29/04/2013 15h02 - Atualizado em 29/04/2013 15h02

‘Deu uma gravata nela’, chora Bruno ao admitir morte de Eliza Samudio

Em imagens inéditas, atleta afirmou que poderia ter evitado o assassinato.
Bola foi condenado no último sábado; goleiro pegou 22 anos e 3 meses.

Do G1 MG, com informações do Fantástico

“O rapaz pediu que Macarrão amarrasse a mão dela pra frente, e deu uma gravata nela, enforcou”, chorou Bruno Fernandes ao admitir pela primeira vez a morte da ex-amante, Eliza Samudio. As imagens inéditas do interrogatório do goleiro, no último dia 6 de março, foram divulgadas neste domingo (28) pelo “Fantástico”. As declarações foram fundamentais no desfecho do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos – o Bola –, que terminou na noite deste sábado (27). Segundo o goleiro, o homem que teria enforcado Eliza foi o ex-policial.

(Acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio.)

Bola foi condenado a 22 anos de prisão por matar Eliza Samudio e ocultar o corpo dela. O atleta foi condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.

Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno, foram condenados pela participação nas ações que resultaram na morte da ex-amante do jogador.

Durante todo o julgamento, Marcos Aparecido disse que era inocente, que foi preso injustamente e que “jamais mataria alguém”. Mas a participação dele no crime já havia sido relatada naquele mesmo fórum, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Ao ser perguntado pela juíza Marixa Fabiene Lopes Rodrigues se a ex-amante seria executada, Bruno respondeu: “eu não sabia, eu não mandei, Excelência, mas eu aceitei”.

Eliza Samudio brigava na Justiça pelo reconhecimento de paternidade e pensão alimentícia para o filho que teve com o goleiro.

Segundo as investigações, em 4 de junho de 2010, o então braço direito de Bruno, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e um primo do goleiro, Jorge Luiz Rosa, menor de idade na época, pegaram Eliza e o filho em um hotel, no Rio de Janeiro. A perícia encontrou sangue dela no carro. Teria sido uma briga com o menor. Bruno revelou que viu os ferimentos.

“Estava com hematomas no rosto, Excelência. Excelência, ela não estava sangrando, mas estava machucado sim senhora na cabeça”, disse o goleiro.

Bruno afirmou que, depois, Eliza e o filho, Bruninho, foram levados para Minas Gerais. Ela ficou cinco dias no sítio do jogador, mas ele  negou que ela estivesse como refém. Disse que deu R$ 30 mil a Eliza e que, no dia 10 de junho, ela saiu de carro com o filho, Macarrão e Jorge. E que os dois voltaram apenas com a criança.

O jogador chorou ao contar: “Perguntei para eles: ‘Poxa, cadê a Eliza? Pelo amor de Deus, o que vocês fizeram com ela?’ Nesse momento o Macarrão falou assim: ‘Eu resolvi o problema. O tal problema que tanto te atormentava’”.

Bruno disse que ficou desesperado: “Chorei muito com medo de tudo que aconteceu. Falei com ele: ‘Macarrão, pelo amor de Deus, cara, o que você fez? Por que você fez isso? Não tinha necessidade, não, cara’”.

Segundo ele, o primo Jorge contou o que aconteceu: “Eles teriam ido a uma casa na região de Vespasiano e lá entregou a Eliza para um rapaz chamado Neném”. Bruno revelou que o rapaz era o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos.

A polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Bola, em uma chácara dele e no sítio de Bruno, mas não encontrou vestígios do corpo. Os julgamentos dos três acusados do assassinato chegaram ao fim sem que os restos mortais de Eliza Samudio fossem encontrados.

Sentença de Bola
O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio e pela ocultação do cadáver da ex-amante do goleiro Bruno. A pena determina 19 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio e mais três anos de prisão em regime aberto pela ocultação do cadáver. A sentença foi lida pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, que presidiu o júri, na noite deste sábado. O júri popular, formado por sete moradores de Contagem, onde foi realizado o julgamento, decidiu pela condenação depois de seis dias.

Este foi o julgamento mais longo do caso Eliza Samudio. O goleiro Bruno Fernandes, o amigo dele, Luiz Henrique Romão - o Macarrão -, e a ex-namorada do atleta Fernanda Castro já foram condenados no caso.

O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio e de ocultar o corpo dela, disse durante seu interrogatório que "jamais" mataria algúem, muito menos receberia por isso. A declaração foi dada na manhã deste sábado (27). Bola respondeu às perguntas da juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, do promotor Henry Wagner e do advogado Ércio Quaresma. Ele negou, nesta primeira parte, que tenha matado Eliza Samudio, e disse que está preso injustamente há três anos.

'Queria a absolvição'
O advogado Ércio Quaresma afirmou ao G1 neste domingo (28) que o pedido de anulação do júri de Marcos Aparecido dos Santos – o Bola – foi motivado pela ausência de provas contra o ex-policial. De acordo com o defensor, a apelação tem como base o fato de a decisão ter sido “manifestada sem base nos autos”. Quaresma questiona ainda a pena fixada ao cliente. “Eu não vejo lógica em um homicídio duplamente qualificado ter a pena de um triplificado”, disse citandos as condenações dos réus Luiz Henrique Romão – o Macarrão – e Bruno Fernandes, e ainda outros casos semelhantes.

O recurso foi entregue à juíza Marixa Fabiane Lopes após a leitura da sentença, ainda no plenário, no fim da noite deste sábado (27). O advogado disse que "satisfação não há. Ele queria a absolvição", se referindo ao sentimento do cliente diante do resultado do julgamento.

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