O Papa Francisco nomeou oficialmente neste sábado (22) 19 novos cardeais em um consistório realizado na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Entre eles está o brasileiro Dom Orani Tempesta, agora cardeal arcebispo do Rio de Janeiro.
Os novos cardeais receberam das mãos do Papa um anel, símbolo do novo compromisso universal com a Igreja, e o solidéu cardinalício, vermelho como o sangue dos mártires que deram a vida para defender a fé.
Os novos purpurados vestiam os trajes solenes vermelhos litúrgicos e estavam emocionados, em particular os seis latino-americanos, região de Francisco e que abriga metade dos católicos no mundo, mas que possui uma representação pequena na hierarquia da Igreja.
Os cardeais também receberam o título de uma igreja de Roma. A designada para Dom Orani foi a Igreja de Santa Maria Mãe da Providência. O brasão dele será colocado na igreja, além de uma foto.
O título das igrejas de Roma é uma tradição do início do papado, quando os cardeais, principais colaboradores do Papa, eram párocos de Igrejas da capital italiana. Com a expansão da Igreja e a criação de cardeais de todo o mundo, permaneceu a tradição, e cada um deles ganha o título de uma paróquia. O título é principalmente formal – os párocos de cada uma das Igrejas continuam sendo responsáveis pela administração local.
A cerimônia, que teve duas horas, uma das mais solenes da Igreja, contou com a presença de do papa emérito Bento XVI , de 86 anos, que retornou à basílica de São Pedro pela primeira vez para um ato público.
"A igreja precisa de nós para que sejamos homens de paz e construamos a paz", afirmou o papa aos novos cardeais, antes de pedir que tenham "valor" e "compaixão" ante "a dor e o sofrimento de tantos países do mundo".
Os novos cardeais são dos seguintes países, além do Brasil: Itália, Alemanha, Reino Unido, Nicarágua, Canadá, Costa do Marfim, Argentina, Coreia do Sul, Chile, Burkina Faso, Filipinas, Haiti, Espanha e Santa Lúcia.
Dos 19 anunciados, 16 têm menos de 80 anos e poderão votar no Conclave que elegerá o sucessor do atual Papa.
Após o fim da cerimônia, Dom Orani receberá cumprimentos na Aula Paulo VI, no Vaticano. Ele deve receber os convidados que foram até o Vaticano para sua posse, entre eles a presidente Dilma Rousseff.
Bento XVI
O Papa Emérito Bento XVI participou da cerimônia. Bento XVI cumprimentou Francisco, foi bastante requisitado pelas cardeais e foi homenageado pelos presentes no início da cerimônia.
A presença do papa emérito no consistório não era esperada e foi uma surpresa. É a primeira vez que ele aparece em um evento público desde que renunciou em fevereiro de 2013.
Durante seu discurso na cerimônia, o Papa Francisco falou sobre a luta contra a discriminação, sobre as guerras do mundo, e disse que a principal função dos bispos é a oração.
O último consistório para a criação de cardeais remonta a novembro de 2012.
O então Papa e hoje Papa Emérito Bento XVI promoveu seis prelados não europeus, para corrigir a tendência manifestada nove meses antes com a criação de 12 cardeais europeus com menos de 80 anos de um total de 18.
Leia a relação dos novos cardeais eleitores anunciados pelo Papa neste domingo:
1 – Mons. Pietro Parolin, arcebispo titular de Acquapendente, Itália, secretário de Estado.
2 – Mons. Lorenzo Baldisseri, arcebispo titular de Diocleziana, Itália, secretário geral do Sínodo dos Bispos.
3 - Mons. Gerhard Ludwig Műller, arcebispo-bispo emérito de Regensburg, Alemanha, prefeito da congregação da doutrina da fé.
4 – Mons. Beniamino Stella, arcebispo titular de Midila, Itália, prefeito da Congregação para o Clero.
5 – Mons. Vincent Nichols, arcebispo de Westminster, Grã-Bretanha.
6 – Mons. Leopoldo José Brenes Solórzano, arcebispo de Manágua, na Nicarágua.
7 – Mons. Gérald Cyprien Lacroix, arcebispo de Québec, no Canadá.
8 – Mons. Jean-Pierre Kutwa, arcebispo de Abidjan, na Costa do Marfim.
9 – Mons. Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, Brasil.
10 – Mons. Gualtiero Bassetti, arcebispo de Perugia-Città della Pieve, Itália.
11 – Mons. Mario Aurelio Poli, arcebispo de Buenos Aires, na Argentina.
12 – Mons. Andrew Yeom Soo jung, arcebispo de Seul, na Coreia do Sul.
13 – Mons. Ricardo Ezzati Andrello, aecebispo de Santiago do Chile.
14 – Mons. Philippe Nakellentuba Ouédraogo, arcebispo de Ouagadougou, Burkina Faso.
15 – Mons. Orlando B. Quevedo, arcebispo de Cotabato, nas Filipinas.
16 – Mons. Chibly Langlois, bispo de Les Cayes, no Haiti.
Os três não-eleitores são:
1 – Mons. Loris Francesco Capovilla, arcebispo titular de Mesembria, Itália.
2 – Mons. Fernando Sebastián Aguilar, arcebispo emérito de Pamplona, Espanha.
3 – Mons. Kelvin Edward Felix, arcebispo emérito de Castries, Santa Lúcia.
Consistório
O pontífice argentino reuniu nesta quinta (20) e sexta-feira (21) cardeais do mundo inteiro em um consistório para "debater o tema da família".
Francisco pediu que eles sejam "inteligentes, corajosos e amorosos" ao discutirem temas familiares delicados, como contracepção, coabitação, divórcio e relações homossexuais.
Em sua fala ao "consistório extraordinário", como é chamada essa reunião dos cardeais, o pontífice disse que os líderes da Igreja devem "buscar aprofundar a teologia da família e discernir as práticas pastorais que a nossa atual situação exige".
122 eleitores
Considerados os "senadores" ou "príncipes" da Igreja Católica, os cardeais têm a função de auxiliar o Papa em suas decisões, assumindo por vezes cargos na Cúria Romana, a aministração da Igreja.
Eles também participam, até completarem 80 anos, do Conclave, reunião secreta cujo objetivo é escolher um novo Papa quando o pontífice que está no cargo morre ou renuncia.
Com as nomeações, o número de cardeais eleitores passará a 122, superando o máximo de 120 que participa de um Conclave, mas dez deles completarão 80 anos em 2014.
O conclave no qual Francisco foi eleito Papa, em 13 de março do ano passado, era formado por 69 cardeais da Europa, 19 das Américas, 11 da África e 10 da Ásia.
A presença de nomes de países em desenvolvimento reforça a tendência, demonstrada por Francisco, de fazer um pontificado mais voltado aos pobres.
Atualmente, o Brasil tem 9 cardeais, segundo o site do Vaticano.
São quatro eleitores (Dom Raymundo Damasceno Assis, Dom João Braz de Aviz, Dom Cláudio Hummes e Dom Odilo Pedro Scherer) e cinco não-eleitores (Dom Geraldo Majella Agnelo, Dom Serafim Fernandes de Araújo, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom José Freire Falcão e Dom Eusébio Oscar Scheid.