Por BBC


O cirugião colombiano Edwin Arrieta foi morto nessa semana — Foto: INSTAGRAM

Atenção: O texto contém detalhes que podem ser considerados perturbadores.

Um crime chocou a população da paradisíaca ilha de Kho Phangan, no sul da Tailândia.

Conhecida mundialmente por sua festa da lua cheia, onde as pessoas dançam até o amanhecer, a ilha agora está nas manchetes em todo o mundo por motivos totalmente diferentes.

O espanhol Daniel Sancho Broncha, de 29 anos, foi preso na semana passada na ilha tailandesa acusado de conexão com a morte e esquartejamento do cirurgião colombiano Edwin Arrieta em um hotel de Koh Phangan.

Ele é acusado de homicídio culposo e premeditado, além de ocultação e remoção de partes do corpo para ocultar cadáver ou a causa da morte.

Filho do renomado ator Rodolfo Sancho, que estrelou a série La Señora, Daniel Sancho trabalha como chef e estava de férias na Tailândia.

Ele se declarou culpado nesta segunda-feira perante um tribunal tailandês pelo assassinato de Edwin Arrieta.

Em declarações à agência de notícias espanhola EFE, Sancho afirmou ter sido "refém" de Arrieta e o acusou de estar obcecado por ele.

"Ele me manteve refém. Era uma gaiola de vidro. Ele me fez destruir meu relacionamento com minha namorada, me obrigou a fazer coisas que eu nunca teria feito", disse.

Mas quem foi Edwin Arrieta e o que se sabe sobre sua relação com Daniel Sancho?

Luto na Colômbia

Daniel Sancho Broncha confessou ter matado colombiano — Foto: REUTERS

Edwin Arrieta Arteaga, 44 anos, nasceu e cresceu em Lorica, município do departamento de Córdoba, no Caribe colombiano. Ele morava no bairro El Recreo, em Montería, capital do departamento.

Como cirurgião, foi membro da Sociedade Colombiana de Cirurgia Plástica, Estética e Reconstrutiva (SCCP).

A irmã o descreveu como uma “pessoa nobre e de coração generoso”, em declarações à rede local de notícias Caracol.

"Ele era um excelente filho, um excelente irmão, tio, amigo. Uma pessoa que gostava de fazer trabalhos de caridade", disse Arrieta, em meio às lágrimas.

“Seu sonho era conhecer o mundo inteiro, por isso Edwin passava o tempo viajando. Minha mãe sempre preocupada e dizia a ele: 'Edwin, pare de voar tanto.'”

Em sua cidade natal, há comoção por causa do assassinato.

"Lorica está abalada com o doloroso episódio da morte do cirurgião Edwin Arrieta Arteaga", escreveu o prefeito da cidade, Jorge Negrete, na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.

Negrete decretou três dias de luto no município, em “consideração pela dor que se apodera dos loriqueros.

Koh Phangan é uma ilha conhecida por sua festa de lua cheia. — Foto: GETTY IMAGES via BBC

Família trabalhadora

Operando principalmente mulheres na Colômbia e no Chile, Arrieta teve uma carreira de sucesso que lhe permitiu reunir dezenas de milhares de seguidores nas redes sociais.

Segundo a imprensa colombiana, ele foi criado por uma “família trabalhadora”. Seu pai, Leobaldo Arrieta, se dedicava a consertar rádios e televisões, enquanto sua mãe, Marcela Arteaga, era professora.

Seu amigo Deibys Palomino garante que seus pais fizeram um grande esforço para criá-lo: "Eles tiraram muitos empregos para lhe enviar comida", acrescentou em declarações ao jornal colombiano El Tiempo.

Edwin Arrieta Arteaga estudou medicina em Barranquilla, antes de continuar seus estudos em Buenos Aires, onde se tornou cirurgião plástico.

Na capital argentina adquiriu também o amor pelo polo.

Depois de terminar seus estudos, ele voltou para sua Colômbia natal e se estabeleceu em Montería, uma cidade não muito longe da casa de seus pais.

De acordo com seu site, ele tratou "pacientes geralmente saudáveis ​​que não se sentem confortáveis ​​com seus corpos".

A história macabra de seu assassinato começou no dia 31 de julho, quando ele chegou à ilha tailandesa para curtir alguns dias com o amigo espanhol Daniel Sancho.

Depois que os amigos passaram vários dias juntos curtindo a gastronomia e os atrativos turísticos de Koh Phangan, o colombiano desapareceu de repente.

Daniel Sancho foi preso sob a acusação de homicídio de seu companheiro de viagem — Foto: REUTERS

Desaparecimento misterioso

Foi o próprio Daniel Sancho quem denunciou o misterioso desaparecimento do amigo às autoridades tailandesas.

Conforme relatado pelo Bangkok Post, os dois jantaram em um restaurante na ilha em 1º de agosto. Pouco depois, o espanhol foi flagrado por câmeras de segurança comprando facas, luvas de borracha, sacos de lixo e utensílios de limpeza em uma loja.

Na quinta-feira, 3 de agosto, a mídia local informou que um coletor de lixo havia encontrado uma pélvis cortada e intestinos humanos escondidos em uma bolsa descartada em um aterro na ilha.

Na sexta-feira, mais restos humanos foram encontrados em um saco plástico no mesmo lixão, com várias peças de roupa.

As novas descobertas levaram os investigadores a questionar Sancho como suspeito naquela mesma sexta-feira.

Daniel Sancho com a polícia tailandesa — Foto: REUTERS

'Sujar o nome do meu irmão'

Sancho afirma que Arrieta decidiu acompanhá-lo na viagem, mas, segundo a polícia tailandesa, Edwin pagou todas as despesas.

Alguns meios de comunicação tailandeses, como o Bangkok Post, noticiaram no fim de semana que os amigos mantinham um relacionamento amoroso e o crime havia sido passional, mas Sancho negou essa versão.

Em suas primeiras declarações à imprensa, Daniel Sancho disse que o colombiano o enganou.

"Ele me fez acreditar que o que ele queria era fazer negócios comigo, colocar dinheiro na empresa da qual sou sócio. Que iríamos fazer coisas juntos, que iríamos ao México, Chile, Colômbia, abrir um restaurante", ele disse.

"Mas era tudo mentira. Ele só queria que eu fosse o namorado dele."

A irmã da vítima, Darling Arrieta, disse ao Caracol Notícias que “é uma tortura” pensar no que aconteceu com seu irmão e no fato de que ele nunca poderá se defender das acusações do assassino.

"Não sabemos se este homem o matou primeiro e depois fez isso com ele, ou se ele fez isso com ele vivo. É algo que nunca saberemos", disse ele.

"Essa pessoa está usando a ausência do meu irmão, que não vai poder se defender, porque está falando muitas coisas, está sujando o nome do meu irmão, mas meu irmão não pode se defender."

Segundo informações da agência Reuters, a polícia confirmou com análise de DNA que os restos mortais eram de Arrieta e acrescentou que tem provas contra Sancho.

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