Por Alex Araújo, g1 Minas — Belo Horizonte


Belo Horizonte está sob nuvens carregadas e chuva — Foto: Ernane Fiuza/TV Globo

🌧️ Belo Horizonte e a Região Metropolitana tiveram menos chuva do que o esperado em 2023. De acordo com a meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), oito dos 12 meses do ano passado apresentaram um volume inferior ao considerado “normal” (veja a tabela completa abaixo).

🌧️ Para se ter uma ideia, o mês de dezembro, que normalmente é bastante chuvoso, registrou 158,3 milímetros de precipitação, sendo que o "normal" seria de 339,1 milímetros – houve déficit de 180,8 milímetros.

🌧️ Segundo a meteorologista, a medição pluviométrica anual foi feita na estação convencional do Santo Agostinho, Região Centro-Sul da capital mineira, e foi considerado o valor de referência para cada mês.

🌧️ Os números negativos indicam que a precipitação foi abaixo da média e os positivos, acima.

“Lembrando que os valores negativos de maio a setembro não são relevantes por ser o período seco. Chama atenção os valores negativos de novembro e dezembro, que mostram o atraso no estabelecimento da estação chuvosa”, explicou Anete.

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Por que houve pouca chuva em 2023?

🌧️ Anete disse que um dos fatores que contribuíram para a escassez da chuva foi porque a primavera ficou seca e muito quente, reflexo da ação do El Niño.

“Normalmente em anos sob sua atuação, as chuvas são irregulares e as temperaturas mais elevadas que o normal”.

🌧️ O El Niño é um fenômeno natural que faz o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, ocorre em intervalos irregulares de cinco a sete anos, tem duração média de um ano a um ano e meio e que começa nos últimos meses do ano.

As mudanças climáticas sofridas pelo planeta também vem provocando alterações nos ciclos das chuvas no país e aumento do calor.

O aquecimento global

  • Recorde no acúmulo de gás carbônico na atmosfera;
  • Uma longa sequência de recordes diários de calor;
  • Oceanos com recordes de temperatura;
  • O mês de julho mais quente já registrado no planeta.

🌡️ O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que estamos vivendo uma "era de fervura global" e que os sinais mostram uma emergência climática.

Dia nublado e com chuva em Belo Horizonte — Foto: Ernane Fiuza/TV Globo

Seca e chuvosa

🌧️ A meteorologista disse também que, em Belo Horizonte, assim como todo o estado, há duas estações bem definidas: seca e chuvosa.

🌧️ Segundo ela, a seca corresponde aos meses do outono-inverno. A chuvosa, da primavera-verão.

“Esta definição é necessária porque as chuvas do primeiro trimestre do ano são referentes à estação chuvosa anterior. Além disso, até fevereiro de 2023, o fenômeno La Niña influenciava o clima no mundo, inclusive aqui em Minas Gerais. Esta é uma das razões de termos tido o primeiro bimestre de 2023 mais chuvoso que o normal, mas em março houve redução das chuvas sinalizando o declínio do período chuvoso. Em abril, a transição para a estação seca que se estabeleceu em maio”.

🌧️ Contudo, Anete falou que o problema em 2023 foi o falso indício do período chuvoso – entre meados de outubro e início de novembro – que foi interrompido por uma forte onda de calor, em novembro, que restabeleceu características da estação seca e que persistiram até aproximadamente o dia 18 de dezembro.

Veja a tabela com a quantidade de chuva em 2023

Chuva em BH e Região Metropolitana em 2023

MESES NORMAL 2023 ANORMAL
JANEIRO 330,9 MM 460,8 MM 129,9 MM
FEVEREIRO 177,7 MM 116,3 MM -61,4 MM
MARÇO 197,5 MM 106,2 MM -91,3 MM
ABRIL 82,3 MM 105,2 MM 22,9 MM
MAIO 28,1 MM 0,4 MM -27,7 MM
JUNHO 11,4 MM 4 MM -7,4 MM
JULHO 5,4 MM 1,4 MM -4 MM
AGOSTO 10,6 MM 31 MM 20,4 MM
SETEMBRO 49,2 MM 15,8 MM -33,4 MM
OUTUBRO 110,1 MM 164,9 MM 54,8 MM
NOVEMBRO 236 MM 113,9 MM -122,1 MM
DEZEMBRO 339,1 MM 158,3 MM -180,8 MM
ANUAL 1.578,3 MM 1.278,2 MM -300,1 MM

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