escocês-americano que foi o cérebro dos Talking Heads entre os anos 70 e 80 . Em sua carreira solo, Byrne mostra mais boas ideias do que resultados musicais, mas, por isso mesmo, as ideias e as conexões com artistas de diversas partes do mundo (Brasil no meio, como Margareth Menezes, Caetano, Tom Zé, Mutantes, Bebel Gilberto, Vinicius Cantuária, entre outros, confirmam), sua atuação tem sido importante.

No livro, a partir de sua experiência como artista e produtor, Byrne traça a evolução do negócio da música. Vou mergulhar na leitura (ontem mesmo, vi que a mesa de cabeceira estava sem novidade na pilha) e, dependendo do que encontrar, compartilharei alguns trechos nos próximos dias, semanas…

Servindo de fundo ao livro de DB, a nova edição da revista paulistana “ff>>Mag!”, que é sempre boa de folhear – belos editoriais de moda, alguns artigos bacanas…

Ecos natalinos

seg, 24/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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projeto natalino da ex-EBTG

O formato físico pode estar ameaçado, mas permanece forte entre anglo-americanos a tradição de disco de Natal. É o caso do novo voo solo de Tracey Thorn, ”Tinsel & lights”, com lançamento mundial marcado para o fim de outubro, pelo selo Strange Feeling Records, de seu companheiro (e marido) no duo Everything But The Girl, o compositor, guitarrista, produtor e cantor Ben Watt.

O EBTG foi um dos mais interessantes grupos dos anos 80 e 90, passeando por pop, folk, dance e até algo próxima da bossa nova. Em seus discos solo, um antes da dupla, “A distant shore” (82), e dois após, “Out of the woods”(2001) e “Love and its opposite”(2007), Tracey continuou fazendo boa música. Será que agora resistirá à obviedade que costuma imperar nesses projetos?

Segundo a propaganda da gravadora, são dez covers (de autores como Randy Newman, Joni Mitchell, The White Stripes, Sufjan Stevens e Scritti Politti) e duas composições originais de Tracey. É aguardar e ouvir para saber. Mas, na série discos que vêm por aí, o que mais me fissura é o novo solo de Donald Fagen, “Sunken condos”, também previsto para outubro.

@@@@@a trilha sonora do momento

batuquei com “A/B” ao fundo, novo CD do pianista e compositor pernambucano Vitor Araújo. Instrumental que passeia por clássico, jazz, rock, ritmos regionais. Rodou bem e terá novas audições.

Pará pop

dom, 23/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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Nos dois, três últimos anos, a música regional e pop do Pará tem sido anunciada como a bola da vez. Algum sucesso na grande mídia (leia-se Gaby Amarantos) e prestígio entre formadores de opinião. Para quem quiser conhecer mais sobre o fenômeno, o CD/DVD “Terruá Pará 1″ (Secr. de Est. de Comunicação/Governo do Pará) é uma boa introdução. Dois CDs e um DVD (que recebi por correio, ontem, sábado) com o registro do show coletivo realizado no Auditório Ibirapuera (SP), em março de 2006, e que reuniu veteranos e então novos nomes de guitarradas, tecnobrega, chamegado, enfim, o que por aqui no Sudeste conhecemos como carimbó.  Participam também veteranos que já tinham levado algo desse sotaque à MPB, como Fafá de Belém e o compositor Nilson Chaves.

Como se vê, a atual febre teve um suporte oficial bem arquitetado, com direção geral e produção musical de um hábil articulador entre a cena alternativa e o sistema, o mainstream, o gaúcho Carlos Eduardo Miranda (que conheci como jornalista na revista “Bizz”, no fim dos anos 80, e mais recentemente virou personagem pop como jurado de “Ídolos”, e também do último Multishow que premiou, entre outros, Gaby e seu “Ex-my love”). Ele atua em parceria com Cyz Zamorano (que desconhecia e, após pesquisa na internet, vejo ser DJ pernambucana e também ex-jurada de “Ídolos” e similares).

