Prints mostram grupo de estudantes combinando um ato com pessoas armadas em Cuiabá — Foto: Cedida
Um grupo de estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi denunciado ao Ministério Público Federal pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), nesta quinta-feira (20), por organizar uma manifestação e incentivar que os participantes estejam armados durante o ato. A instituição também acionou a Polícia Federal como medida preventiva.
As conversas ocorreram em um aplicativo de mensagens em um grupo de alunos que se autodenominam "conversadores" e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição. Nas imagens, um dos integrantes do grupo afirma que os participantes deveriam "agir como Jesus Cristo".
“Vamos nos mobilizar na UFMT na praça do restaurante universitário, cantar hino nacional, fazer uma oração e uma caminhada até a Avenida Fernando Côrrea, pacificamente. Posso chamar os docentes pela liberdade, tem no mínimo uns 15 professores, os técnicos, a imprensa e a polícia. E quem tive armado [sic], vá, pois eles podem nos atacar”, afirma uma das mensagens.
UFMT, campus de Pontal do Araguaia. — Foto: UFMT/Divulgação
O diretório encaminhou denúncia ao MPF com os prints das conversas e da possível ameaça de uso de armas na manifestação. (Veja nota do MPF na íntegra ao final da reportagem).
Procurada, a UFMT informou, em nota, que acionou a Polícia Federal para resguardar a segurança dos alunos e salientou a defesa da liberdade de expressão no campus.
"A UFMT preza pelos princípios constitucionais. A liberdade de expressão é o vetor máximo da democracia e deve ser resguardada e defendida. A fim de resguardar a comunidade universitária e de forma preventiva, a instituição informou à Polícia Federal sobre tais fatos veiculados nas redes sociais", disse.
Ao g1, a pró-reitora de assistência estudantil da Universidade, professora Lisiane Pereira de Jesus, disse que ficou preocupada com a possibilidade de violência dentro do campus.
“Embora a UFMT seja um espaço democrático para qualquer partido, a universidade coíbe e refuta qualquer manifestação de cunho violento e nos preocupamos com a segurança dos nossos estudantes”, destacou.
Segundo ela, o espaço universitário preza pela liberdade de expressão e manifestação, o que não dá margem para atos violentos.
“A universidade é um local democrático e todos têm direito de se manifestar politicamente. Tanto é que nessa semana teve um movimento estudantil e foi tudo tranquilo. No entanto, o que nos preocupou nesse print da conversa foi que comentaram que vão organizar um movimento e quem puder vir armado, vá, porque eles podem nos agredir”, disse.
Nota do MPF
O Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF/MT) informa que recebeu uma denúncia relativa a possível realização de uma manifestação estudantil armada no campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por parte de apoiadores de determinado candidato à presidência da República. De acordo com a denúncia, o convite que circulou em grupos de WhatsApp, chamando os estudantes e professores para a manifestação, também incitava para que aqueles que possuíssem armas, as levassem no ato. Diante dos fatos denunciados, o MPF/MT instaurou um procedimento para investigar a situação pois, o direito de reunião é garantido, desde que de forma pacífica e sem armas (artigo 5º, inciso XVI, da Constituição da República).