Por g1


Ciclone extratropical visto via satélite nesta sexta-feira (16). — Foto: Reprodução/Regional and Mesoscale Meteorology Branch

Os temporais causados por um ciclone extratropical no sul do Brasil deixaram mortos e desaparecidos. A passagem desse fenômeno intensifica ainda outras condições do clima que vão espalhar o frio por diversas capitais às vésperas da chegada do inverno.

Em dias de fenômenos climáticos atípicos, vale relembrar o que de fato eles significam e o que explica sua ocorrência. Veja abaixo:

1) O que são ciclones? O que é um ciclone extratropical?

Para entendermos isso precisamos lembrar que a atmosfera da Terra exerce uma pressão sobre a superfície do globo. A pressão do ar é maior ao nível do mar e diminui à medida que a altitude sobe, pois quanto mais ar, temos mais peso.

Os ciclones são sistemas de baixa pressão atmosférica, isto é, regiões causadoras de tempo adverso em grande escala, explica o meteorologista Bruno Bainy, do Centro de Pesquisas Meteorológicas da Unicamp.

Ciclone extratropical: veja como se forma e entenda diferenças de outros ciclones

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"Eles promovem convergência de umidade nos níveis baixos e estão associados a movimentos verticais ascendentes do ar, ambos fatores contribuindo para a formação e o desenvolvimento de nuvens", afirma.

Segundo o meteorologista, são três os diferentes tipos de ciclones:

  1. Tropicais: também conhecidos como furacões ou tufões, eles se formam em regiões equatoriais, sobre os oceanos, e retiram sua energia do calor extraído dos mares;
  2. Extratropicais: se formam preferencialmente em latitudes médias, e são formados pelo contraste de temperaturas de diferentes massas de ar (quente e fria);
  3. Subtropicais: possuem características de ambos anteriores. Tipicamente, se formam quando um ciclone extratropical se desenvolve sobre o oceano, e encontra temperaturas na superfície do mar mais aquecidas.

Cesar Soares, meteorologista da Climatempo, diz que, apesar de o nome assustar, os ciclones são mais comuns do que imaginamos. Os extratropicais, por sua vez, são aqueles associados às frentes frias (regiões que demarcam o avanço de massas de ar).

"Então, toda vez que passa uma frente fria pelo Brasil, isso significa que a gente está sobre influência de um ciclone extratropical. Ele é extratropical porque ele se forma nos extratrópicos", afirma. "E esse foi o sistema que disparou tudo que estamos começando a sentir, mas não foi só ele".

Soares explica que foram várias áreas de baixa pressão que deram origem a esse ciclone extratropical em específico e que agora ele está mudando de categoria e passando a ser um ciclone subtropical. Por essa razão, ele deve ser mais intenso e trará ventos mais fortes.

2) O que é uma massa de ar polar? Por que ela vai derrubar as temperaturas?

Bainy explica que massas de ar são enormes porções atmosféricas que persistem em uma determinada região do planeta e adquirem propriedades dessa superfície. Assim, temos massas que são caracterizadas como secas, úmidas, frias, quentes, etc.

Por isso, como o próprio nome sugere, as massas de ar de origem polar se formam nos polos e possuem baixas temperaturas.

"Em geral, são continentais, e por este motivo têm baixo teor de umidade em si. Mesmo atravessando o oceano, essas características se preservam bem, mas sempre há interação transformadora com a superfície pela qual ela passa. No entanto, assim que essa massa de ar se estabelece sobre uma localidade, vai se ajustando às novas condições, e perde suas características originais", afirma.

É comum que a passagem do ciclone seja acompanhado de ventos muito fortes, sendo capaz de "jogar" a massa de ar frio para as áreas mais centrais do Brasil, derrubando as temperaturas pelo país.

Por isso é normal termos uma queda de temperatura muito brusca após a passagem do ciclone subtropical.

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