Mato Grosso enfrente calor e seca severa — Foto: Reprodução/TVCA
Um levantamento de secas e impactos no Brasil, divulgado pelo Governo Federal na terça-feira (3), revelou que Mato Grosso tem 24 municípios na lista de cidades com condição de seca extrema. A projeção para setembro alerta para o agravamento da seca em diversas regiões do Brasil, com destaque para Mato Grosso, que deve expandir a condição para 73 municípios.
A pesquisa considerou os 200 municípios brasileiros que mais se destacaram pelo Índice Integrado de Seca (ISS) com relação ao mês de julho e agosto. Na análise, os cinco estados que mais se destacaram foram:
- São Paulo, com 82 municípios;
- Minas Gerais, com 52;
- Mato Grosso, com 24;
- Goiás, com 12;
- Mato Grosso do Sul, com 8.
De acordo com o Governo Federal, o mês de agosto de 2024 indicou uma diminuição no número de municípios com seca severa comparado com o mês de julho. No entanto, a situação ainda é considerada crítica, principalmente em Mato Grosso que ,somente em agosto, registrou mais de 28 mil focos de incêndios e foi o estado do Brasil que mais queimou desde janeiro deste ano.
Os municípios que estão com estado mais alarmante são: Santa Isabel do Rio Negro (AM), que enfrente seca extrema há 12 meses, Canápolis (MG) e Apiacás (MT), que registra focos de queimadas há 10 meses.
Outras regiões
Além disso, o Amazonas, Mato Grosso do Sul, Goiás e a Bacia do Rio Paraná devem ser locais com persistência de seca, variando de severa a extrema. A situação, segundo o Governo, “exige atenção e ações preventivas para minimizar os impactos socioeconômicos e ambientais, sobretudo em relação ao maior risco de propagação do fogo”.
Segundo os dados do IIS de agosto, 45 terras indígenas estão com seca extrema, mais do que em julho, enquanto 16 estão com seca severa. A maioria dessas terras são localizadas nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Em agosto, 963 municípios tiveram pelo menos 80% das áreas agrícolas afetadas pela seca. A situação é especialmente preocupante para as pastagens, que podem ficar de baixa qualidade devido à seca prolongada, impactando a pecuária na região.
Equipes enfrentam dificuldades para combater incêndios em Mato Grosso
🚒Queimadas
Somente em agosto, foram contabilizados mais de 13,6 mil focos, superando os números somados de janeiro a julho deste ano.
🔎 De acordo com o Inpe, o número de focos de incêndio registrados no período de 1º a 30 de agosto de 2024 foi o maior índice para este mês nos últimos dez anos no estado (veja no gráfico mais abaixo). O cenário se combina com uma estiagem severa, que também atinge outras partes do país na que já é maior seca da história, segundo o Cemaden.
Na última sexta (30), o governo de Mato Grosso declarou situação de emergência no estado devido à seca e aos incêndios florestais que atingem diversas regiões do estado, especialmente o Pantanal.
De acordo com o levantamento do BDQueimadas, agosto também foi o 5° mês, neste ano, que Mato Grosso liderou a lista de estados com mais focos de incêndio. Dois brigadistas morreram, nos dias 22 e 26 de agosto, combatendo incêndios no estado.
1,6 milhão de hectares devastados pelo fogo
Com o alto índice de queimadas, Mato Grosso teve, somente no mês de agosto, mais de 1,6 milhão de hectares atingidos e devastados pelo fogo, segundo uma análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base nas pesquisas da Administração Nacional dos Estados Unidos de Aeronáutica e Espaço (Nasa).
No entanto, o acumulado do ano todo foi de aproximadamente 3 milhões de área atingida em todo o estado mato-grossense.
Em números, a Amazônia também é o bioma que mais queimou durante todo o ano em Mato Grosso. No entanto, especialistas afirmam que o bioma mais crítico é o Pantanal, pois as queimadas na área são difíceis de serem combatidas e se espalham muito rápido, podendo queimar uma grande área em pouco tempo.
Mato Grosso é o estado que mais queimou no Brasil em 2024 — Foto: Arte g1
Na última sexta-feira, dois focos de incêndio de grandes proporções atingiram a região da Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, que é um destino turístico muito procurado no estado por causa das belezas naturais. Cerca de 10 mil hectares já queimaram nessa área.
O incêndio também se espalhou pelo Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e, com o avanço, o mirante do Morro São Jerônimo foi fechado para visitação. A situação só foi amenizada quando bombeiros e brigadistas foram distribuídos para combater as chamas na região;
Territórios atingidos
A Terra Indígena Capoto Jarina, no Parque Nacional do Xingu, a 692 km de Cuiabá tem sido uma das regiões mais atingidas com o fogo descontrolado. Um relatório divulgado pelo Instituto Raoni mostrou que a região tem cerca de 635 mil hectares e que somente 42 brigadistas estavam atuando no combate ao fogo.
Por outro lado, no Cerrado, especificamente no município de Itiquira, a 359 km de Cuiabá, os moradores andam cada vez mais amedrontados devido às queimadas registradas na cidade. Um exemplo disso foi quando um incêndio de grandes propoções atingiu um canavial e deixou a região coberta por fumaça.
Já no Pantanal, a situação ganha ainda mais destaque por causa dos impactos negativos que o fogo tem causado na vida dos moradores locais e dos animais silvestres, que estão morrendo em meio à seca severa. A região da Reserva Particular do Patrimônio Natural do Sesc Pantanal, em Barão de Melgaço, a 121 km de Cuiabá, foi atingida por uma queimada e teve parte da vegetação devastada.
Queimadas devastam o Pantanal mato-grossense — Foto: Amanda Perobelli/Reuters