05/03/2013 13h11 - Atualizado em 05/03/2013 15h31

Veja o que disseram testemunhas no júri de goleiro Bruno e de ex-mulher

De 15 testemunhas previstas, três falaram e uma teve depoimento lido.
As outras testemunhas foram dispensadas pela defesa e pela juíza Marixa.

Rosanne D'AgostinoDo G1, em Contagem (MG)

Os depoimentos das testemunhas no júri popular do goleiro Bruno Fernandes e da ex-mulher Dayanne Rodrigues foram concluídos nesta terça-feira (5), segundo dia de julgamento. Das 15 testemunhas previstas inicialmente para falar no júri (conheça todas as testemunhas), apenas três deram depoimento no Fórum de Contagem (MG): João Batista Guimarães, Célia Aparecida Rosa Sales e Ana Maria dos Santos. Além delas, Renata Garcia teve depoimento lido. As demais testemunhas foram dispensadas pela defesa e pela juíza Marixa Fabiane.

(Acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio, com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações, em tempo real, de dentro e de fora do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Conheça os réus, entenda o júri popular, relembre os momentos marcantes e acesse reportagens, fotos e infográfico sobre o crime envolvendo o goleiro Bruno.)

Nesta terça-feira, falaram João Batista Guimarães, que acompanhou o depoimento do motorista Cleiton Gonçalves no inquérito, e Célia Aparecida Rosa Sales, irmã de Sérgio Rosa Sales, réu no processo morto em agosto de 2012.  Na segunda-feira (4), falou Ana Maria dos Santos, delegada que ouviu o então adolescente Jorge Lisboa Rosa, que delatou Bruno.

Outra testemunha da Promotoria, Renata Garcia, advogada que acompanhou o depoimento do então menor Jorge, que delatou Bruno à polícia, foi ouvida por carta precatória (à distância) e seu depoimento foi lido no plenário na terça-feira.

Bruno responde pela morte e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado do filho que teve com a jovem. A ex-mulher Dayanne Rodrigues responde pelo crime de sequestro e cárcere privado da criança.

Veja abaixo os principais pontos dos depoimentos das testemunhas que falaram no júri.

ATUALIZADO Arte estática Caso Eliza Samúdio (Foto: arte)

Célia Aparecida Rosa Sales
Célia Aparecida, prima do goleiro Bruno, disse nesta terça-feira, no seu depoimento como testemunha do júri popular, que a ex-mulher do atleta Dayanne Rodrigues, pediu para que ela entregasse o bebê Bruninho para Wemerson Marques, o Coxinha.

Célia, arrolada como testemunha pela defesa de Dayanne, disse em depoimento anterior que.ajudou a entregar o bebê Bruninho, que estava com Dayanne, a Coxinha. O fato teria ocorrido  no dia 18 de junho de 2010, após a morte de Eliza, segundo o Ministério Público.

Célia também disse nesta terça-feira (5) no plenário que não perguntou a Dayanne por que ela pediu para entregar a criança a Coxinha.

O promotor Henry Castro perguntou, durante o júri, se ela não achava estranho uma criança bem tratada ser entregue em uma BR no meio da noite para um "marmanjo". Célia disse que não sabia informar o motivo.

Célia Aparecida é irmã do réu assassinado Sérgio Rosa Sales. Ela também havia sido arrolada pela defesa de Bruno, mas foi dispensada.

Célia estava no sítio de Bruno no período em que a polícia acredita que ela tenha sido mantida sob cárcere privado

A testemunha diz que que Bruno e Dayanne tratavam Eliza "super bem".

Célia disse que viu Eliza no sítio e conversou muito com ela. Segundo Célia, Eliza dizia que a mãe não tinha a criado.

Ainda segundo Célia, Eliza disse que se contasse as "coisas pesadas" que sabia de Bruno, a vida dele iria "acabar".

Em determinado dia, diz Célia, Macarrão disse que "estava na hora de ir". Entraram no carro ele, o primo de Bruno então menor Jorge Luiz e Eliza. E elas ficaram no sítio, inclusive Dayanne.

Depois, relatou a testemunha, Macarrão e Jorge retornaram para sítio. "Chegaram com o neném", disse. Segundo ela, Macarrão afirmou que Eliza voltaria para pegar Bruninho.

Célia afirmou que o bebê ficou com Dayanne porque os demais precisavam viajar. Segundo ela, a criança não foi maltratada. "Cuidou como se fosse dela", diz sobre Dayanne.

Célia também afirmou que Bruno era um pai presente e exigente para os filhos de Dayanne. Ela disse que Macarrão tomava conta das coisas do Bruno.

