Por Thaís Leocádio, TV Globo — Belo Horizonte


FBC e VHOOR — Foto: Rafael Barra/Divulgação

"Charmosa! Cheirosa! Nossa!". Se você leu no ritmo da música, provavelmente faz parte dos milhões de ouvintes de "Se tá solteira", de FBC e VHOOR. Os artistas mineiros conversaram com o g1 sobre o álbum "Baile", lançado em novembro deste ano. Assista no vídeo abaixo:

FBC e Vhoor falam sobre o álbum ‘Baile’

FBC e Vhoor falam sobre o álbum ‘Baile’

"Sou cria da zona norte, ali da Vilarinho, por isso a minha relação com o funk", disse Fabrício Soares, o FBC, que canta rap há quase duas décadas. Também chamado de Padrim, ele é um dos competidores que mais venceu batalhas no Duelo de MCs de Belo Horizonte, embaixo do Viaduto Santa Tereza.

O músico de 32 anos cresceu em Santa Luzia, na Região Metropolitana, e hoje mora no bairro Cabana do Pai Tomás, na Região Oeste de Belo Horizonte. Ele é casado e pai de três filhos. Foi através da mulher, que ouvia as produções do VHOOR, que os caminhos dos dois músicos se encontraram.

FBC — Foto: Wanderley Vieira/Divulgação

Victor Hugo de Oliveira Rodrigues, o VHOOR, é da Região de Venda Nova e muitas de suas referências também têm ligação com a Vilarinho. O jovem de 23 anos tem o trabalho reconhecido internacionalmente e, atuando como DJ nos eventos da capital, percebe a resposta do público nas pistas.

VHOOR — Foto: Wanderley Vieira/Divulgação

"Ano passado a gente teve a oportunidade de se conhecer no estúdio, desenvolvendo o álbum 'Outro Rolê', um EP de seis faixas. Nesse processo, a gente acabou tendo umas ideias, como essa ligada ao Miami Bass em Belo Horizonte. É um estilo que sempre esteve presente no lugar onde a gente morava, é um estilo musical que tanto minhas tias, quanto meus primos e meus amigos cresceram escutando", contou o beatmaker.

Em 10 faixas, "Baile" conta a história do protagonista chamado Pagode. A batida traz a nostalgia dos anos 90. As letras falam sobre violência policial, desilusão e família.

"Uma Ópera Miami. Eu conto a história de um drama desse protagonista, que é um cara que gosta de dançar, é pai solo, está entre a dança e a necessidade de cuidar da filha dele, de viver aquelas coisas que existem na periferia. Essas discussões que a gente sabe que é o contexto dentro da favela", explicou FBC.

O single "Se tá solteira", com participação de Mac Júlia, foi criado para estourar no TikTok. E estourou. Até esta sexta-feira (26), mais de 368 mil pessoas haviam publicado a trend com o áudio oficial. Entre elas, estão celebridades como Maísa, Larissa Manoela, Marina Sena e Virgínia Fonseca.

Capa do álbum 'Baile' — Foto: Raideno/Divulgação

"Foi tudo pensado para ser daquele jeito. A música, a letra toda para servir a esse propósito de viralizar. Não acredito que tenha uma fórmula, mas nesse caso a gente pensou na música pro TikTok e hoje ela tá entre as cinco mais populares dentro da plataforma, com quase 100 milhões de visualizações", afirmou Fabrício.

A ilustração da capa do álbum também tem influência da cultura hip hop da Grande BH e foi criada por Raideno. Ele carrega no portfólio trabalhos com outros nomes importantes do rap, como Djonga. "Confiei nele para executar uma ideia que a gente tinha na cabeça. É sobre a época, a estética dos anos 90, anos 2000, o lance das cores, do grafite", explicou Padrim.

Para o futuro, os dois já planejam outras parcerias, com produções que explorem brasilidades e percussão.

"Pra mim é sucesso, cara. Acho que essa é a palavra. Dois carinhas que fazem música eletrônica de favela, de comunidade, de gueto. Música eletrônica de gente que não tem recurso e conseguiu chegar nos charts do mundo. A gente só tem a comemorar junto com o pessoal que acreditou na gente desde o começo. Que a gente faz uma música sincera, de qualidade, nunca deixando de representar nossa identidade", finalizou o rapper. O baile segue.

FBC — Foto: Rafael Barra/Divulgação

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