O ano de 2019 foi de reorganização nas finanças por parte dos gestores de universidades federais em todo o país. Com o anúncio de contingenciamento dos orçamentos por parte do Governo Federal, que foi suspenso em outubro, foi preciso adequar as contas. Agora, com expectativas para 2020, as universidades do Sul de Minas adotam cautela em relação a investimentos e contratações.
É o caso da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), que deve começar o ano com um orçamento previsto um pouco menor comparado a 2019. O valor de mais de R$ 242 milhões caiu para pouco mais de R$ 241 milhões.
“Já perdemos aproximadamente R$ 1 milhão para 2020. Então, já estamos fazendo ajustes. Na prática já é menor porque temos a inflação, uso de materiais, a própria mão de obra teve ajustes.
A fala é do reitor Sandro Amadeu Cerveira que comentou os rumos da universidade após os impactos de 2019. Segundo Cerveira, a liberação do capital veio no fim do ano, mas deixou rastros.
Assim que o Ministério da Educação anunciou o contingenciamento, em abril, a universidade tomou medidas como demissão de quase 100 funcionários terceirizados e diminuição de bolsas.
“Para 2020, temos alguns problemas para normalizar isso. Vai recontratar essas quase 100 pessoas que foram demitidas? Na verdade, não. E a principio, não vamos demitir mais ninguém. A gente vai ter que remanejar internamente e escolher onde fazer cortes. Os cortes não serão, neste momento, na mão de obra porque é impossível cortar mais mão de obra sem precarização”.
Universidades federais do Sul de MG começam 2020 com ajustes no orçamento e adotam cautela — Foto: Reprodução EPTV
Segundo o reitor da Unifal, no meio acadêmico os reitores não têm informações se novos contingenciamentos vão acontecer. Mas os gestores temem mudanças.
“Se um novo bloqueio acontecer, e nos não temos notícia nenhuma sobre isso, nós teremos problemas muito graves. Porque nós estamos com o orçamento que já há alguns anos não tem crescido, não tem reposto nem a inflação. Teremos problemas gravíssimos pra pagar contas e manter o bom funcionamento da universidade. Então qualquer contingenciamento que possa ser feito no ano de 2020, dado o fato que estamos no fio da navalha, eu usaria essa palavra – será trágico e vai nos colocar numa situação dramática”.
Unifei
A Unifei adota um discurso otimista para o início desenvolvimento das atividades de 2020, por conta de equilíbrio das receitas e as metas de obras cumpridas, segundo o reitor Dagoberto Alves de Almeida.
A universidade tem um orçamento anual que fica em torno de R$ 220 milhões e R$ 230 milhões. Ainda conforme o reitor, assim como a Unifal, o desbloqueio do orçamento por parte do Ministério da Educação foi feito no fim do ano.
“Estamos muito bem do ponto de vista das receitas que nós recebemos para nossas atividades. Aliás, nós temos recebido recursos adicionais e fechamos as contas sem problemas”.
A universidade informou que além do valor que estava contingenciado, recebeu um adicional de R$ 4 milhões. A expectativa é completar um prédio que está em construção que, com a verba, deve ser entregue antes do prazo previsto.
Universidades federais do Sul de MG começam 2020 com ajustes no orçamento e adotam cautela — Foto: Reprodução/EPTV
No entanto, Almeida destacou algumas dificuldades que as instituições públicas federais têm enfrentado nos últimos anos. “É claro que nós [as universidades federais] temos sofrido os constantes cortes e contingenciamento, desde gestões passadas do Governo. Infelizmente, a gestão é conduzida de uma forma peculiar. O ano se conclui e a conclusão pra nós na Unifei não foi diferente do que tem sido nos anos anteriores. Acabamos tendo uma série de declarações e posicionamentos extremamente negativos, que causam uma celeuma desnecessária”.
Ainda conforme o reitor, a instituição trabalha para conseguir novos investimentos, como novas bolsas de graduação e pós graduação, além de verbas para um laboratório de pesquisa de petróleo do pré-sal para pesquisas de extração em alta profundidade. O investimento está estimado de R$ 400 milhões.
"Estamos otimistas, apesar das dificuldades. O custo anual da educação pública no Brasil é mais barato do que universidades de referência mundo afora. Dizer que a universidade pública é cara e inefetiva é um erro. Nós custamos pouco à sociedade e entregamos muito. É preciso investir em educação, ciência e tecnologia".
A Universidade Federal de Lavras (Ufla) foi procurada para comentar sobre o balanço de 2019 e as expectativas para 2020, mas até esta publicação não havia enviado retorno.