Assisti ao DVD (mas, agora, sem relação alguma, rola a coletânea “El alma del Peru Negro”, que conferira na época de seu lançamento, há uns 15 anos, e desde então repousava entre os CDs pop internacional, não sei bem por que, eu me interessei pela cultura peruana, aqui filtrada por David Byrne)… Bem, quase duas horas dos ritmos puladinhos do Pará é dose. Mudam os “mestres” de guitarradas e saxofones, mas tudo acaba parecendo show do Gogol Bordello, aquele punk-polka-cigano-aeróbico que soa interessante na primeira música, mas acaba se repetindo e virando tédio por vinte, trinta intermináveis outras. Os caras já começam no auge, é meio como axé, cumbia, salsa… Para piorar, ali no grande Auditório, a sequência soa desafinada, os timbres são óbvios, as melodias, idem. Sim, balançante, previsível e música que pode servir para ótimos momentos de  jams, improvisos, charangas, jazz. No rock dos anos 80, “Alagados”, dos Paralamas, fazia tanto a ponte com a juju music africana quanto com esse pop do Norte/Nordeste, e soou visceral naquele momento. Mas não avançou.

Quanto a Gaby, não me incomoda, é melhor que… Beyoncé. O tecnobrega é o mesmo que a lambada, que teve como rei Beto Barbosa (também do Pará, mas ignorado pelo Terruá, e que voltou à mídia há uns dois anos graças ao comercial na TV), e já era um carimbó mais pop, assim como a da grupo franco-brasileiro Kaoma… Ou a macarena.

O “1″ do título indica que um segundo pacote deve vir por aí  - no ano passado, no mesmo local, um outro concerto, com elenco na sua maioria diferente,  entre novos como Lia Sophia e Felipe Cordeiro e veteranos, entre esses, o violonista virtuose Sebastião Tapajós e o compositor Paulo André Barata, foi realizado -, e, pelo visto, um terceiro também, já que esse primeiro será lançado com o “Terruá Pará 2012″, entre 7 e 9 de outubro, novamente no Auditório Ibirapuera.

No texto de apresentação oficial, assinado pelo secretário de Estado Comunicação do Pará, Ney Messias Jr., encontro a informação de que terruá é uma corruptela da palavra francesa “terroir” (wiki: “O terroir, na ampliação do conceito desenvolvido por geógrafos franceses, é um conjunto de terras sob a ação de uma coletividade social congregada por relações familiares e culturais e por tradições de defesa comum e de solidariedade da exploração de seus produtos”).

@@@@@Lembrança da peça da última sexta

Acabou o passeio pelo Peru Negro e botei “Obligatory Villagers” – este, um dos raros CDs da última década que eventualmente me tirou da opção shuffle em meus players -, mas agora para reouvir sua segunda e jazzística faixa, “Oversure”, que tem longa introdução instrumental, sopros, sinos, cordas, piano, bateria…, antes das vozes da pianista e compositora Nellie McKay e de seu convidado especial, o cantor bebopper Bob Dorough. Na noite desta sexta, para minha surpresa, essa foi a intro musical usada em “Eu quero um milionário” pelo diretor Joaquim Vicente na hilariante nova peça de Luiz Carlos Góes. Ou seja, a abertura já nos botou no clima. Em síntese, é um show de cabaré protagonizado por quatro atrizes e um ator alternando sketches e números musicais, com canções originais e paródias – entre essas, “Emilinha e Marlene” a partir de “Lili Marlene”, que Góes fez com Dussek. Texto, direção e atuação também comentam o ambiente que ocupam, um inferninho em Copacabana, com direito a strip tease de duas das jovens atrizes. Sensso é o nome, na Rua Princesa Isabel 7, quase na Atlântica, e, na hora em que saímos, pouco depois das 21h, a fauna local ainda era pequena.

PS: pretendo conferir a estreia de “The voice”, mas não sei se voltarei aqui hoje…

saideira

sex, 21/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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a ideia, hoje, apesar do temporal que desaba desde o fim da tarde no Rio, é conferir a nova peça de Luiz Carlos Góes, direção de Joaquim Vicente. Aproveito para testar a inclusão de elos pro YouTreco: https://youtu.be/xNPkMDoVV5M

conheci Góes como o letrista de alguns dos clássicos de Eduardo Dussek (da época na qual ainda era com um “s” só) nos anos 80, incluindo “Folia no matagal” e “Olhar brasileiro” – a primeira é uma marchinha pop irresistível, a segunda, um choro-canção apaixonante. Só mais tarde descobri que ele é, principalmente, um dramaturgo e escritor de humor aguçado. Depois, conto algo sobre a experiência noturna, que, pelo clipe de apresentação, tem um quê de Dzi Croquetes.

