Por g1


Venezuela e Guiana se comprometem a não usar força na disputa por Essequibo

Venezuela e Guiana se comprometem a não usar força na disputa por Essequibo

A Venezuela movimentou tropas, tanques e mísseis perto da Guiana ao mesmo tempo em que os chanceleres dos dois países se reuniram em Brasília em busca de conciliação, aponta reportagem do "Wall Street Journal" nesta sexta-feira (9).

O jornal americano recebeu imagens de satélite feitas em dezembro de 2023 e janeiro de 2024. As fotos foram feitas pela empresa Maxar, encomendada pelo Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.

No dia 25 de janeiro houve um encontro entre os ministros de Relações Exteriores da Guiana e da Venezuela no Palácio do Itamaraty, em Brasília, intermediado pelo governo brasileiro, para que os dois países começassem a retomar a confiança um no outro depois da crise sobre o território de Essequibo, que a Venezuela quer tomar da Guiana.

Na reunião mediada pelo Brasil, os venezuelanos, representados pelo chanceler Yván Gil Pinto, prometeram usar a diplomacia para resolver o conflito. O ministro da Guiana que compareceu à reunião foi Hugh Todd.

O "Wall Street Journal" cita pelo menos três pontos da Venezuela:

  1. Ilha de Anacoco: O jornal afirma que a Venezuela levou veículos blindados e, aparentemente, pequenos tanques para a Ilha de Anacoco, no rio Cuyuni, a metros de distância da fronteira com a Guiana. As imagens também mostram que há construção na ilha, o que pode ser uma expansão de uma base que já existe no local.
  2. Porto de Guiria: Entre 18 e 22 de janeiro, foram levados três barcos de patrulha com mísseis Peykaap III, de fabricação iraniana. Além disso, foram instalados dois sistemas antiaéreos Buk M2E, de fabricação russa.
  3. Ponta Barima: Um pequeno posto da guarda costeira está sendo transformado em uma base naval e aérea.

Outdoor em Lethem, na Guiana, afirmando que Essequibo pertence ao país — Foto: Arquivo Pessoal/Sofia Porto

Entenda a disputa

A disputa na fronteira envolve uma região de 160 mil quilômetros quadrados na Guiana, que é mais de duas vezes maior que o território da Irlanda e é formada, em sua maioria, por floresta.

A Venezuela reativou recentemente sua reivindicação de posse de Essequibo, após grandes reservas de petróleo e de gás terem sido descobertas na costa da região.

Em dezembro, Venezuela e Guiana concordaram em não usar a força ou escalar as tensões, em encontro realizado em São Vicente e Granadinas.

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Brasil também movimenta suas forças

No dia 2 de fevereiro, o Brasil também enviou um comboio de caminhões militares e veículos blindados para a região da fronteira norte do território, com o objetivo de reforçar a presença do Exército no local, em resposta às tensões geradas pela reivindicação venezuelana de Essequibo.

Mais de duas dúzias de blindados chegaram a Manaus por rio, e alguns foram pela estrada para Boa Vista, capital de Roraima, onde a guarnição local será ampliada para 600 soldados, informou o Exército em comunicado.

Os reforços de blindados incluem seis Cascavéis, um carro de seis rodas equipado com um canhão de 37 milímetros; oito Guaranis, um veículo 6x6 de transporte pessoal; e 14 Guaicurus, um blindado leve de quatro rodas e multitarefas, informou o Exército. Os veículos mais pesados foram transportados por caminhões-reboque.

O comandante do Exército, General Tomás Ribeiro Paiva, disse que o esquadrão de Boa Vista será transformado em um regimento com o triplo de equipamentos e homens, sendo que parte ficará na capital e parte será transferido para Paracaima, na fronteira com a Venezuela.

"O papel das força armadas é garantir a nossa soberania", disse o general a repórteres em Manaus. "Acreditamos realmente que a situação está solucionada pacificamente por meios diplomáticos."

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