05/03/2013 - Célia Sales, prima de Bruno, é a 2ª testemunha a falar nesta terça-feira (5) (Foto: Léo Aragão/G1)05/03/2013 - Célia Sales, prima de Bruno, é a 2ª testemunha a falar nesta terça-feira (5) (Foto: Leo Aragão/G1)

João Batista Guimarães
Em depoimento curto João Batista Guimarães, que acompanhou o depoimento do motorista Cleiton Gonçalves no inquérito, falou por cerca de 15 minutos na terça-feira (5).

A juíza Marixa leu depoimento anterior dado por João Batista no processo para questioná-lo se ele mantinha o que disse.

João Batista afirmou que Cleiton estava "muito seguro" no inquérito. Cleiton, motorista de Bruno, sofreu duas tentativas de homicídio em agosto do ano passado, dias depois que outra testemunha do processo, o primo do goleiro Sérgio Rosa Sales foi morto a tiros. Nesta segunda, ele chegou a ir ao Fórum para prestar depoimento como testemunha. Mas ele já havia sido substituído, e não foi avisado.

João Batista também afirmou que, quando Cleiton prestou depoimento sobre a morte de Eliza Samudio, não estava algemado. O depoimento de João Batista foi encerrado sem nenhuma pergunta da defesa.

Renata Garcia(depoimento lido no júri)
Renata Garcia, testemunha de acusação, já foi ouvida em outro local por meio de um instrumento chamado carta precatória, usado caso a pessoa esteja fora da comarca (município) do caso.

O depoimento foi lido na terça-feira para que os jurados soubessem seu conteúdo. Em curto depoimento, a assistente social disse que o menor prestou depoimento em condições tranquilas.

No depoimento, a assistente social afirma que acompanhou o depoimento do então menor Jorge, que delatou Bruno à polícia e que achou muito importante ele ter tido a companhia da família para falar.

Ana Maria Santos
A única testemunha ouvida na segunda-feira foi a delegada Ana Maria Santos, que atuou na investigação da morte de Eliza Samudio. Testemunha  arrolada pela Promotoria, ela disse à juíza Marixa Fabiane que a polícia ouviu todos os envolvidos que foram encontrados no sítio de Bruno em Esmeraldas (MG), onde Eliza teria sido mantida em cativeiro, e que o menor à época, Jorge Luiz Rosa, "dizia a verdade" quando acusou Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, de ter executado a jovem.

Ilustração da Delegada Ana Maria durante intervalo do julgamento (Foto: Léo Aragão/G1)Ilustração da Delegada Ana Maria durante intervalo do julgamento (Foto: Leo Aragão/G1)

Segundo a delegada, as investigações levaram até a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues, depois que policiais encontraram Bruninho [filho de Eliza com o goleiro] graças a denúncias anônimas sobre o espancamento de uma mulher e sua morte. Conforme depoimento da delegada, Dayanne deu o bebê para outro acusado, Wemerson Marques, o Coxinha.

Ana Maria Santos disse que foi até o centro de internação ouvir o então menor primo de Bruno, Jorge Luiz Rosa, sobre a morte de Eliza.

A delegada também disse como Jorge Luiz Rosa relatou a morte de Eliza. Ele disse que viu Bola esganar Eliza, passando o braço direito sobre seu pescoço. Segundo ele, Bola também pediu para Macarrão pegar uma corda, momento em que ele começou a "desferir bicudas" em Eliza.

Segundo a delegada, o menor dizia a verdade sobre o crime. "Tive razões para confirmar que ele [Jorge] dizia a verdade quando um parecer exarado por um médico legista confirmou que aquela narrativa leiga do jeito que fora feita tinha uma fundamentação científica", disse a delegada.

A defesa de Bruno, por sua vez, tentou desqualificar as palavras da delegada, questionando porque ela estava de férias durante as investigações e se ela tinha sido investigada por permitir uma filmagem de Bruno em um avião. A delegada disse que jamais foi denunciada.

A delegada afirmou ainda que o menor Jorge não citou em seu depoimento os policiais Gilson Costa e José Lauriano Assis Filho, o Zezé. Os dois são investigados em um procedimento cautelar mais recente. A polícia verificou que Zezé e Macarrão trocaram 39 ligações telefônicas nos dias do cárcere e morte de Eliza, e foi aberto um inquérito paralelo para investigar ambos.

Ilustração traz panorama geral do plenário onde ocorre o júri popular de Bruno (Foto: Leo Aragão/G1)Ilustração traz panorama geral do plenário onde ocorre o júri popular de Bruno (Foto: Leo Aragão/G1)

Cinco mulheres e 2 homens no júri
Bruno chegou ao Fórum de Contagem na segunda-feira escoltado por policiais desde a Penitenciária Nelson Hungria. Vinte minutos depois foi a vez de Dayanne, que entrou pela porta da frente do fórum sob vaias e gritos de "justiça".

