Por g1


Pagers usados pelo Hezbollah explodiram, em 17 de setembro de 2024 — Foto: Reuters

Os explosivos que estavam nos pagers e walkie-talkies de membros do grupo extremista Hezbollah foram implantados nos aparelhos antes de chegarem ao Líbano, segundo o governo libanês.

A informação compõe uma investigação preliminar do Líbano sobre as explosões e foi comunicada à Organização das Nações Unidas (ONU) pela missão libanesa na ONU em carta à qual a agência Reuters teve acesso nesta quinta-feira (19). O Conselho de Segurança do órgão bilateral se reunirá nesta sexta para discutir o caso.

A série de explosões de pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah entre terça (17) e quarta-feira (18) matou 37 pessoas e deixou mais de três mil feridos no Líbano, segundo o Ministério da Saúde libanês.

Na investigação, as autoridades libanesas também determinaram que os pagers e walkie-talkies foram detonados por meio do envio de mensagens eletrônicas para os aparelhos, segundo a carta. A missão do Líbano na ONU também acusou Israel pelo planejamento e execução dos ataques.

"A investigação preliminar mostra que os dispositivos afetados foram manipulados de forma profissional (...) antes de chegarem ao Líbano e sua explosão foi provocada pelo envio de mensagens aos aparelhos", diz a carta da missão do Líbano na ONU.

Sem GPS, os aparelhos 'offline' eram utilizados pelo grupo extremista para fugir do rastreamento israelense. Hezbollah e Israel trocam agressões desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.

A investigação do Líbano vai ao encontro de uma informação revelada pelo jornal americano "The New York Times", de que Israel teria vendido os dispositivos ao Hezbollah por meio de uma empresa de fachada, em um plano de longo prazo executado pelas agências de operações secretas israelenses Mossad e Unidade 8200.

O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou nesta quinta (18) que o grupo extremista tinha mais de 4.000 dispositivos do tipopequenos aparelhos de recebimento de mensagem por texto usados nas décadas de 1980 e 1990 —, mas que nenhum deles pertencia ao alto escalão.

Líbano, Irã e o Hezbollah acusaram Israel pelas explosões, mas o país que ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

O Hezbollah disse nesta quinta (19) que as explosões configuraram uma declaração de guerra por parte de Israel e prometeu vingança. Após as explosões, Israel disse que está movendo tropas para o norte do país e que uma "nova fase da guerra" com foco no grupo libanês está começando.

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Walkie-talkies destruídos após explosões no Líbano, em 18 de setembro de 2024. — Foto: Telegram/Reprodução

Ofensiva de Israel

Imagens mostram a aparente detonação de um 'walkie-talkie' durante um funeral no subúrbio de Beirute, no Líbano, em 18 de setembro de 2024.

Imagens mostram a aparente detonação de um 'walkie-talkie' durante um funeral no subúrbio de Beirute, no Líbano, em 18 de setembro de 2024.

Na quarta-feira, após as explosões, o Ministério da Defesa de Israel afirmou que o foco da guerra está mudando para o norte do país (que faz fronteira com o Líbano, onde o Hezbollah atua) e que vai concentrar tropas na região.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em pronunciamento que vai garantir que moradores do norte de Israel realocados por conta dos conflitos com o Hezbollah, voltariam para casa.

"Eu já disse isso antes, nós retornaremos os cidadãos do norte para suas casas em segurança e é exatamente isso que faremos", disse Netanyahu.

As duas explosões, que ocorreram em um intervalo de 24 horas, aumentaram as tensões na região e repercutiu na Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral da ONU, Antonio Gueterres, condenou o uso de "objetos civis" como arma de guerra, e o governo libanês pediu uma reunião no Conselho de Segurança, que será realizada na sexta-feira (20).

Líbano, Irã e Hezbollah acusaram Israel, que ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. Aliado do Hezbollah, o Irã disse em carta enviada à ONU que Israel violou a soberania do Líbano e prometeu resposta às explosões.

O Hezbollah, grupo extremista fundado no Líbano, tem atacado o norte de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Assim como o Hamas, o Hezbollah é financiado pelo Irã. Nas últimas semanas, as tensões entre o grupo extremista e Israel aumentaram, após um ataque do grupo a cidades israelenses no norte.

Facha de prédio em Beirute pega fogo após explosões de walkie-talkies, em 18 de setembro de 2024. — Foto: Telegram/Reprodução

Momento de explosão de dispositivo no Líbano — Foto: Reprodução

Homem mostra como ficou pager após explosão — Foto: Telegram/Reprodução

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