Queijo Minas Artesanal: uma identidade mineira
O queijo Canastra pode até ser "o queridinho" dos clientes do Mercado Central de Belo Horizonte (veja vídeo acima), mas a variedade das iguarias artesanais aqui em Minas Gerais vai muito além dele. Afinal, queijo mineiro não é tudo igual, hein?!
Cada região tem seu jeito de fazer e por isso os queijos variam em texturas, cheiro e sabor. Uma riqueza eternizada em receitas que remetem ao século XVIII. Quer conferir onde eles estão e como eles são? Clique no mapa da rota do queijo e faça uma viagem saborosa. (Veja o mapa abaixo)
Produção
Queijo Minas Artesanal — Foto: Renata de Paoli
Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), o estado é responsável por 40% da produção nacional de queijo. A produção chega a 48 mil toneladas por ano e deste total 34 mil são artesanais.
"Para que uma região seja demarcada, é preciso ter descrito o modo como o queijo é feito e isso é enviado para o órgão público aprovar. Em seguida é feito o registro no Instituto Mineiro de Agropecuária, tanto do produto quanto da fazenda", explicou o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Faemg, Altino Rodrigues Neto.
🧀O que é o Queijo Minas Artesanal?
- É o queijo feito de leite cru, processado até duas horas após a ordenha e na propriedade rural.
- O modo artesanal da fabricação do QMA foi registrado como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
- Hoje, 112 queijarias estão registradas no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) com o Selo Arte, o que permite a comercialização em todo país.
🧀E de onde vem tanta variedade?
- Minas Gerais é um estado muito grande e vários produtores tinham dificuldade de entregar todo o leite que produziam. Para aproveitar a matéria prima, começaram a produzir queijos.
- Há também a influência dos portugueses que aqui viviam e que trouxeram suas receitas da Europa e que sofreram adaptações.
- O queijo curado, que aparece em diversas regiões, surgiu na época dos tropeiros. As viagens duravam de 15 a 20 dias. Quando chegavam às feiras, já estavam maturados.
Produção de Queijo Minas Artesanal — Foto: Renata de Paoli
🧀Marca Território e Selo de Indicação Geográfica: qual a diferença?
- Marca Território: é uma estratégia econômica e de identidade de um território baseada em um produto chave. E está ligada a origem de produção. O objetivo é regulamentar, controlar a produção, proteger e promover o produto no mercado.
- Selo de Indicação Geográfica: é o reconhecimento de um determinado território na confecção de um determinado produto. Acontece por meio de fama ou tradição. E características do ambiente interferem na produção e dá exclusividade ao produto. O registro é feito no Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
- No estado, os queijos do Serro, Canastra e Cerrado possuem o selo de IG. Mas se o local não possui potencial para o selo, a proteção pode vir por meio da Marca Território.
Queijista?
O mineiro Jhon Braga, especialista em queijos, em Nova York segurando um queijo canastra. — Foto: Arquivo pessoal
Nascido e criado em Minas Gerais, Jhon Braga cresceu vendo os avós produzirem queijo, em Montes Claros, no Norte do estado. A memória afetiva definiu a profissão: ele é um queijista, especialista em avaliar e classificar queijos. Se mudou para Nova York, nos Estados Unidos e trabalhou para uma das maiores lojas de queijo do país.
"Os queijos de Minas Gerais se destacam por serem singulares. Não há nada que se iguale a eles mas ainda são pouco conhecidos no exterior. Em julho deste ano, por exemplo, eu farei uma apresentação na conferência da Sociedade Americana de Queijos em Buffalo, Nova York. O tema é queijos brasileiros e, claro, não deixarei de citar o Queijo Minas Artesanal e as micro regiões produtoras de queijos artesanais de Minas", explicou Jhon Braga.
Jhon Braga em BH. Toda vez que vem ao Brasil, leva para os EUA queijos na mala. — Foto: Arquivo Pessoal
🧀Queijo Minas Artesanal: Patrimônio Imaterial da Humanidade?
Queijo Minas Artesanal — Foto: Renata de Paoli
O processo está em andamento e segundo o SEBRAE, até o fim do ano deve haver um posicionamento das Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Desde 2002, os diferentes modos de fazer já se tornaram Patrimônio Imaterial de Minas Gerais. Em 2008, veio o reconhecimento nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
"Só falta a chancela da Unesco que deve vir no final deste ano. Todo o processo de defesa e documentação já foi feito. Agora é aguardar o julgamento e o mérito. A gente tá com uma perspectiva muito boa de conseguir isso. A importância do queijo pra Minas não é só econômica, é um símbolo do estado", explicou o analista da Unidade de Negócios do Sebrae Minas, Ricardo Boscaro.
🧀Muita variedade em um só lugar
Festival do Queijo Artesanal de BH. — Foto: Antonio Salaverry/Arquivo Pessoal
Quem gosta desta especialidade mineira vai poder encontrar os produtos de 13 das 15 regiões já reconhecidas no estado, na Sexta Edição do Festival do Queijo Artesanal. Ao todo, 40 expositores estão inscritos.
Desta quinta-feira (13) até 15 de junho, na Expominas, vai ter degustação e venda de queijos, workshops, rodada de negócios, palestras e gastronomia tendo o queijo como ingrediente.
🧀Serviço
- Sexta Edição do Festival do Queijo Artesanal
- Data: 13/06 a 15/06
- Local: Expominas (Av. Amazonas, 6020 - Gameleira, Belo Horizonte)
- Horário: 12h às 22h e em 15/06 - 10h às 22h