22/11/2012 05h39 - Atualizado em 23/11/2012 21h00

Pela primeira vez, Bruno é apontado como mandante, diz promotor

Ao sair do fórum, Henry Wagner falou sobre depoimento de Macarrão.
Segundo ele, réu “não se mostrou tão sincero” durante interrogatório.

Pedro CunhaDo G1, em Contagem (MG)

22.nov.2012 - Promotor Henry Wganer Vasconcelos de Castro fala sobre o interrogatório de Macarrão.  (Foto: Pedro Cunha/G1)Promotor Henry Wganer Vasconcelos de Castro fala sobre o interrogatório de Macarrão. (Foto: Pedro Cunha/G1)

Na saída do Tribunal do Júri de Contagem, na madrugada desta quinta-feira (22), o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro falou sobre o interrogatório de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, que durou cerca de cinco horas. Ele disse que, apesar de a fala do réu ter sido permeada por uma confissão parcial de participação no desaparecimento de Eliza Samudio, a acusação acredita que o “delito está esclarecido”. Segundo ele, "um dos corréus [Macarrão] atribui diretamente o mando deste assassinato ao ex-goleiro Bruno".“Pela primeira vez, nos temos entre os acusados que permanecem vivos, a imputação deste assassinato ao Bruno”, disse.

Segundo Castro, Macarrão “não se mostrou tão sincero” por não ter contado todos os detalhes de sua participação no crime. Durante o interrogatório, o réu narrou à juíza que teria entregue Eliza a uma pessoa, na Região da Pampulha, não confirmando a versão sustentada pela Promotoria de que Eliza foi morta por Bola em Vespasiano. O promotor afirmou, porém, que as lacunas deixadas por Macarrão em seu interrogatório já haviam sido esclarecidas anteriormente por Jorge Luiz Lisboa Rosa, primo de Bruno Fernandes, menor à época do crime.

Henry Wagner também afirmou que a acusação insistiu para que Macarrão fosse ouvido ainda no terceiro dia de júri, pois temia que, ao voltar para a Penitenciária Nelson Hungria, o réu sofresse alguma pressão e desistisse da confissão.

O promotor disse também que, pelas declarações no plenário, Macarrão se colocaria no homicídio apenas “como um partícipe”. Entretanto, segundo o promotor, Luiz Henrique é um “autêntico coautor” do crime.

Macarrão não teria citado o envolvimento do ex-policial Marcos Aparecido do Santos, o Bola, por medo, conforme o promotor. “É claro que Luiz Henrique Romão tem medo de ser assassinado pelo acusado Bola".

Questionado sobre o corpo de Eliza Samudio, Henry Wagner foi enfático. “O corpo de Eliza Silva Samudio foi destruído. O corpo de Eliza Silva Samudio foi segmentado; quero dizer que Eliza foi esquartejada, que ela foi fracionada. E esses pedaços foram, provavelmente, espalhados, dissipados. Nós estamos tratando de um assassino, executor, destruidor de cadáveres”, disse o promotor. Segundo ele, não é possível chegar até o os restos mortais da vítima.
 

Acordo
O advogado José Arteiro Cavalcante Lima, que representa a mãe de Eliza Samudio, disse nesta quarta-feira (21) ter fechado um acordo com o réu Luiz Henrique Ferreira Romão, de apelido Macarrão. "O Macarrão vai confessar tudo, a parte dele, do Bruno e do Bola", disse. O defensor atua como assistente de acusação no júri popular sobre o desaparecimento e morte da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. Lima afirmou que, em troca, ofereceu proteção para Macarrão e redução de pena. "Para ele vai ser muito bom", disse o advogado.

O júri popular do caso Eliza Samudio começou nesta segunda-feira (19) com cinco réus no Fórum de Contagem, mas três deles vão a júri posteriormente, após a juíza determinar desmembramento: o goleiro Bruno Fernandes, a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. A sessão está prevista para março de 2013. Os réus Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, e Macarrão, continuam sendo julgados.

Perguntado por jornalistas sobre o assunto da longa conversa que teve com Macarrão dentro do tribunal, Lima respondeu que não tem nada para esconder. "Na verdade, eu fiz uma proposta pra ele [Macarrão], porque ele foi abandonado. Essas alturas o Bruno tá aí com 50 advogados e ele só está com um. A proposta é que ele abra a bronca toda, fala onde é que tá o corpo, sobre o Bruno, que o Bruno tem a participação, foi o Bruno que mandou”, disse.

Lima ainda assegurou que Macarrão não agiu sozinho. "Não quero ver o Macarrão preso numa coisa que ele não mandou fazer, entendeu. Que ele foi apenas, como disse ele, o jagunço", afirmou. O assistente de acusação explicou que propôs ajuda para que Macarrão não corra nenhum tipo de risco e disse que vai “requerer da Justiça que dê proteção” ao preso. Macarrão está detido na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele é julgado por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver.

Para ler mais sobre o Caso Eliza Samudio, clique em g1.globo.com/minas-gerais/julgamento-do-caso-eliza-samudio/. Siga também o julgamento no Twitter e por RSS.

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