05/09/2012 17h10 - Atualizado em 05/09/2012 18h55

Reconstituição da morte de primo de Bruno confirma versão de suspeitos

Casal está preso temporariamente em Belo Horizonte.
Em reconstituição, homem indicou onde descartou arma usada no crime.

Do G1 MG

Sérgio Rosa Sales (Foto: Pedro Triginelli/G1)Sérgio Rosa Sales (Foto: Pedro Triginelli/G1)

A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (5) que a reconstituição da morte do primo do goleiro Bruno, Sérgio Rosa Sales, confirmou a versão dada em depoimento pelo casal suspeito do crime. O assassinato foi reconstituído durante a manhã com a participação de Denilza Cezário da Silva, de 30 anos, e o amante dela, Alexandre de Oliveira, de 28. Ainda segundo a assessoria da polícia, a autoria por motivo passional já está definida, mas a investigação não foi encerrada, pois a arma do crime ainda não foi localizada.

Detalhes sobre as circunstâncias do assassinato foram revelados na tarde desta terça-feira (4) pelo delegado Alexandre Campbel. Ele confirmou que o casal se apresentou à Corregedoria de Polícia Civil no dia anterior após identificação feita pela polícia. O nome do advogado que acompanhou os suspeitos não foi divulgado. Segundo o delegado, a mulher relatou à polícia que Sales "fez gracejos" para ela no dia 21 de agosto, próximo ao local onde o primo do goleiro Bruno morava. Ela contou o ocorrido para o amante e, no dia seguinte, os dois foram, em uma moto, até as proximidades da casa da vítima. Denilza desceu do veículo e continuou o caminho sozinha. O amante a acompanhou de longe.

Alexandre e Denilza, suspeitos de matar Sérgio Rosa Sales, durante reconstituição (Foto: Pedro Triginelli/G1)Alexandre e Denilza, suspeitos de matar Sérgio Rosa Sales, durante reconstituição (Foto: Pedro Triginelli/G1)

Ainda segundo o delegado, Sales repetiu os “gracejos” e, a partir deste momento, Oliveira se aproximou. Logo em seguida, ele deu os primeiros disparos contra Sales, que tentou fugir. Houve perseguição até que o primo de Bruno tentasse pular um muro, momento em que o amante efetuou os outros disparos. Segundo Campbel, o casal não conhecia o primo do goleiro Bruno e, tampouco, sabia do envolvimento dele com o caso Eliza Samudio.

Nesta quarta-feira (5), a reconstituição começou na casa da mulher suspeita, no bairro Aarão Reis, também na Região Norte da capital. Os investigadores refizeram o trajeto de Denilza. Segundo a polícia, ela levou Oliveira até a casa de Sales, no bairro Minaslândia.

Durante a encenação, a suspeita contou que, no dia anterior ao crime, ela foi "cantada" próximo à sua casa. Denilza relatou aos policiais que, ao voltar do trabalho, Sales disse que a esperaria no mesmo local, no dia seguinte [do crime]. Segundo o delgado, ela contou que pediu ao amante que a acompanhasse até o supermercado, onde o primo de Bruno disse que estaria, e Oliveira ficou observando de longe. Ainda segundo a descrição da mulher, Sales tentou abraçá-la e o amante "partiu para cima" dele. Denilza ressaltou que depois disso foi trabalhar.

Posteriormente, a polícia acompanhou a descrição e encenação feitas por Oliveira. Segundo a polícia, ele contou que descartou a arma em uma caixa de papelão na rua, próximo a um supermercado no bairro onde o crime aconteceu. A polícia não informou onde a arma teria sido conseguida. O laudo da reconstituição vai ser anexado ao inquérito; o prazo para ficar pronto é de até 30 dias.

Sérgio Rosa Sales era considerado testemunha-chave no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio. Ele era um dos oito réus na ação, e foi morto no dia 22 de agosto, no bairro Minaslândia, na Região Norte de Belo Horizonte. Eliza, ex-namorada do goleiro, foi morta, segundo a polícia, em junho de 2010. O corpo dela nunca foi encontrado.

O suspeito do assassinato tem passagens pela polícia por tráfico de drogas. Denilza é casada, tem quatro filhos, é trabalhadora e não tinha passagem pela polícia. O caso entre eles teria começado há seis meses. Os dois vão responder por homicídio qualificado, segundo o delegado. A moto que foi usada no crime e os capacetes dos dois suspeitos foram apreendidos. Os dois cumprem prisão temporária.

Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus foram pronunciados a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado.

Após um relacionamento com o goleiro Bruno, Eliza deu à luz um menino em fevereiro de 2010. Ela alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.

O goleiro e o amigo Luiz Henrique Romão vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A Justiça havia atribuído as mesmas acusações a Sérgio Rosa Sales, mas ele respondia o processo em liberdade desde 2008. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Na fase de inquérito sobre o desaparecimento e morte de Eliza, Sales e outro primo do goleiro Bruno – Jorge Luiz Rosa, 19 anos – contribuíram com informações à polícia. Segundo a investigação, eles estiveram com Eliza no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG). Atualmente, Rosa cumpre medida socioeducativa, pois foi apreendido quando ainda era adolescente.
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.

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