julgamento em Contagem (Foto: Pedro Triginelli/G1)
A juíza Marixa Fabiane Lopes iniciou, nesta quarta-feira (28), o júri popular dos dois últimos réus do caso Eliza Samudio. A sessão começou às 9h10, no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Elenilson da Silva e Wemerson Marques – o Coxinha – são acusados de sequestro e cárcere privado do filho da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. O Ministério Público será representado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro. A previsão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) é de que o julgamento dure dois dias. Cinco mulheres e dois homens compõem o júri.
"A expectativa, desde o início, é a mesma. Nós esperamos a absolvição", disse o advogado de Coxinha, Paulo Sávio Guimarães. Ainda segundo o defensor, Coxinha apenas acatou uma ordem de Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno, que à época era patroa dele. "Obedecendo a uma ordem de Dayanne, sua patroa, ele [Wemerson Marques] pegou a criança e a entregou aos cuidados de uma babá".
O reú também disse estar confiante. "Confio em Deus e na Justiça", disse Coxinha, ao chegar ao fórum.
O advogado de Elenilson, Frederico Franco, negou a participação do cliente no sequestro e cárcere privado da criança. "O Elenilson era um caseiro. Nâo participou de nada. Ele desconhecia o sequestro. Ele não desconfiou de nada", falou.
Júri
O júri popular tem com as alegações preliminares, segue com o sorteio dos jurados, as oitivas de testemunhas e autoridades policiais e na sequência ocorrem os interrogatórios dos réus, segundo a Justiça.
Depois disso, vem a fase dos debates, que deve durar nove horas: acusação e defesa terão duas horas e meia cada uma. Para a réplica, o MP terá mais duas horas; para a tréplica, a defesa terá duas horas.
Além dos réus, devem ser ouvidos o primo de Bruno Jorge Luiz Lisboa Rosa, a psicóloga Renata Garcia Costa, o policial Sirlan Versiani Guimarães, o ex-caseiro João Batista Alves Guimarães, o detento Jailson Alves de Oliveira, Tayara Júlia Dimas, Célia Aparecida Rosa Sales, o delegado Júlio Wilke e o vereador Edson Moreira, que na época do crime era delegado e chefiou as investigações.
Elenilson da Silva e Wemerson Marques respondem ao processo em liberdade.
Condenados
O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio e pela ocultação do cadáver da ex-amante do goleiro Bruno. A pena, lida pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes na noite do dia 27 de abril, determina 19 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio e mais três anos de prisão em regime aberto pela ocultação do cadáver.
(Foto: Renata Caldeira / TJMG)
Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. A pena é de 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.
Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos de prisão - pena mínima por homicídio qualificado em razão de sua confissão. Conforme a sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, Macarrão foi condenado a 12 anos em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) e mais três anos em regime aberto por sequestro e cárcere privado. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro, foi condenada a 5 anos de prisão dois crimes de sequestro e cárcere privado, de Eliza Samudio e de seu filho, Bruninho, condenada à pena de 2 anos e 3 anos respectivamente, ambas em regime aberto.
O caso
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Em março deste ano, Bruno foi considerado culpado pelo homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado da jovem. A ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, foi julgada na mesma ocasião, mas foi inocentada pelo conselho de sentença. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, já haviam sido condenados em novembro de 2012.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão.
Enfrentarão júri ainda Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. O julgamento, marcado inicialmente para 15 de maio, foi remarcado para 28 de agosto. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).
Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.