@@@@@

antes de fechar a tampa, uma rápida geral na semana. A noite acústica do Grammy Latino, segunda, na Miranda, era para celebrar a obra de Toquinho e Milton, com breves apresentações de ambos. O primeiro, em alguns momentos ao lado de uma nova cantora paulistana, abusou de um violão acelerado. O segundo, com dois violonistas/vocalistas de apoio, esbanjou sua musicalidade. O que me lembra do novo musical da dupla Möeller & Botelho, “Nada será como antes”, que continua em cartaz no Net Rio (para os mais rodados, o antigo Teresão, naquele shopping dos antiquários em Copacabana). Fomos na noite para convidados, calorosa como costumam ser. Depois, percebi que dividiu opiniões. Estou (estamos, já que K também gostou) entre os que se emocionaram em muitos momentos. A obra de Milton e sua turma…

mas, voltando à noite do Grammy Latino, o clipe com breves trechos das festas de cerimônia nos EUA beirou o desastre, com quase total ausência de artistas brasileiros. Sim, ainda somos um nicho pequeno ali em meio a nuestros hermanos. Na noite seguinte, assistindo pela TV ao Prêmio Multishow, percebi que, musicalmente, não estamos tão longe assim do pop-salsa-cumbia-etc que impera de Miami a Buenos Aires – o carimbó pop de Gaby Amarantos, por exemplo, tem tudo a ver. Assunto para continuar outra hora. Vou subir sem reler…

sextas

sex, 21/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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no  blogquasediário, tinha como prática postar todas as sextas uma lista do material recebido (quase tudo de divulgação, mais alguns poucos comprados), entre discos, DVDs, eventuais livros…

aproveito a primeira sexta para dar uma limpa na mesa e arredores e testar a ferramenta de subir fotos…

 —”Triz” – André Mehmari, Chico Pinheiro e Sérgio Santos (Buriti): o repertório é dos três, alternando composições solo, em duo ou uma em trio, e vaga por abrangentes campos, sem fronteiras entre MPB e instrumental ou jazz brasileiro.   Há saudáveis ecos de Guinga (no choro-valsa torto, nada previsível, “Sim”, que é a canção de abertura e a que fecha o disco, em versão instrumental, a tal única assinada em trio), Hermeto (em “Zonzo”, mas que segundo os autores, Mehmari e Santos, é “hermetiana com duas pitadas de Ogerman”). Os três dividem a direção e boa parte do instrumental – Mehmari (piano e flautas), Pinheiro (violão, guitarra e voz) e Santos (violão e voz) -, eventualmente reforçados por Edu Ribeiro (bateria), Gabriele Mirabassi (clarinete), Guello (percussão) e Neymar Dias (contrabaixo). Bom de ouvir.

—”Coleção Folha Grandes Vozes” – 25 CDs (Folha de S. Paulo): da coleção, que comprei na íntegra há um mês e recebi pelo correio há uma semana, estão na foto os de Dinah Washington e Anita O’Day. Entre os outros 23,  intérpretes populares que tiveram atuação principalmente entre as décadas de 30 e 60 – há apenas dois ainda vivos, e em atividade, Tony Bennett e Elza Soares. Predominam os americanos do norte – de Frank Sinatra a Billie Holiday, de Fred Astaire a Nina Simone -, mas há também de línguas latinas como Edith Piaf, Mercedes Sosa, Amália Rodrigues, Dalva de Oliveira… Os repertórios nada trazem de novo para quem já conhece (e nem sempre acertam), mas podem servir como introdução. O trunfo da coleção, editada por Carlos Calado, é o livreto biográfico de cada título, assinados por colegas e cobras como o próprio Calado, José Domingos Raffaelli, João Máximo, Moacyr Andrade, Mauro Ferreira, Kiko Ferreira, Tom Cardoso, Arthur de Faria, Mathilda Kóvak, Eliete Negreiros, Rodrigo Faour, Sérgio Karan, Maurício Pereira e esse escriba – a quem coube os de Dinah, Nina Simone e Bing Crosby. Bom de ler e conferir.

