Filhote foi mantido no quartel da PM até ser solto — Foto: Juliana Mori / Arquivo Pessoal
O filhote de onça-para atropelado por um carro na zona rural de Unaí (MG) foi devolvido à natureza. O animal, que teve uma lesão no pulmão, permaneceu por seis dias sob os cuidados de uma equipe formada por policiais militares e veterinários.
"Hoje é um dia de bastante alegria para nós, temos a possibilidade de soltar o animal no local correto. Estamos com o pessoal do Instituto Estadual de Florestas, mantenedores da fauna no estado de Minas Gerais. Graças a Deus com esse trabalho conjunto, esse apoio que tivemos da Polícia Ambiental, do IEF, da doutora Juliana e do matadouro de Unaí, que nos forneceu alimentação para esse animal, temos a oportunidade de fazer a soltura", disse o tenente Marcos Paulo, da PM.
Como noticiou o G1, logo após o atropelamento, o motorista acionou a PM e pediu ajuda. O filhote tem aproximadamente seis meses.
“Ela teve escoriações superficiais e apresentou uma contusão pulmonar, diagnosticada por exame clínico e de ultrassom. A lesão faz com que a capacidade pulmonar dela seja reduzida, ela poderia ter dificuldades para caçar, por exemplo, já que é uma atividade que exige que ela corra”, falou a veterinária Juliana Mori.
Onça foi atropelada na zona rural de Unaí — Foto: Polícia Militar / Divulgação
A especialista afirmou que nessa idade as onças ainda estão aprendendo a sobreviver na natureza. Até um ano, elas são ensinadas a caçar e geralmente ficam perto da mãe. A onça-parda é o segundo maior felino do Brasil, ficando atrás apenas da onça-pintada
Sobre os cuidados
"Quando um animal silvestre se deixar capturar é porque está muito ferido. Por isso, quando chegam até nós, muitos não sobrevivem. A sensação de poder tratar deles e devolvê-los de volta à natureza é única, é muito gratificante”, destacou a veterinária.
O felino passou por duas avaliações, uma no dia em que o atropelamento ocorreu e outra para verificar a possibilidade de soltura.
“Além dos equipamentos de proteção normais, usamos a contenção química, para sedar e permitir que o animal seja examinado, com objetivo de garantir segurança durante o atendimento. Nesse caso, usamos ainda medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos”, explicou Juliana Mori.
Na segunda consulta, o filhote passou por exames e ganhou um chip.
“Como ela não tem alguma marca que a identifique, o microchip serve para isso. Passa-se uma leitora e, por meio de um número, dá para saber os dados do animal, quando foi capturada pela primeira vez, o que aconteceu, a idade. Os dados são jogados em um sistema e tudo fica armazenado. Achamos por bem colocar até para saber, se for capturada novamente, o tanto que percorreu de distância, imaginar o território dela”, falou Juliana Mori.
Onça sendo examinada logo após o atropelamento — Foto: Juliana Mori / Arquivo Pessoal
Em entrevista ao G1, o tenente Marcos disse ainda que resgates de animais silvestres são comuns na região de Unaí e cita que, recentemente, um lobo guará e uma jaguatirica foram soltos em uma reserva após serem capturados. Ambos estavam comendo galinhas em propriedade rurais.
“Sabemos que, infelizmente, algumas pessoas acabam matando animais na tentativa de resolver o que pensam ser um problema. A orientação é ligar para a PM, para entendermos toda a situação, avaliarmos o que está levando aquele bicho para aquele local e o que está fazendo com que tenha determinado comportamento. Os conflitos entre o homem e a natureza sempre vão existir. O que precisamos fazer é administrá-los considerando a melhor solução para os dois lados.”
O policial esclareceu que o processo de soltura dos animais resgatados precisa ser analisado em vários aspectos, por isso, conta com envolvimento de diferentes órgãos ambientais e conta com um plano de manejo.
“Não podemos simplesmente pegar um animal e soltar em outro lugar. Dessa forma, não estaremos resolvendo um conflito, apenas estaremos transferindo para outro local.”
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