A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (5) que a reconstituição da morte do primo do goleiro Bruno, Sérgio Rosa Sales, confirmou a versão dada em depoimento pelo casal suspeito do crime. O assassinato foi reconstituído durante a manhã com a participação de Denilza Cezário da Silva, de 30 anos, e o amante dela, Alexandre de Oliveira, de 28. Ainda segundo a assessoria da polícia, a autoria por motivo passional já está definida, mas a investigação não foi encerrada, pois a arma do crime ainda não foi localizada.
Detalhes sobre as circunstâncias do assassinato foram revelados na tarde desta terça-feira (4) pelo delegado Alexandre Campbel. Ele confirmou que o casal se apresentou à Corregedoria de Polícia Civil no dia anterior após identificação feita pela polícia. O nome do advogado que acompanhou os suspeitos não foi divulgado. Segundo o delegado, a mulher relatou à polícia que Sales "fez gracejos" para ela no dia 21 de agosto, próximo ao local onde o primo do goleiro Bruno morava. Ela contou o ocorrido para o amante e, no dia seguinte, os dois foram, em uma moto, até as proximidades da casa da vítima. Denilza desceu do veículo e continuou o caminho sozinha. O amante a acompanhou de longe.
Ainda segundo o delegado, Sales repetiu os “gracejos” e, a partir deste momento, Oliveira se aproximou. Logo em seguida, ele deu os primeiros disparos contra Sales, que tentou fugir. Houve perseguição até que o primo de Bruno tentasse pular um muro, momento em que o amante efetuou os outros disparos. Segundo Campbel, o casal não conhecia o primo do goleiro Bruno e, tampouco, sabia do envolvimento dele com o caso Eliza Samudio.
- Polícia faz reconstituição da morte de primo do goleiro Bruno em BH
- Polícia confirma prisão de casal suspeito de matar primo de Bruno
- Polícia descarta relação de morte de Sérgio Sales com caso Eliza Samudio
- PM apura se grupo preso participou de morte de primo de Bruno
- É cedo para fazer conexão entre morte de Sérgio e caso Eliza, diz MP
- 'Bruno está muito chocado com a morte do Sérgio', diz advogado
- 'Ele foi executado', diz delegado sobre morte de primo do goleiro Bruno
Nesta quarta-feira (5), a reconstituição começou na casa da mulher suspeita, no bairro Aarão Reis, também na Região Norte da capital. Os investigadores refizeram o trajeto de Denilza. Segundo a polícia, ela levou Oliveira até a casa de Sales, no bairro Minaslândia.
Durante a encenação, a suspeita contou que, no dia anterior ao crime, ela foi "cantada" próximo à sua casa. Denilza relatou aos policiais que, ao voltar do trabalho, Sales disse que a esperaria no mesmo local, no dia seguinte [do crime]. Segundo o delgado, ela contou que pediu ao amante que a acompanhasse até o supermercado, onde o primo de Bruno disse que estaria, e Oliveira ficou observando de longe. Ainda segundo a descrição da mulher, Sales tentou abraçá-la e o amante "partiu para cima" dele. Denilza ressaltou que depois disso foi trabalhar.
Posteriormente, a polícia acompanhou a descrição e encenação feitas por Oliveira. Segundo a polícia, ele contou que descartou a arma em uma caixa de papelão na rua, próximo a um supermercado no bairro onde o crime aconteceu. A polícia não informou onde a arma teria sido conseguida. O laudo da reconstituição vai ser anexado ao inquérito; o prazo para ficar pronto é de até 30 dias.
Sérgio Rosa Sales era considerado testemunha-chave no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio. Ele era um dos oito réus na ação, e foi morto no dia 22 de agosto, no bairro Minaslândia, na Região Norte de Belo Horizonte. Eliza, ex-namorada do goleiro, foi morta, segundo a polícia, em junho de 2010. O corpo dela nunca foi encontrado.
O suspeito do assassinato tem passagens pela polícia por tráfico de drogas. Denilza é casada, tem quatro filhos, é trabalhadora e não tinha passagem pela polícia. O caso entre eles teria começado há seis meses. Os dois vão responder por homicídio qualificado, segundo o delegado. A moto que foi usada no crime e os capacetes dos dois suspeitos foram apreendidos. Os dois cumprem prisão temporária.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus foram pronunciados a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado.
Após um relacionamento com o goleiro Bruno, Eliza deu à luz um menino em fevereiro de 2010. Ela alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.
O goleiro e o amigo Luiz Henrique Romão vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A Justiça havia atribuído as mesmas acusações a Sérgio Rosa Sales, mas ele respondia o processo em liberdade desde 2008. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Na fase de inquérito sobre o desaparecimento e morte de Eliza, Sales e outro primo do goleiro Bruno – Jorge Luiz Rosa, 19 anos – contribuíram com informações à polícia. Segundo a investigação, eles estiveram com Eliza no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG). Atualmente, Rosa cumpre medida socioeducativa, pois foi apreendido quando ainda era adolescente.
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.
Para ler mais notícias do G1 Minas Gerais, clique em g1.globo.com/mg. Siga também o G1 Minas Gerais no Twitter e por RSS.