Por Ricardo Abreu, GloboNews — Brasília


  • O presidente Lula deve ter uma reunião bilateral com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 1º de março, durante a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, em São Vicente e Granadinas

  • A reunião está prevista para ocorrer em um momento de críticas a Maduro por ações que põem em risco o Acordo de Barbados, que prevê eleições transparentes na Venezuela

  • O governo brasileiro também está preocupado com a disputa da Venezula com a Guiana pela região de Essequibo, que faz fronteira com o Brasil

  • Segundo aliados de Lula, o encontro com Maduro servirá como termômetro para saber como está a postura do Palácio de Miraflores frente ao Palácio do Planalto

O presidente Lula (PT) deve ter uma reunião bilateral com o presidente da VenezuelaNicolás Maduro. O encontro deve acontecer em São Vicente e Granadinas, palco da reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a Celac.

Essa será a segunda parada da viagem que o presidente do Brasil fará, a partir de quarta-feira (28), quando irá à Guiana para participar como convidado da cúpula da Comunidade dos Estados do Caribe, a Caricom.

A reunião de Lula e Maduro deve acontecer no mesmo dia da cúpula da Celac, 1º de março, em meio a críticas ao presidente venezuelano por ações que põem em risco o Acordo de Barbados, que prevê eleições transparentes na Venezuela, neste ano.

Presidentes Lula e Maduro durante encontro em Brasília, em maio de 2023. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Na semana passada, pelo menos 12 funcionários de um escritório local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) deixaram a Venezuela, depois que o governo determinou sua saída.

Em visita à Etiópia, Lula foi questionado sobre a medida, e respondeu aos jornalistas que não tinha “as informações do que está acontecendo na Venezuela, [sobre] a briga da Venezuela com a ONU”.

Outros fatores contribuem para a preocupação de Lula quanto ao cumprimento do Acordo de Barbados, segundo relatam assessores do presidente do Brasil. No fim de janeiro, a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, teve a candidatura para as eleições presidenciais barrada pelo Supremo Tribunal.

No início de fevereiro, foi a vez de a ativista Rocío San Miguel ser presa, considerada terrorista e traidora da pátria pelo governo Maduro. Aliada a esses fatores, a disputa pela região de Essequibo, na Guiana, aumenta a tensão e a preocupação do Palácio do Planalto com um canal de influência sobre Caracas.

No fim do ano passado, Lula e Maduro conversaram ao telefone. O presidente brasileiro citou o desconforto com a situação na região que faz fronteira com o Brasil. Agora, na avaliação de aliados do presidente, o encontro com Maduro servirá como termômetro para saber como está a postura do Palácio de Miraflores frente ao Palácio do Planalto.

Antes de viajar para São Vicente e Granadinas e se reunir com Maduro, Lula ouvirá o outro lado da disputa. Ele terá uma reunião com Irfaan Ali, presidente da Guiana. Para além da postura de tentar mediar o conflito, o Brasil também busca ampliar o diálogo com o país vizinho. A descoberta de petróleo transformou a Guiana em um dos países que mais se desenvolvem na América do Sul.

Declarações do presidente Lula

Em maio de 2023, Lula criticou as sanções internacionais impostas ao regime ditatorial comandado por Maduro e afirmou que bloqueios econômicos são piores que a guerra.

O presidente brasileiro recebeu Nicolás Maduro para uma reunião fechada, em Brasília. Em discurso, Lula defendeu Maduro e disse que as acusações de que a Venezuela é uma ditadura fazem parte de uma "narrativa". A declaração repercutiu mal entre presidentes da região.

Em junho passado, Lula voltou a comentar sobre o regime de Maduro. Em entrevista à Rádio Gaúcha, disse que o conceito de democracia "é relativo". Mais tarde, no mesmo dia, Lula mudou o tom e disse gostar da democracia.

"A gente gosta de democracia, a gente gosta de ter gente protestando contra a gente, a gente gosta quando tem greve contra a gente, a gente gosta quando negocia. Nada disso é contra a democracia", declarou Lula.

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