Na Argentina, o primeiro debate da campanha presidencial se caracterizou por ataques ao favorito das pesquisas e foco na crise econômica
No domingo (22) acontece o primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina e as campanhas terminaram na quarta-feira (18) no país. Os três candidatos com mais chances, Javier Milei, Patricia Bullrich e Sergio Massa , fizeram atos para marcar o fim do período.
Em agosto, aconteceram as primárias, na qual os eleitores escolhem em qual das coligações querem votar. Essa escolha é tida como uma indicação da preferência do eleitorado. Por isso, se diz que Milei ficou em primeiro.
Os resultados dessa primeira votação foram os seguintes:
- Javier Milei, deputado federal de extrema direita, em primeiro, com 29,86%;
- A coligação de Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança de Macri, em segundo com 28%;
- A frente política de Sergio Massa, o atual ministro da Economia, em terceiro com 27,27%.
Na Argentina, as prévias são obrigatórias para todas as coligações, mesmo que haja um único pré-candidato --foi o que ocorreu com Javier Milei, que não enfrentou ninguém nas primárias de seu partido. Já Bullrich e Massa tiveram adversários internos nas primárias.
Milei lotou casa de shows
Javier Milei no encerramento de campanha, em 18 de outubro de 2023 — Foto: Luis Robayo/ AFP
O candidato de extrema direita, Javier Milei, fez um evento em uma casa de shows em Buenos Aires, a Movistar Arena. Cerca de 15 mil pessoas compareceram ao evento. O público levou máscaras do candidato e cartazes que simulavam notas de dólares gigantes com o rosto de Milei.
Milei foi o vencedor das primárias na Argentina, com 29,86% dos votos, e é considerado o favorito para vencer o primeiro turno no domingo.
Nos últimos meses ele fez campanha eleitoral levando uma motosserra para os atos, para simbolizar o corte de gastos governamentais que ele promete. No encerramento de campanha, no entanto, não teve motosserra.
O discurso foi parecido com o dos últimos meses: ele criticou "a casta de políticos ladrões", e voltou a apresentar o mercado como a solução para todos os problemas, inclusive os sociais.
No fim, ele terminou com um de seus slogans: "Viva a liberdade, caralho".
Patricia Bullrich fez campanha com o colega que ela derrotou
Patricia Bullrich em entrevista coletiva, em 14 de outubro de 2023 — Foto: Cristina Sille/Reuters
A candidata da frente Juntos pela Mudança, que representa a direita tradicional na Argentina, passou em três cidades do interior da Argentina: Santa Fe, Lomas de Zamora e Rio Cuarto.
Na terça-feira, ela já havia feito seu encerramento de campanha na cidade de Buenos Aires, onde ela deve ter sua melhor votação.
Nos últimos dias ela se apresentou junto de Horácio Larreta, o prefeito de Buenos Aires. Os dois se enfrentaram nas primárias, e ela venceu.
No fim da campanha, Bullrich afirmou que Larreta será o chefe de seu gabinete, caso ela seja eleita.
Massa: o pior passou
Sergio Massa encerra a campanha na comemoração do Dia da Lealdade, em 17 de outubro de 2023 — Foto: Juan Mabromata/ AFP
Sergio Massa é o ministro da Economia e também o candidato governista à presidência. Ele é um peronista --ou seja, ele se vincula ao movimento político de herdeiros do ex-presidente Juan Domingo Perón.
Os peronistas comemoram o Dia da Lealdade em 17 de outubro --em 1945, nessa data, milhares de trabalhadores conseguiram a libertação de Perón, que estava preso pelo governo da época.
Massa aproveitou a comemoração do Dia da Lealdade para fazer o evento de encerramento de sua campanha. Ele fez o comício em conjunto com o atual governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, que busca a reeleição.
Do lado de fora, havia bandeiras com os rostos dos ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner (agora vice-presidente, que não compareceu ao evento), assim como de Che Guevara e Diego Maradona.
Massa aposta em ir para o segundo turno com Javier Milei.
O candidato governista reivindicou a soberania das Ilhas Malvinas, defendeu a luta pelos direitos humanos e reafirmou o número de 30 mil desaparecidos deixados pela ditadura estimado por organizações humanitárias, todos temas questionados por Milei durante a campanha eleitoral (Milei propôs para as Malvinas uma solução semelhante à de Hong Kong e disse que os desaparecidos foram pouco mais de 8 mil).