Por Marina Pereira, Pablo Caires, g1 Grande Minas


Edifício Roma, em Montes Claros — Foto: Francyne Perácio/Inter TV

O Ministério Público de Minas Gerais emitiu uma decisão administrativa cautelar que suspendeu, temporariamente, os serviços de reforço estrutural no edifício Roma, interditado em Montes Claros desde o dia 8 de abril. (Relembre o caso abaixo)

No documento, o MPMG alega que a construtora Turano concordou em contribuir com os custos para contratação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), mas após o envio do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) passou a colocar empecilhos. O IPT é uma empresa pública que pertence ao governo de São Paulo, indicada pela 13ª Promotoria de Justiça de Montes Claros, para acompanhar, de forma isenta, os trabalhos técnicos no prédio por seis meses.

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Segundo a decisão administrativa cautelar, representantes da empresa estavam “atuando nos bastidores da investigação para impedir ou protelar ao máximo o acompanhamento das obras pelo IPT ou de qualquer agente externo, capacitado, imparcial e sobretudo indicado por ator sem interesses econômicos na questão”.

VÍDEO: MG1 mostra trechos da decisão do Ministério Público

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O Ministério Público esclareceu também que há uma gravação de uma conversa entre os mesmos representantes com a engenheira do IPT no intuito de induzi-la, sem sucesso, “a afirmar fatos inverídicos de interesse de quem pretendesse impedir a participação do IPT na fiscalização da obra (ou permiti-la apenas se esta fosse dependente de trabalho de escritório de projetos escolhido pela própria Construtora)”.

No documento, consta ainda que a equipe de fiscalização do Procon Estadual foi impedida de acessar as áreas comuns do prédio na última segunda-feira (17) e foi registrado um boletim de ocorrência.

Para o Ministério Público, as evidências indicam que a construtora “deseja impedir ou ao menos protelar ao máximo a participação de algum agente fiscalizador externo e independente - não escolhido por ela nem dependente de serviços prestados por empresa escolhida por ela – no acompanhamento das obras de reforço estrutural da edificação e, talvez, na apuração da causa do colapso”.

A decisão administrativa prevê a suspensão dos serviços até o início do acompanhamento das obras pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas ou pelos próximos sete dias. Neste período, continuam sendo feitas ações de monitoramento diário da estabilidade e do escoramento da edificação que o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil considerarem absolutamente inadiáveis para garantir a segurança do prédio e do entorno.

A produção da Inter TV solicitou um posicionamento da construtora e aguarda retorno.

Entenda o caso

Vídeo mostra prédio evacuado em Montes Claros

Vídeo mostra prédio evacuado em Montes Claros

O prédio foi interditado no dia 8 de abril após problemas na estrutura de dois pilares. Por questões de segurança, a medida foi aplicada para imóveis e vias em um raio de 60 metros por 15 dias. O edifício possui 30 apartamentos e 19 andares.

As residências, comércios e o trânsito no entorno do edifício Roma, foram liberados no dia 23 de abril após a elaboração de um laudo técnico, feito por uma empresa independente, que atestou a segurança da edificação.

Conforme a empresa contratada, assim que o edifício foi interditado, a construtora solicitou análise do projeto estrutural original para verificar as causas do problema e o monitoramento da estrutura para permitir a entrada de funcionários para a execução do escoramento.

Com a ajuda de um software, a empresa aponta ter identificado a seguinte situação:

“Deficiência de rigidez no núcleo composto pelos elevadores e escada, além de tensões de compressão elevadas em alguns pilares até o piso do 12º pavimento. Também foi constatado que, na transição dos pilares do 3º pavimento, onde a transmissão dos esforços e realizada diretamente pela placa da laje nervurada, as tensões de punção nos capiteis e as deformações do elemento portante estão maiores que os valores previsto na normativa técnica vigente.”

O laudo detectou que é provável que o problema tenha ocorrido por conta da “flexibilidade exacerbada da estrutura, associada as elevadas tensões de trabalho.”

Após analisar o cenário, o documento diz "todas as não conformidades identificadas serão solucionadas por meio de reforço e recuperação da estrutura."

Para decidir pela liberação do entorno, a empresa contratada destaca que considerou o escoramento já feito, a manutenção do prédio no prumo, a normalidade dos fatores climáticos e geológicos na região, a realização de intervenções seguindo as normas técnicas e que a circulação de veículos não interfere nas soluções de escoramento.

Já sobre a desinterdição do Roma, o laudo recomenda “a continuidade do monitoramento e a imediata execução do projeto de reforço estrutural, que se encontra em fase final de elaboração, visando a liberação segura e rápida para o retorno dos moradores.”

No dia 30 de abril, os moradores que tiveram que deixar o edifício Roma e estavam em hotéis foram transferidos para casas e apartamentos temporários enquanto o local passa pelas obras de reforço.

Na ocasião, a construtora Turano informou por meio de nota que “está trabalhando para garantir uma transição tranquila, buscando acomodar com conforto todos até que o edifício esteja pronto para seu retorno.”

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