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Por Sandra Cohen

Especializada em temas internacionais, foi repórter, correspondente e editora de Mundo em 'O Globo'


Palestinas choram pela morte de parentes em ataque israelense na Faixa de Gaza — Foto: AP Photo/Abdel Kareem Hana

7 de outubro de 2023. O dia sombrio que transformou radicalmente o Oriente Médio está longe de terminar.

De tragédia em tragédia, esta data sublinha 1.200 vidas perdidas no maior massacre do Hamas em solo israelense, cerca de 42 mil palestinos que sucumbiram em Gaza, 101 reféns mantidos no enclave e milhares de deslocados no Norte de Israel, na Faixa de Gaza e no Líbano.

Um ano depois, o governo liderado por Benjamin Netanyahu ainda busca a vitória total contra Hamas, Hezbollah e Irã, para superar o horror e a vergonha de ter sido surpreendido pelo inimigo em seu próprio território.

O objetivo soa um tanto quanto fantasioso, embora nas últimas semanas Israel tenha reforçado a sua superioridade militar na região conflagrada. Desestabilizou a cadeia de comando do Hezbollah, embrenhou-se numa incursão terrestre pelo sul do Líbano e enfrentou um segundo ataque de mísseis do Irã, sem maiores consequências.

Mas a que preço? Conforme resumiu Jack Khoury, colunista do jornal “Haaretz”, a força, por si só, não mudará a realidade do Oriente Médio: “Israel pode restaurar sua dissuasão e esmagar Gaza e o Líbano. O mundo continuaria a se surpreender com a profundidade da penetração da inteligência de Israel e seu alcance em Beirute, Damasco, Iêmen, Tul Karm, Jenin e até Teerã. Mas, no final das contas, muita força custará a Israel sua sanidade”, escreveu em artigo publicado pelo jornal israelense.

Israel lembra o primeiro aniversário dos ataques terroristas do Hamas

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A equação de poder no Oriente Médio mudou no último ano, assinala o colunista David Ignatius, do “Washington Post”: Israel está em alta, o Irã está em baixa, e os países árabes moderados parecem estar contentes, mas esses resultados foram comprados com sangue, dia a dia, afirma.

O mundo assistiu à agonia de civis e a violações flagrantes do direito humanitário. As linhas vermelhas foram eliminadas; precedentes históricos renovaram-se; o governo Biden exibiu o fracasso retumbante, ao tentar mediar um cessar-fogo, repetidamente torpedeado por Netanyahu e sua coalizão radical.

A guerra multifrontal de Israel inclui Irã, Líbano, Gaza, Iêmen, Síria e Iraque, mas o governo de Netanyahu não parece ter um plano para sair desta espiral. O Hamas parece exaurido, mas não desapareceu. O Hezbollah mostra-se debilitado, mas ainda opera, com lançamentos de foguetes e drones no Norte e na região central de Tel Aviv.

Extremistas em todas as frentes ditam as regras deste pesadelo sem fim, em que as maiores vítimas são os civis.

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