—”Bonito” – Daniel Lopes (Coqueiro Verde): numa primeira audição, a canção que fez jus ao título foi “Distância”, parceria do cantor, compositor e guitarrista com o poeta Omar Salomão. O resto ficou naquele pop leve, que não incomoda mas pouco seduz. Tinha comentado no fcbk e Daniel (outra da série internet permite isso), educadamente, pediu nova audição, que rolou e pouco mudou.

—”Mar de meu mundo” – Paula Santoro (Borandá): Paula e o dono do selo Borandá me entregaram esse exemplar em plena festa para Toquinho e Milton Nascimento na Miranda (na noite de segunda, que abriu a série Latin Grammy Acoustic no Brasil), dizendo que ainda não foi distribuído para a imprensa. Bem, não vejo como atrapalhar ao fazer esse registro. O disco é ótimo, MPB com algo de samba-jazz nos arranjos do pianista Rafael Vernet, co-produtor com Paula do disco, gravado e mixado por outro bamba dos estúdios cariocas, Duda Mello. Repertório quase todo novo, quase sempre acertando.

—”Entre amigos” – Denise Pinaud e Kuko Moura (ind.): outro que segue bem nessa praia de MPB contemporânea e autoral (os dois assinam quase todo o repertório, alternando parceiros).

@@@@@

pequena, a cesta básica dessa sexta acabou sendo toda resenhada. O que raramente acontece, na maior parte, apenas boto título, autor e selo (ou editora).

periodicidade…

sex, 21/09/12
por Antônio Carlos Miguel |
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Sobra a pergunta (num dos comentários ao texto de estreia), é quase diário, com uma ou muitas entradas, etc…

Contrariando algumas expectativas, não penso que a música produzida hoje seja pior do que a de outros tempos. O que mudou radicalmente foi a forma como ouvimos, acessamos arquivos sonoros gravados. Estamos falando de uma tecnologia que, contada a partir do fonógrafo de cilindro, completou pouco mais de 130 anos.  Inventado por Thomas Edison em 1877, logo no início da década seguinte se popularizou. Até, a partir de 1989, começar a ser trocado pelo gramofone, num disputa que terminou em 1910, quando as vendas dos discos finalmente superaram as dos cilindros. Por cerca de 120 anos, diferentes formatos físicos se sucederam, a última batalha entre eles foi do a  CD contra o LP. A partir daí, os arquivos digitais  espalhados pela internet bagunçaram as regras do jogo e abriram possibilidades infinitas.

Música ruim sempre existiu. E gosto se discute e pode mudar. Pode ter ficado ruim é para a indústria do disco, que culpa a pirataria, mas foi a principal responsável pelo seu desastre. Tentou barrar a inevitável mudança de hábito que a internet trazia e perdeu. Entre outros, para a Apple, que, graças ao iTunes virou a protagonista principal desse jogo, negócio.

Negócios à parte, para os apaixonados por música esse  é um novo e admirável mundo que não para de se expandir. Gravações que acabam de ser feitas ou registros que datam dos primórdios dessa tecnologia, clássicos ou temas obscuros, ao alcance de todos e transportáveis.

Sim, está tudo pulverizado, efêmero, novos e novíssimos a cada semana, os famosos de 15 minutos previstos por Warhol, mas, ninguém é obrigado a seguir esse ritmo.

Quanto à mediocridade atual, existe coisa mais patética do que esse surto comemorativo do rock brasileiro dos anos 8o? Na boa, não boto pra rodar, mas prefiro Michel Teló a Plebe Rude, ou mesmo Capital Inicial (por mais que isso possa magoar o compositor que salvou a banda nos anos 90, Alvin L.), Barão Vermelho sem Cazuza, Legião idem, Titãs…

 

 



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