Ex-presidente da Bolívia Evo Morales divulgou vídeo de suposto ataque a tiros no domingo
O ministro do Interior da Bolívia negou, nesta segunda-feira (28), que o ex-presidente, Evo Morales, tenha sido alvo de um atentado.
Segundo Eduardo del Castillo, uma força especial antidrogas da Bolívia realizava uma operação em busca de traficantes de drogas quando policiais sinalizaram para um dos carros do comboio de Morales reduzir a velocidade, mas o motorista ignorou a ordem a ainda atirou contra eles.
"Em vez de reduzir a velocidade, aumentam, sacam armas de fogo (…), disparam tiros de um veículo. (...) Senhor Morales, ninguém acredita no teatro que você armou, mas você terá que responder perante a Justiça boliviana pelo crime de tentativa de assassinato", afirmou Del Castillo, em entrevista coletiva.
Ainda de acordo com o ministro, um policial ficou ferido ao ser atropelado por um dos veículos.
Neste domingo (27), Evo Morales, que ficou na presidência do país entre 2006 e 2019, afirmou que "agentes do Estado" boliviano tentaram assassiná-lo em um ataque a tiros contra seu veículo e que o ataque, que aconteceu no centro de Cochabamba, deixou seu motorista ferido.
"Denuncio de maneira urgente" ante a CIDH "que agentes de elite do Estado Boliviano atentaram contra a minha vida no dia de hoje [domingo]", informou Morales na rede social X, citando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
A declaração ocorreu horas depois de Morales postar o vídeo do suposto atentado e dizer que seu veículo tinha sido atacado com "14 disparos" por homens encapuzados.
Nesta segunda, o ex-presidente boliviano exigiu a demissão de Castillo e do ministro da Defesa:
"Se Luis Arce não deu as ordens para nos matar, ele deve demitir e processar imediatamente seus ministros de Defesa e de Governo, Edmundo Novillo e Eduardo Del Castillo".
Arce respondeu, através da rede social X, que instruiu "uma investigação imediata e minuciosa para esclarecer os fatos".
Ex-presidente da Bolívia, Evo Morales — Foto: Jornal Nacional/Reprodução
No domingo, o vice-ministro de Segurança Pública, Roberto Ríos, disse que as autoridades consideravam a possibilidade de um "autoatentado".
"Como autoridades de Estado, é nossa obrigação investigar qualquer denúncia, seja ela verdade ou mentira, sobre a existência de um autoatentado", declarou Ríos aos jornalistas.
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Investigação contra Morales
O ex-presidente Evo Morales é investigado por suposto abuso de uma menor de idade com quem teve uma filha durante o seu mandato. O Ministério Público anunciou há algumas semanas que emitiria um mandado de prisão contra ele, mas não se pronunciou desde então.
Os partidários de Morales bloquearam várias rodovias do país desde 14 de outubro. Os cortes nas estradas provocam escassez de combustíveis e aumento dos preços de produtos básicos em várias cidades.
Segundo a Administração Boliviana de Estradas, o país tem 16 pontos de bloqueio, a maioria no departamento de Cochabamba, reduto de Morales.
Na sexta-feira (25), mais de 1.700 policiais foram mobilizados para desativar os bloqueios. Nos confrontos, 14 policiais ficaram feridos e 44 pessoas foram detidas, segundo o governo.
Ex-aliados, Arce e Morales estão em uma disputa pela candidatura presidencial governista nas eleições de agosto de 2025, embora apenas o ex-presidente tenha anunciado oficialmente que deseja disputar o pleito.
O Ministério das Relações Exteriores denunciou no sábado em um comunicado que estão em curso "ações desestabilizadoras lideradas por Morales que pretendem interromper a ordem democrática", o que ameaça a estabilidade da Bolívia e da região.
"O Estado da Bolívia faz um apelo à comunidade internacional, aos Estados, aos organismos multilaterais e aos povos do mundo para que permaneçam atentos diante dos acontecimentos", afirmou o ministério.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Produtivo e Economia Plural, os bloqueios já provocaram perdas de quase US$ 1,2 bilhão (6,85 bilhões de reais).