Por Poliana Casemiro, Valéria Oliveira, g1


Vídeos mostram crianças yanomami desnutridas um ano após anúncio de emergência do governo

Vídeos mostram crianças yanomami desnutridas um ano após anúncio de emergência do governo

O g1 teve acesso a imagens exclusivas que mostram crianças yanomami desnutridas em busca de atendimento. Os registros são fortes e denunciam que, mesmo um ano após o governo Lula decretar emergência de saúde pública na região, o retrato ainda é de fome, doenças e mortes.

Nas imagens acima, é possível ver uma criança de 1 ano e 9 meses com 5,3 kg, que é o peso ideal de um bebê de três meses, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mostram ainda uma criança de 4 anos com 6,7 kg, que é o peso mínimo de um bebê de cinco meses.

No vídeo, um menino franzino de 11 anos chora ao chegar em busca de atendimento por causa de desnutrição. Ele tem apenas 15,4 kg, pouco mais do que deveria pesar uma criança de 2 anos.

➡️ Em janeiro de 2023, o governo Lula, recém-empossado, expôs a situação no território, decretou emergência de saúde pública e deflagrou uma série de operações para garantir assistência aos indígenas e conter o garimpo ilegal.

Na avaliação do Ministério Público Federal e de lideranças indígenas, a União conseguiu dar uma resposta de emergência, mas não avançou o suficiente, e o cenário devastador segue o mesmo. Ainda há fome, malária, centenas de mortes e devastação com o garimpo.

O presidente Lula chegou a fazer uma reunião com ministros na terça-feira (9) para avaliar as ações tomadas e definir novas medidas. Ficou determinado que a presença das Forças Armadas e da Polícia Federal será permanente na região. A Casa Civil anunciou ainda investimentos de R$ 1,2 bilhão para "ações estruturantes" em 2024.

Procurado, o Ministério da Saúde atribuiu a situação à "desassistência e desmonte das políticas de saúde indígena" em anos anteriores, com "consequências profundas que estão sendo combatidas com ações de emergência e estruturantes de forma interministerial".

O Ministério dos Povos Indígenas, por sua vez, elencou investimentos, a ampliação de unidades de saúde e o envio de agentes de saúde ao território.

Ministério da Defesa citou o apoio logístico das Forças Armadas na distribuição de toneladas de alimentos e materiais de apoio, além da realização de evacuações aeromédicas e a prisão de suspeitos de garimpo.

👉 Leia a íntegra das notas dos ministérios ao final desta reportagem.

Abaixo, confira um raio X da situação dos Yanomami.

1

2

3

4

5

👉 Leia a íntegra das notas dos ministérios:

Ministério dos Povos Indígenas

Desde janeiro de 2023, o Governo Federal mobiliza uma operação interministerial para salvar vidas e garantir o acesso à saúde dos povos Yanomami, diante dos desafios causados pela desassistência dos últimos anos. Neste período, mais de 21 mil atendimentos de saúde foram realizados aos indígenas encontrados em grave situação de abandono.

Desde a decretação da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), em janeiro de 2023, o Ministério da Saúde investiu mais de R$ 220 milhões para reestruturar o acesso à saúde dos indígenas da região - um valor 122% maior que o ano anterior, ou seja, a gestão atual mais que dobrou os recursos direcionados aos yanomami.

Com a adoção de diversas ações emergenciais, foi possível garantir a recuperação dos indígenas com graves problemas de saúde. Para enfrentar a malária e outras doenças, a pasta enviou agentes de controle de endemia, com medicamentos e testes rápidos para realizarem a busca ativa de pacientes, além de médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas, farmacêuticos, biólogos, psicólogos, fisioterapeutas, agentes indígenas de saúde, de saneamento, químicos, entre outros profissionais.

Em 2023, foram mobilizados cerca de 960 profissionais, 270 a mais que o mesmo período de 2022. Também foram reabertos sete Polos-Base e Unidades Básicas de Saúde Indígena, totalizando 68 estabelecimentos de saúde com atendimento em terra Yanomami. Além disso, o governo federal, através do Programa Mais Médicos, permitiu um salto de 9 para 28 no número de médicos para o atendimento àquela população em 2023.

