18/11/2012 08h09 - Atualizado em 19/11/2012 12h02

Lacuna na acusação pode dividir júri do caso Eliza; conheça pontos-chave

Bruno e mais 4 réus vão a júri popular pela morte de ex-amante de goleiro.
Segundo a polícia, crime ocorreu em 2010, mas corpo nunca foi encontrado.

Rosanne D'AgostinoDo G1, em Contagem (MG)

O goleiro Bruno Fernandes de Souza e outros quatro réus começam a ser julgados por júri popular, a partir desta segunda-feira (19), pelo cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, de 25 anos, em crime ocorrido em 2010. Sete jurados vão definir o futuro dos acusados, levando em conta todo o tipo de prova reunida no processo e também brechas na investigação que poderão favorecer as defesas.

(A partir de segunda, dia 19, acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio, com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações, em tempo real, de dentro e de fora do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Conheça os réus, entenda o júri popular, relembre os momentos marcantes e acesse reportagens, fotos e infográfico sobre o crime envolvendo o goleiro Bruno.)

Segundo o Ministério Público, oito acusados, sob ordens de Bruno, participaram do sequestro e desaparecimento da modelo, entre eles a mulher e uma ex-namorada do goleiro. A Promotoria acusa o ex-jogador do Flamengo de ter arquitetado o crime para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia. Bruno nega.

O julgamento acontecerá no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), em júri presidido pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. As sessões do caso têm previsão de durar pelo menos duas semanas.

Para decidir o veredicto, culpados ou inocentes, os jurados poderão ter acesso a todo tipo de prova presente no processo, desde as conclusões do inquérito até os testemunhos que serão dados na hora do julgamento, a palavra de cada réu e ainda o material audiovisual que será apresentado na sessão, como vídeos e reportagens sobre o caso.

Apesar disso, as investigações não conseguiram responder algumas perguntas e, em caso de dúvida, segundo o processo penal, cada jurado deverá ser orientado a julgar em favor da defesa. Veja a seguir pontos considerados chave para o julgamento:

Registros
telefônicos

Inquérito traz anexado quebra de sigilo telefônico de Eliza e dos acusados

Lacuna:
Registros de antenas de celular mostram a localização de Bruno e de alguns réus no Rio e em Minas, mas sem o conteúdo das conversas.

Depoimentos de amigos de Eliza

Eliza teria dito que se encontraria com Bruno. Há registros de ligação de hotel no Rio, onde ficou hospedada, supostamente a pedido do goleiro.

Lacuna:
A defesa deve alegar que não há provas de que o goleiro Bruno tenha proposto qualquer acordo para atrair Eliza Samudio para o cárcere.

Sangue e multas de trânsito no Rio

Infração de trânsito do Range Rover de Bruno mostra que o veículo saiu do hotel onde estava Eliza para apartamento do goleiro, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio. No carro estariam Macarrão e um menor de idade, que escondido no banco de trás teria golpeado Eliza com coronhadas.

Lacuna: O menor, que é primo de Bruno, desmentiu depoimento no qual falou sobre a agressão, embora laudo tenha concluído que o sangue achado era mesmo de Eliza.

Cárcere no Rio

Há registro de entrada de Fernanda Castro, ex-namorada de Bruno, no apartamento do Recreio dos Bandeirantes, autorizada por Macarrão.

Lacunas:
Defesa possivelmente confirmará que Fernanda Castro esteve no apartamento de Bruno, mas deve negar que Eliza estivesse no local.

Ligação de Bruno para seu caseiro

Denúncia tem ligações entre Bruno, o menor de idade e o caseiro do sítio para onde Eliza foi levada, em Esmeraldas (MG), realizadas na noite em que ela estaria no apartamento do goleiro no Rio, já sob cárcere privado.

Lacunas:
A polícia acredita que o telefonema seria um aviso de que Eliza seria levada ao sítio, mas não há registro do que foi falado ao telefone.

Multas de trânsito a caminho de MG

O veículo dirigido por Bruno, um BMW preto, entra no condomínio no Rio, e, mais tarde, leva multa na Linha Vermelha, caminho para Minas Gerais.

Lacunas:
A polícia conclui que Bruno e o grupo partem com direção ao sítio do goleiro, mas não há provas de que Eliza estivesse com eles.

Telefonemas na viagem até o sítio

Bruno telefonou para Macarrão na BR 040, que liga Rio a Belo Horizonte.

Lacunas:
Réus não negam a viagem, mas dizem que Eliza não estava.

Parada no motel

Depoimentos de camareiras dão conta de que dois carros entraram em um motel no caminho para o sítio do goleiro. Há recibo do cartão de débito de Bruno, usado para pagar por duas suítes.

Lacunas:
As defesas dizem que Eliza Samudio não estava nos carros.

O bebê Ryan

A mulher de Bruno, Dayanne, afirmou à polícia que o menino no sítio do goleiro era chamado por todos de Ryan.

Lacunas: Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, confirmou a informação, mas foi assassinado ao longo do processo.

Depoimento de Sérgio Rosa Sales

A partir da entrada no sítio,as pistas da polícia se baseiam no depoimento do primo do goleiro, que morreu. Ele auxiliou na reconstituição do crime.

Lacunas:
O próprio réu desmentiu a versão, mas em uma carta que havia enviado aos pais, relata ter sofrido ameaças para alterar seu depoimento.

Participação de Bola no crime

Há registros telefônicos de contato entre Macarrão e Bola, acusado de ser o executor de Eliza. Além disso, os dois primos de Bruno descreveram que o ex-policial asfixiou a vítima e depois atirou seu corpo para cachorros.

Lacunas:
Não há qualquer indício material de que Eliza foi morta na casa do ex-policial, em Vespasiano (MG). O corpo da vítima jamais foi achado.

*Fonte: inquérito do caso Eliza Samudio, Polícia Civil de MG
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