Entenda os movimentos separatistas na Ucrânia
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta segunda-feira (21) pela TV que reconhece duas regiões separatistas da Ucrânia , Luhansk e Donetsk, como independentes.
- Que regiões Putin reconheceu como independentes?
- Como começou a disputa naquela região?
- Como os conflitos se agravaram nos últimos dias?
- Há um 'pretexto' para invasão russa?
- O que disse o Parlamento russo?
- O que acontece com os civis que vivem por lá?
Rebeldes pró-Rússia comemoram em Donetsk, na Ucrânia, após Putin reconhecer, nesta segunda-feira (21) a independência das regiões separatistas. — Foto: REUTERS/Alexander Ermochenko
1. Que regiões Putin reconheceu como independentes?
O reconhecimento é para as autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk.
Com isso, o processo de paz no leste da Ucrânia, onde um conflito entre forças do governo e separatistas apoiados por Moscou já matou pelo menos 15 mil pessoas, poderá ser minado.
2. Como começou a disputa naquela região?
Rússia e Ucrânia têm relações ruins desde a chegada ao poder em Kiev, em 2014, dos setores pró-Ocidente, após a revolta da praça Maidan, que foi seguida pela anexação da península ucraniana da Crimeia pelos russos e o conflito com os separatistas no leste, na região conhecida como Donbass, onde ficam Donetsk e Luhansk.
A Ucrânia e os ocidentais acusam Moscou de apoiar militarmente os separatistas, algo que a Rússia nega. Moscou chegou a emitir passaportes para centenas de milhares de residentes de Donbass.
Moradores de Donetsk evacuam cidade à medida que aumenta o medo do conflito
Os acordos de paz de Minsk, assinados em fevereiro de 2015, tornaram possível reduzir significativamente os confrontos, mas eles continuam desde então, ainda que em ritmo reduzido. Os acordos preveem a reunificação de ambas as regiões com a Ucrânia, mas com Kiev concedendo ampla autonomia às duas regiões.
"Kiev não está observando os acordos de Minsk. Nossos cidadãos e compatriotas que vivem em Donbass precisam de nossa ajuda e apoio", escreveu Vyacheslav Volodin, presidente da Câmara dos Deputados da Rússia, nas redes sociais, para justificar o pedido de reconhecimento.
Entenda os acordos de Minsk entre russos e ucranianos
Reconhecer Donetsk e Luhansk é um passo significativo que efetivamente encerraria o processo de paz de Minsk, que está no centro das discussões sobre os temores de uma invasão russa do território ucraniano.
3. Como os conflitos se agravaram nos últimos dias?
Em 17 de fevereiro, rebeldes separatistas da região leste da Ucrânia acusaram que as forças do governo ucraniano foram responsáveis por disparos no território dominado.
Os militares ucranianos negam as acusações —eles afirmam que ocorreu justamente o contrário: os rebeldes separatistas atiraram contra as forças ucranianas.
Os militares ucranianos disseram que os separatistas que agem na região leste do país abriram fogo em uma vila e que até mesmo uma escola de jardim de infância foi atingida.
Treinamento voltado para civis em Mariupol, na região de Donetsk, Ucrânia , neste domingo (13) — Foto: Vadim Ghirda/AP
4. Há um 'pretexto' para invasão russa?
A aparente escalada na violência levou os EUA, o Reino Unido e a Otan a afirmarem que a Rússia pode estar preparando o terreno para uma invasão iminente.
O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, levantou a possibilidade de uma "operação de bandeira falsa" em seu discurso no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
5. O que disse o Parlamento russo?
Se aprovado, o movimento da Duma pode inflamar ainda mais o impasse sobre uma escalada militar russa perto da Ucrânia que tem alimentado temores do Ocidente de que Moscou possa invadir. A Rússia nega qualquer plano de invasão e acusa o Ocidente de histeria.
Tropas ucranianas se deslocam por posições de combate na região separatista de Donetsk — Foto: Oleksandr Klymenko/Reuters
6. O que acontece com os civis que vivem por lá?
O líder da região de Donetsk, que se autoproclama uma república, anunciou que está retirando civis do território e os levando para a Rússia, país vizinho e aliado.
O ministro ucraniano da Defesa foi ao Parlamento do país e disse que o governo não tem a intenção de executar ofensivas contra os territórios separatistas do leste do país ou da península anexada da Crimeia.
Moradores de Donetsk, na Ucrânia, deixam território e se deslocam para a Rússia