Com uniforme vermelho da Suapi (Subsecretaria de Administração Prisional), Bruno aguardou na carceragem do fórum até que os advogados apresentassem os pedidos preliminares ao julgamento.Todos os pedidos, que visavam adiar o júri, foram negados pela juíza Marixa Fabiane.

Bruno e Dayanne adentraram a sala do júri para assistir à escolha dos jurados, cinco mulheres e dois homens que agora compõem o Conselho de Sentença. Eles darão o veredicto – culpado ou inocente (entenda como funciona o júri popular).

Procurei uma prova da morte da Eliza no processo e não achei. O atestado de óbito é uma fraude"
Lúcio Adolfo, advogado do goleiro Bruno
Todo mundo já sabe que foi ele que mandou matar a Eliza. Porque o Macarrão entregou isso no julgamento"
José Arteiro, assistente de acusação

Suposto acordo de confissão
Antes do júri na segunda-feira, a defesa de Bruno negou acordo para que o goleiro faça uma confissão, o que diminuiria uma possível pena por assassinato.

A hipótese foi levantada pelo advogado José Arteiro, assistente de acusação. Ele disse acreditar na possibilidade de um acordo no qual o goleiro Bruno Fernandes confesse ter mandado matar a ex-amante. "Todo mundo já sabe que foi ele que mandou matar a Eliza. Porque o Macarrão entregou isso no julgamento."

O advogado Lúcio Adolfo afirmou que não há provas no processo de que Eliza Samudio esteja morta. “Não existe acordo. Aquela imoralidade, indecência que aconteceu com o Macarrão é absolutamente irregular. Aquilo é ilegal, não existe no direito brasileiro”, disse.

"Procurei uma prova da morte da Eliza no processo e não achei. O atestado de óbito é uma fraude", disse. Segundo ele, diante da tentativa da acusação de afirmar que Eliza desapareceu e morreu, ele vai usar provas para mostrar o contrário. Lúcio Adolfo assumiu a defesa do goleiro Bruno no fim do ano passado, quando Rui Pimenta foi destituído pelo goleiro, provocando o adiamento de seu próprio julgamento.

Defesa de Bola presente
Outro contratempo inicial no julgamento foi a participação paralela de Ércio Quaresma, defensor de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Ele obteve liminar para inquirir testemunhas do júri, mesmo seu cliente tendo julgamento marcado apenas para 22 de abril.

Na terça-feira, Ércio Quaresma, falou ao G1 na porta do fórum que pretende usar a nova investigação da policia no júri popular de seu cliente, que será no dia 15 de maio. Segundo o advogado, o promotor não denunciou o policial aposentado Zezé para não inocentar Bola. "Ele só não denunciou o Zezé porque sabe que se fizer isso, estará inocentando o Bola".

Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno, é vista no Fórum de Contagem (Foto: Maurício Vieira/G1)Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno,
no Fórum de Contagem (Foto: Maurício Vieira/G1)

O crime
O goleiro, que na época do crime era titular do Flamengo, é acusado pelo Ministério Público de planejar a morte para não precisar reconhecer o filho que teve com a modelo nem pagar pensão alimentícia.

Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado. Para a Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A certidão de óbito foi emitida por determinação judicial.

O bebê Bruninho, que foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.

Acusados e condenados
A Promotoria afirma que, além de Bruno, mais oito pessoas tiveram participação nos crimes. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, foram condenados em júri popular realizado em novembro de 2012.

No dia 22 de abril, Bola será julgado. Em 15 de maio, enfrentarão júri Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo de Bruno. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).

Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, era adolescente à época do crime. Cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.

Investigações
A polícia encerrou o inquérito com base em laudos que atestam a presença de sangue de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de dois primos que incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e multas de trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até Minas Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais ela relata o medo que sentia.

Eliza também havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava grávida, dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda deixou um vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse proteção.

Apesar de os primos de Bruno terem alterado as versões, os depoimentos devem ser usados pela acusação no júri. Jorge Luiz Rosa, adolescente à época, foi o primeiro a delatar Bruno, confessando ter ajudado o goleiro a levar Eliza ao sítio. Ele contou que a vítima foi entregue a Bola e que ele presenciou a morte. Dias depois, negou tudo. O jovem, hoje com 19 anos, voltou a falar em entrevista ao "Fantástico" (veja o vídeo ao lado). Ele disse que não tinha como Bruno não saber que Eliza seria morta.

O outro primo, Sérgio Rosa Sales, ajudou na reconstituição do crime, mas foi morto com seis tiros, em agosto deste ano.

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