entrada do fórum (Foto: Pedro Triginelli/G1)
O promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse, na manhã desta terça-feira (20), em frente ao fórum de Contagem, que o detento Jaílson Oliveira teria dito a funcionários do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que foi ameaçado por Bruno às vésperas do júri popular. O preso denunciou, em 2011, um esquema que teria sido montado por Bruno e pelo réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para matar a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o júri. O advogado do goleiro, Rui Pimenta, negou a ameaça, e ironizou, dizendo que "pode ter sido briga de torcida, um é Flamengo, o outro Botafogo".
As declarações de Oliveira, segundo o promotor, foram feitas nesta segunda-feira (19), durante a primeira sessão do julgamento. De acordo com Castro, Oliveira disse que Bruno comentou que ele estava “falando demais”, e que “peixe morre pela boca”. O detento chegou a pedir à Justiça proteção no traslado da Penitenciária Nelson Hungria, onde está preso com Bruno e com Luiz Henrique Romão, o Macarrão, até o Fórum de Contagem. Jaílson foi levado até o prédio nesta segunda, e esperou na carceragem, mas a sessão foi encerrada pela juíza antes de seu depoimento. A expectativa é que ele seja ouvido nesta terça-feira.
Rui Pimenta, que chegou ao Fórum de Contagem logo após Castro, disse que “o promotor está querendo usar tudo o que é possível, mas ele já perdeu o caso”. Segundo o advogado, “Bruno vai sair comigo por aqui (pela porta da frente do Fórum de Contagem), com alvará de soltura na mão”. O defensor repetiu a argumentação da defesa, afirmando que Eliza Samudio está viva. "Após ler o processo, que é muito longo, criei a convicção de que Eliza está viva."
Pimenta ainda polemizou, ao falar sobre o filho que Eliza teve com o goleiro. “O filho é consequência da irresponsabilidade dela”.
O promotor disse ainda que Oliveira vai revelar hoje [terça-feira] que Bola teria dito a ele dentro da penitenciária que matou Eliza e que o corpo dela só seria encontrado se “peixe falasse”. Durante o inquérito, a Polícia Civil fez buscas em várias lagoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte pelo corpo da jovem. Ele nunca foi encontrado.
Segundo dia
O julgamento de Bruno Fernandes e de outros três réus do processo sobre morte e desaparecimento de Eliza Samudio foi retomado na manhã desta terça-feira (20) no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No segundo dia de júri popular, será dada continuidade aos depoimentos das testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério Público (MP). Nesta segunda-feira (19), apenas Cleiton Gonçalves foi ouvido.
Uma das testemunhas de acusação é a delegada Ana Maria Santos, que participou das investigações do sumiço da ex-amante de Bruno. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ela foi convocada para comparecer ao fórum às 9h, assim como a delegada Alessandra Wilke, que também trabalhou nas apurações. De acordo com a Justiça, apesar de ela não ter sido arrolada pelo MP, também deve ser ouvida nesta terça-feira.
Além de Cleiton Gonçalves e Ana Maria Santos, fazem parte do rol de testemunhas de acusação o detento Jaílson Alves de Oliveira – que diz ter ouvido uma confissão de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola –, uma testemunha da oitiva de Cleiton à polícia e uma assistente técnico-jurídico do sistema socioeducativo de Minas Gerais, que acompanhou um depoimento de Jorge Luiz Lisboa Rosa – primo do goleiro, menor à época do desaparecimento de Eliza. Somente depois da conclusão destes depoimentos, serão ouvidas as testemunhas de defesa.
Primeiro dia
O primeiro dia do júri popular do caso Eliza Samudio, realizado nesta segunda-feira (19), foi marcado pela atuação dos advogados de Marcos Aparecido dos Santos, que abandonaram o plenário, e pelo primeiro depoimento de testemunha de acusação, Cleiton Gonçalves, ex-motorista do goleiro Bruno Fernandes, principal acusado. Também foram definidos seis mulheres e um homem como jurados do caso.
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Bruno e mais três réus enfrentam júri popular por cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, em crime ocorrido em 2010. O júri é presidido pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, e a previsão é que o julgamento dure pelo menos duas semanas.
A Promotoria acusa o jogador, que era titular do Flamengo, de ter arquitetado o crime para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia.
O júri, que teve início com cinco acusados, deverá continuar com apenas quatro no banco dos réus. Bola, acusado de ser o executor de Eliza, recusou ser defendido por um defensor público, e será julgado em outra data.
Ex-motorista fala sobre 'Eliza já era'
Passava das 17h quando a primeira testemunha do caso – Cleiton Gonçalves, ex-motorista de Bruno – começou a ser ouvida. Arrolado pela acusação, ele confirmou à juíza que ouviu de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro, que "Eliza já era". A declaração, segundo a testemunha, foi dada em 10 de junho de 2010, data apontada como dia da execução da ex-amante de Bruno. "Eu nem procurei saber o que ele tava falando", disse ao júri.
Durante a investigação policial, Cleiton Gonçalves foi baleado de raspão, no dia 26 de agosto de 2012, e teve seu carro atingido por disparos no dia seguinte. Os ataques aconteceram quatro dias depois da morte de Sérgio Rosa Sales. Na época, o delegado Wagner Pinto disse que as tentativas de homicídio estavam relacionadas a morte de um homem ocorrida em uma churrascaria, dentro de um posto de gasolina, em Contagem, no dia 2 de março deste ano. Cleiton chegou a ser preso, mas foi liberado. O advogado da testemunha também disse que a motivação das tentativas de homicídio não tinha relação com o caso.
Rui Pimenta, advogado de Bruno, perguntou ao ex-motorista se ele considerava o goleiro um "bom homem". "Para mim é uma boa pessoa. Eu nunca presenciei [ele fazendo mal]", disse a testemunha, acrescentando que Bruno "nunca mostrou ser desequilibrado".
O depoimento de Cleiton Gonçalves à polícia foi lido durante a sessão. Segundo a denúncia, o ex-motorista esteve com Bruno nos dias em que Eliza era mantida em cárcere privado no sítio do atleta, em Esmeraldas (MG). No dia 8 de junho de 2010, ele estava com os primos de Bruno, Sérgio Rosa Sales e Jorge Luiz Lisboa Rosa, quando o carro do goleiro foi apreendido pela Polícia Militar em uma blitz por causa de documentação irregular. No veículo, que havia sido usado para transportar Eliza do Rio de Janeiro para Minas Gerais, foram encontrados vestígios de sangue. O ex-motorista negou ter visto manchas de sangue no carro.
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