Após a operação emergencial, o Ministério da Saúde vem reformando, ampliando e equipando unidades de saúde no território para prover um melhor cuidado à saúde da população indígena. Nesta terça-feira (9), o governo federal anunciou reforço da segurança no território Yanomami, medida fundamental para o avanço das ações de saúde na região."

Imagens exclusivas feitas em janeiro de 2024 mostram crianças yanomami desnutridas — Foto: Arquivo Pessoal

Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde, desde janeiro de 2023, atua no território Yanomami em uma operação para salvar vidas e garantir o acesso à saúde aos indígenas diante da grave situação de desnutrição em que foram encontrados. A queda de óbitos é um dos resultados da operação para combater a crise humanitária enfrentada por essa população nos últimos anos. A desassistência e desmonte das políticas de saúde indígena ainda causam consequências profundas que estão sendo combatidas com ações de emergência e estruturantes de forma interministerial.

O Ministério da Saúde investiu mais de R$ 220 milhões para reestruturar o acesso à saúde dos indígenas da região - um valor 122% maior que o ano anterior, ou seja, a gestão atual mais que dobrou os recursos direcionados aos yanomami. Neste período, mais de 21 mil atendimentos de saúde foram realizados aos indígenas encontrados em grave situação de abandono. Cerca de 307 crianças diagnosticadas com desnutrição, grave ou moderada, foram recuperadas ao longo de um ano e outras 70 estavam em tratamento até novembro de 202

A Casa de Saúde Indígena Yanomami possui um Centro de Recuperação Nutricional para desnutrição moderada e grave. Todos os pacientes são acompanhados, monitorados e avaliados pelas equipes multidisciplinares de saúde. Em 2022, foram registradas 44 mortes por desnutrição e, em 2023, foram 29 óbitos.

Com a adoção de diversas ações emergenciais, foi possível garantir a recuperação dos indígenas com graves problemas de saúde e desnutrição. Para enfrentar a malária, a pasta enviou agentes de controle de endemia, com medicamentos e testes rápidos para realizarem a busca ativa de pacientes. Apenas em 2023, foram realizados mais de 140 mil exames para diagnóstico da malária no território, aumentando o número de notificações em relação ao ano anterior, onde não eram realizados exames e busca ativa em todo o território. As notificações só são possíveis após a realização de exame diagnóstico.

Também foi elaborado um Plano de Ação para controle da malária na região, identificando as áreas prioritárias, com estratégias como a busca ativa de casos, o tratamento supervisionado, identificação de criadouros do mosquito vetor e instalação de mosquiteiros com inseticida de longa duração e termonebulização.

Em 2023, foram mobilizados cerca de 960 profissionais, 270 a mais que o mesmo período de 2022. Também foram reabertos sete Polos-Base e Unidades Básicas de Saúde Indígena, totalizando 68 estabelecimentos de saúde com atendimento em terra Yanomami. Além disso, o governo federal, através do Programa Mais Médicos, permitiu um salto de 9 para 28 no número de médicos para o atendimento àquela população em 2023.

Após a operação emergencial, o Ministério da Saúde vem reformando, ampliando e equipando unidades de saúde no território para prover um melhor cuidado à saúde da população indígena. A Pasta também investe na ampliação da telessaúde no território para expandir a capacidade de atendimentos. Nesta terça-feira (9), o governo federal anunciou reforço da segurança no território Yanomami, medida fundamental para o avanço das ações de saúde na região.

Ministério da Defesa

O apoio logístico das Forças Aramados em auxílio aos Yanomami resultou na distribuição de cerca de 766 toneladas de alimentos e materiais de apoio transportados, o que ultrapassou a marca de 36 mil cestas de alimentos distribuídas. Além disso, foram realizados 3.029 atendimentos médicos e 205 evacuações aeromédicas. Já nas ações de combate ao garimpo ilegal, os militares detiveram 165 suspeitos, entregues aos órgãos de segurança pública. Para as ações foram empregados, aproximadamente, 1.400 militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. O esforço aéreo somou cerca de 7.160 horas de voo.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!