08/11/2010 13h10 - Atualizado em 08/11/2010 22h22

Carta de Dayanne diz que plano era matar também filho de Eliza Samudio

Carta foi escrita por Dayanne, mulher de Bruno.
Advogado de Macarrão desqualificou conteúdo.

Pedro TriginelliDo G1 MG

Na audiência para ouvir réus no processo que investiga o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, nesta segunda-feira (8), a promotoria apresentou uma carta enviada pela mulher do goleiro Bruno, Dayanne Souza. Na carta, Dayanne diz que em conversa com Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro, ele teria dito que o objetivo de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, era matar Eliza e o filho. A carta foi lida pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues e Dayanne confirmou o teor e o envio.

Dayanne SouzaDayanne Souza chegando ao Fórum de Contagem
(Foto: Pedro Triginelli/G1)

No texto, Dayanne afirma ainda que cuidar do bebê foi “a decisão errada mais certa que ela já tomou” e que, no começo das investigações, Macarrão teria dito para ela negar à polícia a existência da criança. Dayanne foi presa em junho deste ano depois de tentar esconder o filho de Eliza Samudio. Em depoimentos anteriores, ela já confessou que cuidou do bebê. Segundo o inquérito, ela tomou conta da criança a pedido de Macarrão. A carta teria sido escrita logo após a prisão de Dayanne.

Um dos advogados de Macarrão disse ao G1 que a carta não pode ser anexada aos autos. “Essa carta foi apresentada como surpresa no processo. A prova precisa ser conhecida pelos advogados para que eles exerçam o contraditório e a ampla defesa”, disse Wasley César de Vasconcelos.

O advogado acredita que Dayanne foi orientada a escrever a carta. “Com certeza foi orientação de algum advogado. Ela transfere toda a responsabilidade para o meu cliente, seria uma autodefesa”. Ele afirmou ainda que a defesa dos réus mantém como principal argumento “a falta de materialidade do crime, pela inexistência do corpo de Eliza”.

Também nesta segunda-feira (8), Dayanne afirmou à juíza que, no sítio do goleiro Bruno no dia 9 de junho, perguntou a Eliza se ela tinha sido agredida, pois estava com o dedo inchado. Segundo Dayanne, Eliza respondeu que tinha machucado o dedo na porta. A acusada disse ainda que não discutiu em nenhum momento com Eliza e que, na ocasião, a modelo teria dito que estava no sítio para “resolver algumas coisas” com Bruno.

Antes de começar a interrogar a ré, foi lido o primeiro depoimento prestado por Dayanne à polícia no dia 16 de julho. Após a leitura, ela confirmou que cuidou do bebê, mas que não sabia sobre o paradeiro de Eliza. Ela disse ainda que, logo depois da polícia começar a investigar o caso, Bruno convocou uma reunião de família e chorando muito anunciou que seria preso. Segundo Dayanne, o goleiro teria dito à família que não sabia onde estava Eliza Samudio.

A promotoria fez nova intervenção e questionou Dayanne sobre tortura. Ao promotor Gustavo Fantini, ela disse que sofreu pressão psicológica dos delegados da Polícia Civil, mas que deu o depoimento por vontade própria. Ela disse ainda que as delegadas Ana Maria e Alessandra Wilke afirmaram ter em mão uma suposta carta anônima que a incriminava.

O G1 tentou entrar em contato com advogado de Dayanne até às 13h desta segunda-feira (8).

Entenda o caso
O goleiro Bruno é réu no processo que investiga a morte de Eliza Samudio. A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia do Ministério Público contra Bruno e outros oito envolvidos no desaparecimento e morte de Eliza. Fernanda Gomes de Castro, namorada de Bruno, foi presa em Minas Gerais.

O goleiro; Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Sérgio Rosa Sales; Dayanne Souza; Elenilson Vítor da Silva; Flávio Caetano; Wemerson Marques; e Fernanda Gomes de Castro respondem na Justiça por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor. Marcos Aparecido dos Santos é o único que responderá por dois crimes. Ele foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Todos os acusados negam o crime. As penas podem ultrapassar 30 anos.

A pedido do Ministério Público, a Justiça decretou a prisão preventiva de todos os acusados. Com essa medida, eles devem permanecer na cadeia até o fim do julgamento. Em 2009, Eliza teve um relacionamento com o goleiro Bruno, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010 e, agora, está com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.
 

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