25/08/2012 20h07 - Atualizado em 28/08/2012 11h59

Polícia investiga ameaça recebida no celular de Sérgio, primo de Bruno

Sérgio Rosa Sales teria sido ameaçado há dois meses, segundo a polícia.
Conteúdo e remetente da mensagem não foram divulgados.

Do G1 MG

Sérgio Rosa Sales (Foto: Pedro Triginelli/G1)Sérgio Rosa Sales era réu do processo que apura a
morte de Eliza Samudio (Foto: Pedro Triginelli/G1)

O delegado Frederico Abelha informou neste sábado (25), por meio da assessoria da Polícia Civil de Minas Gerais, que vai apurar uma ameaça recebida no celular de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno Fernandes. Segundo a polícia, ele teria recebido a mensagem há dois meses. A polícia não divulgou o conteúdo da mensagem, nem informou o remetente para evitar prejuízos às investigações. Sales tinha 24 anos e foi executado com seis tiros, nesta quarta-feira (22), no bairro Minaslândia, na Região Norte de Belo Horizonte. Assim como o jogador, Sérgio era réu no processo que investiga o desaparecimento e a morte de Eliza Samudio.

Na noite desta sexta-feira (24), Marco Antônio Siqueira, o advogado responsável pela defesa de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno Fernandes, afirmou em entrevista que desconhecia qualquer ameaça ao cliente. "[Sérgio] nunca falou nada a respeito disso", disse. Siqueira contou ainda que, após ser solto, o ex-cliente tinha acompanhamento psicológico e nunca relatou ter sido coagido. "[Sérgio] nunca falou sobre esta questão. Muito ao contrário. [Ele] vinha estudando, vinha trabalhando quando lhe era possível", disse. "[Sérgio] nunca mencionou nada, nenhuma questão que pudesse atormentá-lo em face deste acontecimento, deste episódio do caso Bruno", acrescentou Siqueira.

O advogado disse também que desconhece qualquer motivação que pudesse levar ao assassinato de Sérgio. "Jamais. Não sei e até nem pretendo saber. Acho que isso aí é responsabilidade da polícia, a Polícia Civil de Minas Gerais. E eu quero, de certa forma até me manter distante porque a morte dele foi uma surpresa muito grande pra mim. Eu sofri com isto também. Cabe à polícia a última palavra", falou o defensor. "Eu tinha muita confiança nele [Sérgio]. Sempre o considerei como uma testemunha muito privilegiada dos fatos. Ele viu e ouviu parte dos acontecimentos, mas ele jamais teve participação", comentou Siqueira.

Nesta sexta-feira (24), o delegado Frederico Abelha, que investiga a morte de Sérgio, informou que parentes dele disseram em depoimento que o primo de Bruno vinha sofrendo ameaças. O pai da vítima chegou a dizer momentos após o crime que o filho não tinha inimigos. "Ele não estava sendo ameaçado, ele era amigo de todo mundo", afirmou Carlos Alberto Sales.

Marco Antônio Siqueira também disse nesta sexta-feira (24) que não acompanhou o depoimento da família do ex-cliente. "No momento, a família não precisa de advogado", falou. "Eu considero que a minha participação como advogado no caso Bruno se encerrou no momento da morte do Sérgio", completou.

Perguntado sobre a informação de que também teria sido ameaçado, o ex-advogado de Sérgio negou. "Muito pelo contrário. Muitas divergências surgiram muito provavelmente provocadas pelo ciúme. Por eu fazer parte de um bloco defensivo", disse.

Investigações
A Polícia Civil informou neste sábado (25) que considera que sete homens presos nesta sexta-feira (24) podem ter ligação com o crime. O grupo foi detido por tráfico de drogas, após uma denúncia anônima. Segundo a Polícia Militar (PM), uma segunda denúncia, recebida depois de o grupo ser detido, informava que suspeitos teriam envolvimento com a morte de Sérgio Rosa Sales.

Segundo um soldado que participou da ocorrência, no local onde o grupo foi preso, havia uma moto vermelha, e um dos sete suspeitos confirmou ser o dono do veículo. De acordo com o militar, o executor de Sérgio também foi visto em uma motocicleta da mesma cor. Ainda segundo o PM, o grupo detido teria uma rivalidade com uma quadrilha do bairro Minaslândia, local onde morava Sales.

O delegado Frederico Abelha disse na noite desta sexta-feira (24) que a informação sobre uma possível briga envolvendo o jovem, em uma partida de futebol um dia antes do crime, não procede. Nesta quinta (23), Frederico Abelha afirmou que todas as possíveis motivações do assassinato estão sendo investigadas, inclusive queima de arquivo.

O goleiro Bruno recebeu a notícia da morte do primo com tristeza, segundo o advogado, Francisco Simin. "Bruno está muito chocado com a morte do Sérgio”, disse o defensor ao G1.

Movimentação dos policiais no local onde o corpo foi encontrado. (Foto: Pedro Triginelli/G1)Movimentação dos policiais no local onde o corpo de Sérgio foi encontrado. (Foto: Pedro Triginelli/G1)

O crime
Sales foi executado com seis tiros nesta quarta-feira (22) no bairro Minaslândia, na Região Norte de Belo Horizonte. De acordo com a polícia, ele foi perseguido por dois homens em uma moto, quando saía para o trabalho. O Ministério Público Estadual informou nesta quinta-feira (23) que ainda é muito cedo para falar sobre o assassinato de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno Fernandes. Sales era um dos réus no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Ainda segundo o MP, é preciso aguardar a fase de investigação policial do assassinato, antes de fazer alguma conexão com o caso Eliza. Ainda segundo o MP, caso se descubra alguma ligação com o caso Eliza, o júri pode ser influenciado.

Caso Eliza Samudio
Com o assassinato, as acusações contra Sales no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio se tornam sem efeito, isto é, são extintas, segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Na fase de inquérito sobre o desaparecimento e morte de Eliza, Sales e outro primo do goleiro Bruno – Jorge Luiz Rosa, 19 anos – contribuíram com informações à polícia. Segundo a investigação, eles estiveram com Eliza no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG), em 2010. Atualmente, Rosa cumpre medida socioeducativa, pois foi apreendido quando ainda era adolescente.

Sales ganhou liberdade no dia 10 de agosto de 2011, quando a Justiça decidiu pela soltura provisória do réu. De acordo com o desembargador Doorgal Andrada, Sales não apresentava capacidade de influenciar testemunhas, não tinha poder aquisitivo e colaborava com as investigações. À época, o advogado de Sales, Marco Antônio Siqueira, disse que sempre esperou que seu cliente fosse solto. Para ele, o primo do goleiro era uma testemunha do crime.

O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus foram pronunciados a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado.

Após um relacionamento com o goleiro Bruno, Eliza deu à luz um menino em fevereiro de 2010. Ela alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.

O goleiro e o amigo Luiz Henrique Romão vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A Justiça havia atribuído as mesmas acusações a Sérgio Rosa Sales, mas ele respondia o processo em liberdade. Ele foi encontrado morto no dia 22 de agosto de 2012. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.

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