Cinco anos após o início da Primavera Árabe, a Tunísia conseguiu sua transição democrática, apesar da ameça jihadista, enquanto os outros países afundaram na guerra, repressão ou caos.
Saiba o que aconteceu com o país e outras nações envolvidas na Primavera Árabe:
Tunísia
Em 17 de dezembro de 2010, a imolação de um jovem vendedor ambulante, exasperado com a pobreza e a perseguição da polícia, desencadeou uma revolta popular, que levou em 14 de janeiro de 2011 à queda do regime de Zine El Abidine Ben Ali.
Depois de um ano marcado por crises, a Tunísia aprovou uma nova Constituição em 2014 e organizou eleições legislativas, vencidas pelo partido anti-islâmico Nidaa Tunes, à frente dos islamistas do Ennahda, maioria até então.
Em dezembro, Beji Caid Essebsi foi eleito presidente por sufrágio universal.
Mas o processo de democratização é ainda frágil frente a ameaça jihadista no país, atingido em 2015 por três grandes ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Síria
A Síria está devastada por quase cinco anos de conflito, que deixou mais de 250.000 mortos e levou ao êxodo milhões de pessoas.
Um movimento de contestação iniciou em 15 de março de 2011, com protestos pacíficos pedindo reformas. Mas, brutalmente reprimido, ele se transformou em uma insurreição armada contra o regime, antes de degenerar em uma guerra, com a entrada em ação, a partir de 2012, de armas pesadas, incluindo bombardeiros do exército.
Em 2013-2014, os grupos rebeldes foram ofuscados pelo surgimento de grupos jihadistas como a Frente al-Nusra, ramo da Al-Qaeda, e posteriormente do EI, que combatem o regime e os insurgentes.
Uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos bombardeia o EI desde setembro de 2014. E desde o final de setembro de 2015, a Rússia está envolvida militarmente em apoio ao regime de Bashar al-Assad.
Egito
Após 18 dias de revolta popular (quase 850 mortos), Hosni Mubarak deixou o poder em fevereiro de 2011.
Em junho de 2012, Mohamed Morsi, candidato da Irmandade Muçulmana, se tornou o primeiro presidente democraticamente eleito a governar o país.
Mas depois de um ano marcado pela crise e uma contestação política, Morsi foi derrubado pelo exército liderado por Abdel Fattah al-Sissi.
A Irmandade Muçulmana passou a ser alvo de uma repressão implacável. Mais de 1.400 manifestantes pró-Morsi foram mortos, mais de 15.000 presos, e centenas, como Morsi, condenados à morte.
Em junho de 2014, Sissi, acusado de querer fechar o parêntese democrático, foi proclamado vencedor da eleição presidencial.
Além disso, o Parlamento recém-eleito (final de outubro e início de dezembro de 2015) passou a seu total controle.
Líbia
Em 20 de outubro de 2011, Muammar Khaddafi foi morto em Sirte, 360 km a leste de Trípoli. Ele enfrentou durante vários meses uma revolta, que se transformou em um conflito armado e que levou à queda de Trípoli em agosto, graças ao apoio decisivo de uma operação da Otan.
O país, de estrutura tribal, foi dividido e está sob o controle de milícias rivais, formadas principalmente por ex-rebeldes.
Em agosto de 2014, Trípoli caiu nas mãos de milícias islâmicas, algumas das quais instauraram uma autoridade rival à reconhecida pela comunidade internacional, forçada a fugir para o leste, em Tobruk.
Aproveitando-se da crise política e da insegurança, o EI criou raízes no país.
E o caos da Líbia tem favorecido a passagem de milhares de migrantes que tentam chegar às costas europeias.
Iêmen
Em fevereiro de 2012, Ali Abdallah Saleh foi forçado a deixar o poder após um ano de contestação, e seu vice-presidente, Abd Rabbo Mansour Hadi, o sucedeu.
Em 2014, os rebeldes xiitas huthis lançaram uma ofensiva, que lhes permitiu tomar grandes áreas, incluindo a capital Sanaa.
Em março de 2015, a Arábia Saudita assumiu a liderança de uma coalizão sunita para ajudar o poder a deter o avanço dos huthis.
O conflito fez desde então cerca de 6.000 mortos.
A Al-Qaida, já ativa no sul do país, expandiu a sua influência, enquanto o EI aumentou seus ataques nos últimos meses.
Bahrein
Dirigido pela dinastia sunita dos Al-Khalifa, o Bahreïn é palco de manifestações esporádicas desde a repressão de um movimento desencadeado em 2011 pelos opositores da maioria xiita e que reclamam reformas políticas.