Um professor e estudantes da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) estão fazendo uma pesquisa para clonar os maiores jequitibás do Sul de Minas. O trabalho busca preservar a espécie, uma das mais altas do país, que está em risco de extinção. Cinco jequitibás foram escolhidos e serão acompanhados pela equipe universitária.
Nas terras do produtor Carlos Henrique Martins Ribeiro, em Paraguaçu (MG), está uma das árvores escolhidas para serem analisadas pela equipe. O grande jequitibá rosa, também conhecido como jequitibá rei, tem 49 metros de altura e vem sendo preservado há muito tempo pela família do produtor.
“Ele é do tempo do meu bisavô, que preservou ele e depois passou para o meu avô. Meu avô ‘repartiu’ as terras, [o jequitibá] ‘saiu’ pro meu pai aqui, que preservou ele, e hoje ele está no que é meu. E nós vamos preservar ele também, com amor e carinho”, promete.
O nome "jequitibá" vem do tupi e significa "gigante da floresta". Fazendo jus à espécie, algumas árvores centenárias chegam a passar dos 50 metros. Com o risco de extinção, o pesquisador Pedro Miguel Santos e alguns estudantes vêm desenvolvendo o trabalho de preservação.
“Pela pesquisa em internet, jornais, pesquisa popular, foram os melhores que eu encontrei e os mais velhos. Alguns são patrimônio cultural e turístico também”, explica o pesquisador sobre a escolha das árvores.
A equipe toma medidas de cada uma das cinco árvores escolhidas para a pesquisa, coletando amostras de tecido vegetal e, principalmente, reunindo sementes para a produção de mudas. O trabalho não é fácil. Os estudantes não podem simplesmente pegar os frutos que estão no chão, porque muitos já estão sem sementes ou podem ter sido contaminados. A coleta tem que ser feita no próprio jequitibá.
Para chegar até lá, a equipe usa até o arco e flecha, e são várias tentativas até conseguirem passar a corda pelos galhos pra fazer a escalada.
A subida leva em torno de 10 minutos e o esforço compensa na chegada, quando o pesquisador encontra o que queria: as sementes.
Todo o material coletado é entregue para a equipe de solo, que prepara as amostras com álcool e depois com hipoclorito de sódio, pra evitar a contaminação. As sementes permanecem dentro do fruto pra serem retiradas apenas no laboratório, aonde o professor que vem orientando o projeto ajuda na multiplicação in vitro.
“[No laboratório], vai ser feito um novo procedimento de assepsia e a introdução do material vegetal em novos em um meio de cultura. Após essa inoculação, esse material será germinado in vitro justamente para termos o germoplasma da árvore, que será utilizado para clonagem e produção de novas mudas”, explica o orientador da pós-graduação, Breno Régis Santos.
A expectativa é que em até seis meses a equipe consiga mudas, inclusive, clonadas e prontas para o plantio.