Com a queda de Assad, eixo composto por Síria, Irã, Hezbollah e Hamas perde força
Após a queda do ditador Bashar al-Assad na Síria, Israel deu ordens para que seus soldados avançassem para além das Colinas de Golã, o território sírio ocupado por Israel desde a década de 1970, até a zona desmilitarizada entre Golã e o resto da Síria.
Mas a presença de soldados israelenses nessa fronteira com a Síria aumentou rumores de planos de Israel de expandir presença no país vizinho e fez muitos temerem mais instabilidade no Oriente Médio.
Israel entende a queda do ditador da Síria como um efeito de suas ações contra o Irã e seus aliados. Ou seja, não só da violenta campanha contra o Hamas na Faixa de Gaza, mas também dos bombardeios regulares contra a Síria e o Hezbollah, uma milícia libanesa apoiada pelo Irã, e de seus ataques abertos e ações secretas de espionagem contra o próprio regime iraniano.
Essas quatro forças – Irã, Hezbollah, Hamas e a Síria de Assad – constituíam um eixo. Uma rede declaradamente inimiga de Israel e que busca reduzir a influência americana no Oriente Médio. Mas que agora, com a queda de Assad, perde força.
E é nesse contexto que Israel realizou dois movimentos importantes nos últimos dias:
- Um foi o de bombardear instalações militares na Síria, alegando temor de que armas químicas e mísseis possam "cair nas mãos de grupos extremistas".
- Outro movimento, que chamou mais atenção, foi a incursão por terra. As forças israelenses avançaram, pela primeira vez em meio século, para além da zona desmilitarizada --uma "área-tampão" na fronteira entre Israel e Síria, criada após o fim da Guerra dos Seis Dias em 1967.
Soldados israelenses no sul da Síria, em uma imagem retirada de vídeo obtido pela Reuters, em 9 de dezembro de 2024 — Foto: Israel Defense Forces/Handout via REUTERS
Foi nessa guerra que Israel capturou da Síria as Colinas de Golã. Não à toa, aliás, foi para lá que o primeiro-ministro de Israel foi no último domingo, em meio à confusão na Síria. Ele confirmou que Israel ocupou a zona desmilitarizada. Além de ter tomado postos militares abandonados pelas forças de Assad.
Uma "posição defensiva temporária", segundo Benjamin Netanyahu. "Até que um acordo adequado" ocorra. Ou seja, na visão de Israel, tudo está em aberto.
"Se pudermos estabelecer relações de vizinhança e pacíficas com as novas forças que estão surgindo na Síria, esse é o nosso desejo. Mas se não conseguirmos, faremos o que for preciso para defender o Estado de Israel e a fronteira de Israel", disse o premiê israelense.
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