Mato Grosso (Foto: Reprodução/TVCA)
O ano de 2014 para a pecuária em Mato Grosso foi de preços acima do esperado. A arroba do boi gordo, que começou valendo R$ 90,00, terminou por volta de R$ 130,00. O otimismo durante todo o ano, só foi interrompido por um caso de vaca louca no estado, que embargou a carne local para alguns países.
O abate de fêmeas em anos anteriores para superar dificuldades de descapitalização, resultou na diminuição do rebanho em 2014, e consequentemente em uma menor oferta de animais para abate. Ocasionando um aumento no preço da arroba.
O pecuarista Guilherme Nolasco diz que foi a chance dos criadores recuperarem os prejuízos de anos anteriores. Ainda no primeiro semestre, a valorização do boi gordo puxava todos os segmentos da atividade. E mesmo com os preços altos, as vendas seguiram aquecidas e o mercado interno se fortaleceu, uma vez que 80% da carne bovina produzida no estado fica no estado. Com isso, a exportação precisa pagar mais para tirar a carne do estado.
Em meio a tanto otimismo, apareceu um caso atípico de mal da vaca louca, no munícipio de Porto Esperidião, na região da fronteira com a Bolívia. As autoridades sanitárias colocaram o setor em alerta. Porém, mercados importantes, como Peru, Egito, Arábia Saudita e Irã fechavam as portas para a carne brasileira.
Com o cumprimento à risca das exigências do mercado internacional, as vendas foram rapidamente retomadas, o mercado chinês reabriu as portas e o Japão sinalizou que faria o mesmo. “Nós temos recebido elogios da comunidade internacional, tendo em vista a rapidez que o governo federal tem agido”, afirmou Neri Geller, em maio de 2014, ministro da Agricultura na época.
Os frigoríficos também tiveram motivos para comemorar a reabertura e ampliação do mercado internacional. Segundo Luiz Antônio Freitas, presidente do Sindicato dos Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), ter muitos mercados disponíveis para ser explorado é algo bom porque as plantas têm mais opções e isso acaba beneficiando não só a indústria, mas toda a cadeia produtiva.
interditadas após investigação sanitária.
(Foto: Idemar Marcatto/TVCA)
Porém, em Castanheira, Noroeste do estado, um foco de estomatite vesicular animal causou preocupação e prejuízos aos produtores. Mais de 300 propriedades foram interditadas e as vendas de leite e carne ficaram restritas.
Com a atividade de volta à normalidade em Castanheira, a avaliação é de que os desafios sanitários enfrentados em 2014 tiveram um saldo positivo. “Eventos sanitários podem acontecer em qualquer lugar do mundo, e em 2014 aconteceu em Mato Grosso, e nós temos que tirar lições, para que a chance deles acontecerem de novo seja minimizada, mas principalmente nós precisamos estar preparados para enfrentá-los quando por ventura apareçam”, comenta Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
Para reforçar o ótimo ano para a pecuária, a arroba do boi gordo e do bezerro alcançaram cotações históricas, nos últimos meses de 2014. A média para comprar bezerro em anos anteriores era de R$ 750,00. No final do ano, o mesmo bezerro valia aproximadamente mil reais, de acordo com Euzébio Zonta, pecuarista.
Segundo Vacari, um dos objetivos para 2015, é que a pecuária tenha uma melhor renda em Mato Grosso, para obter mais investimentos em recuperação de pastagens, em melhoramento genético e ações que promovam diretamente a melhoria nos índices de produtividade.