Vista da entrada da sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília, nesta sexta-feira, 20. — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter a prisão preventiva do policial federal Marcelo Araújo Bormevet, de Juiz de Fora, suspeito de integrar uma organização criminosa que realizava monitoramento ilegal de autoridades públicas, além da produção de notícias falsas através de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Marcelo foi preso durante uma nova fase da operação Última Milha, realizada pela Polícia Federal na quinta-feira (11). Ele começou na PF em 2005, mas foi suspenso de exercer suas funções públicas, em em 25 de janeiro de 2024, após início das investigações sobre a "Abin paralela".
Além dele, Mateus de Carvalho Sposito; Richards Dyer Pozzer; Rogério Beraldo de Almeida e Giancarlo Gomes Rodrigues foram presos. A reportagem tentou contato com a defesa deles, mas sem sucesso.
A PF vê, de forma preliminar, possíveis crimes de:
- organização criminosa;
- tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito;
- interceptação clandestina de comunicações;
- invasão de dispositivo informático alheio.
Espionagem e fake news
Entenda o que é e para que serve a Abin
Desde 2023 a Polícia Federal investiga o possível uso ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Jair Bolsonaro.
Segundo as apurações, uma estrutura ilegal foi criada no governo Bolsonaro dentro da Agência Brasileira de Inteligência para espionagem de pessoas e de autoridades, com objetivo de atrapalhar investigações relacionadas a família Bolsonaro, colocar em dúvida o processo eleitoral e disseminação de notícias falsas.
Foram monitorados os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux; políticos como Arthur Lira, Rodrigo Maia, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues; o ex-governador de São Paulo, João Dória; jornalistas e servidores do Ibama e da Receita Federal.
A investigação também indica que os envolvidos nesse caso tinham ainda relação com a tentativa de golpe de estado em janeiro de 2023.
O monitoramento ilegal era feito através de um sistema comprado pela Abin, durante o governo Bolsonaro, capaz de rastrear informações de celulares.