02/03/2013 16h42 - Atualizado em 04/03/2013 12h15

Lacunas podem dividir júri do caso Eliza Samudio; entenda pontos-chave

O goleiro Bruno e a ex-mulher Dayanne são julgados em Contagem (MG).
Júri popular decide sobre morte e cárcere privado da ex-amante do goleiro.

Rosanne D'AgostinoDo G1, em Contagem (MG)

O goleiro Bruno Fernandes de Souza e sua ex-mulher Dayanne Rodrigues vão a júri popular a partir desta segunda-feira (4) no Fórum de Contagem (MG) pelo cárcere privado e morte da ex-amante do jogador Eliza Samudio, de 25 anos, crime ocorrido em 2010. Segundo o Ministério Público, Bruno mandou matar Eliza para não pagar pensão alimentícia ao filho, Bruninho. Ele nega.

(A partir de segunda, dia 4, acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio, com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações, em tempo real, de dentro e de fora do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Conheça os réus, entenda o júri popular, relembre os momentos marcantes e acesse reportagens, fotos e infográfico sobre o crime envolvendo o goleiro Bruno.)

Bruno, Dayanne e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor de Eliza, seriam julgados em novembro, mas o júri foi desmembrado. Naquela data, foram condenados o amigo do goleiro, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e a ex-namorada Fernanda.

Lacunas
Para decidir o veredicto, os jurados poderão ter acesso a todo tipo de prova presente no processo, desde as conclusões do inquérito até os testemunhos que serão dados na hora do julgamento, a palavra de cada réu e ainda o material audiovisual que será apresentado na sessão, como vídeos e reportagens sobre o caso.

Apesar disso, as investigações não conseguiram responder algumas perguntas e, em caso de dúvida, segundo o processo penal, cada jurado deverá ser orientado a julgar em favor da defesa. Veja a seguir pontos considerados chave para o julgamento:

Registros
telefônicos

Inquérito traz a quebra de sigilo telefônico de Eliza e dos acusados

Lacuna: Registros de antenas de celular mostram a localização de Bruno e de alguns réus no Rio e em Minas, mas sem o conteúdo das conversas.

Depoimentos de amigos de Eliza

Eliza teria dito que se encontraria com Bruno. Há registros de ligação de hotel no Rio, onde ficou hospedada, supostamente a pedido do goleiro.

Lacuna: A defesa deve alegar que não há provas de que o goleiro Bruno tenha proposto qualquer acordo para atrair Eliza Samudio para o cárcere.

Sangue e multas de trânsito no Rio

Infração de trânsito do Range Rover de Bruno mostra que o veículo saiu do hotel onde estava Eliza para apartamento do goleiro, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio. No carro estariam Macarrão e um menor de idade, que escondido no banco de trás teria golpeado Eliza com coronhadas.

Lacuna: O menor, que é primo de Bruno, desmentiu depoimento no qual falou sobre a agressão, embora laudo tenha concluído que o sangue achado era mesmo de Eliza.

Cárcere no Rio

Há registro de entrada de Fernanda Castro, ex-namorada de Bruno, no apartamento do Recreio dos Bandeirantes, autorizada por Macarrão.

Lacunas: Defesa possivelmente confirmará que Fernanda Castro esteve no apartamento de Bruno, mas deve negar que Eliza estivesse no local.

Ligação de Bruno para seu caseiro

Denúncia tem ligações entre Bruno, o menor de idade e o caseiro do sítio para onde Eliza foi levada, em Esmeraldas (MG), realizadas na noite em que ela estaria no apartamento do goleiro no Rio, já sob cárcere privado.

Lacunas: A polícia acredita que o telefonema seria um aviso de que Eliza seria levada ao sítio, mas não há registro do que foi falado ao telefone.

Multas de trânsito a caminho de MG

O veículo dirigido por Bruno, um BMW preto, entra no condomínio no Rio, e, mais tarde, leva multa na Linha Vermelha, caminho para Minas Gerais.

Lacunas: A polícia conclui que Bruno e o grupo partem com direção ao sítio do goleiro, mas não há provas de que Eliza estivesse com eles.

Telefonemas na viagem até o sítio

Bruno telefonou para Macarrão na BR 040, que liga Rio a Belo Horizonte.

Lacunas: Réus não negam a viagem, mas dizem que Eliza não estava.

Parada no motel

Depoimentos de camareiras dão conta de que dois carros entraram em um motel no caminho para o sítio do goleiro. Há recibo do cartão de débito de Bruno, usado para pagar por duas suítes.

Lacunas: As defesas dizem que Eliza Samudio não estava nos carros.

O bebê Ryan

A mulher de Bruno, Dayanne, afirmou à polícia que o menino no sítio do goleiro era chamado por todos de Ryan.

Lacunas: Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, confirmou a informação, mas foi assassinado ao longo do processo.

Depoimento de Sérgio Rosa Sales

A partir da entrada no sítio, as pistas da polícia se baseiam no depoimento do primo do goleiro, que morreu. Ele auxiliou na reconstituição do crime.

Lacunas: O próprio réu desmentiu a versão, mas em uma carta que havia enviado aos pais, relata ter sofrido ameaças para alterar seu depoimento.

Participação de Bola no crime

Há registros telefônicos de contato entre Macarrão e Bola, acusado de ser o executor de Eliza. Além disso, os dois primos de Bruno descreveram que o ex-policial asfixiou a vítima e depois atirou seu corpo para cachorros.

Lacunas: Não há qualquer indício material de que Eliza foi morta na casa do ex-policial, em Vespasiano (MG). O corpo da vítima jamais foi achado.

Outro policial investigado

 

O promotor Henry Wagner de Castro disse em novembro de 2012 que pediria o indiciamento do policial José Lauriano Assis Filho. Segundo promotor, ele teria trocado ligações com Bola na noite de morte de Eliza. Ele também fez contatos com Dayanne.

Lacunas: Não está claro porque este policial, que se aposentou após junho de 2010, não foi incluído como investigado no inquérito que apurou o desaparecimento e morte de Eliza Samudio.

Certidão de óbito de Eliza

 

No dia 24 de janeiro de 2013, um cartório em Vespasiano emitiu a certidão de óbito de Eliza Samudio, após autorização da Justiça. Segundo o documento, a jovem foi morta por "esganadura", no dia 10 de junho de 2012, na casa de Bola.

Lacunas:O corpo de Eliza nunca foi encontrado. A falta de materialidade (corpo) da vítima é a principal linha de defesa dos réus.

Primo diz que não conhece Bola

 

No dia 24 de fevereiro de 2013, o primo do goleiro Bruno, Jorge Luiz Rosa, que era adolescente à época do crime, disse em entrevista exclusiva ao 'Fantástico' que nunca conheceu Bola, e nem sabe quem é.

Lacunas: Segundo a polícia, em uma das buscas pelo corpo de Eliza, o próprio Jorge indicou o endereço de Bola, em Vespasiano, como o local onde a jovem foi morta. Ele participou de uma reconstituição do crime na casa. Nenhuma evidência de morte foi encontrada no local.

Investigação paralela

 

No dia 27 de fevereiro de 2013, a polícia admitiu a existência de um procedimento cautelar que apura o envolvimento de dois policiais na morte de Eliza: José Lauriano Assis Filho e Gilson Costa.

Lacunas: Não foi informado o motivo da investigação ter começado dois anos após a conclusão do inquérito nem a extensão da participação dos policiais.

*Fonte: inquérito do caso Eliza Samudio, Polícia Civil de MG

 

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