O Rio Verde atingiu os piores níveis para o mês de janeiro dos últimos 40 anos em Três Corações (MG). De acordo com a Defesa Civil, que faz a medição com a Secretaria de Meio Ambiente do município, no trecho que fica no bairro Santa Tereza o nível atual do rio está em 1,19 metros acima do normal, mas na quinta-feira (22), antes da chuva que atingiu a cidade, o nível estava em apenas 96 centímetros. O esperado para janeiro é que o nível do rio estivesse de 2 a 3 metros acima do normal.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Três Corações, Nelson Delu Filho, a baixa do rio e falta de chuvas já trazem consequências no abastecimento de água na zona rural do município e na agropecuária. Segundo ele, atualmente a Prefeitura Municipal atende mais de 90 localidades levando água da cidade para abastecer a zona rural, já que as minas e cisternas utilizadas pelos moradores não têm mais água.
"Temos relatos também no setor da agricultura, onde já estimamos uma perda em torno de 10% a 15% nas lavouras tradicionais de verão, que são milho, soja, feijão, e uma estimativa também de perda significativa no café pelo segundo ano consecutivo. E temos relatos de problemas ainda na pecuária, principalmente na criação de suínos, em que alguns produtores já tiveram até que abandonar a atividade", completa o secretário.
O Rio Verde, um dos mais importantes da região, nasce na Serra da Mantiqueira, em Itanhandu (MG), e passa por 31 municípios até desaguar entre Elói Mendes (MG) e Três Pontas (MG).
Normalmente, o mês de janeiro é período de cheia do Rio Verde. Em 2007, de acordo com informações do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), o rio ficou 6 metros acima do nível normal. À época, a situação causou transtornos na cidade. Com o transbordamento das águas, cerca de 900 famílias ficaram desalojadas, principalmente as que moravam às margens do rio no trecho que corta Três Corações.
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) faz 100% da captação de água em Três Corações no Rio Verde, mas ainda segundo o secretário de Meio Ambiente, não há problemas na captação atualmente.
Risco de racionamento
Nesta quinta-feira (22), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) admitiu que o abastecimento de água enfrenta ‘elevado nível de criticidade’ no estado e pediu que a população e as empresas reduzam o consumo em 30%. A Copasa afirma que, se não chover o suficiente nos próximos meses, os reservatórios podem secar, o que obrigará a companhia a tomar medidas como racionamento e multas nas contas de água dos consumidores.
Atualmente a Copasa atende 635 municípios, com mais de 14 milhões de consumidores. No Sul de Minas, 135 cidades são abastecidas pela companhia. Em 2014, segundo a empresa, alguns municípios da região passaram por situação de alerta, como Campanha, Campos Gerais e Lavras, por causa da baixa vazão dos mananciais.
Situação crítica
Alguns municípios da região que não são abastecidos pela Copasa já adotaram racionamento ou fazem manobras para economizar água. São eles: São João da Mata, Paraisópolis, Passa Quatro, Consolação, Cambuí, Carmo de Minas, Córrego do Bom Jesus, Cristina, Delfim Moreira e Aguanil.