15/09/2014 18h35 - Atualizado em 16/09/2014 09h42

Número de queimadas em terras indígenas de MT tem aumento de 68%

Satélite do Inpe detectou 3.713 focos de calor desde 1° de janeiro.
Comparação com mesmo período de 2013 revela aumento de 68,69%.

Renê DiózDo G1 MT

Fogo em terra indígena em Mato Grosso (Foto: Nicélio Silva/Ibama)Fogo em terra indígena de Mato Grosso.
(Foto: Nicélio Silva/Ibama)

O número de queimadas detectadas dentro do perímetro de terras indígenas em Mato Grosso sofreu este ano um aumento de 68% em comparação com o mesmo período (de 1° de janeiro a 15 de setembro) do ano passado. A estatística é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora a ocorrência de focos de calor via satélite.

De acordo com o levantamento do Inpe, de 1° de janeiro até esta segunda-feira (15), as terras indígenas de Mato Grosso tiveram incidência de 3.713 focos de calor. O total é 68,69% superior ao número do mesmo período do ano passado, quando foram detectados 2.201 focos nas terras indígenas.

Também houve aumento do número de terras indígenas com incidência de queimadas. No acumulado deste ano, 53 unidades foram atingidas, cinco a mais que no ano passado.

O aumento na incidência de queimadas em terras indígenas de Mato Grosso segue tendência de aumento de focos de calor no estado como um todo. Desde o primeiro dia do ano, foram detectados pelo Inpe 18.128 focos de calor no território mato-grossense, uma diferença de mais de 71% em relação ao total de queimadas detectadas no mesmo período do ano passado, quando os satélites contabilizaram 10.577 focos.

Exemplo da incidência de queimadas em reservas da Fundação Nacional do Índio (Funai) é a terra indígena Marãiwatsédé, no nordeste do estado.

A unidade de mais de 165 mil hectares teve o registro de 388 focos de calor (parte deles com suspeita de terem sido criminosos) em apenas sete dias, segundo divulgou o Centro Especializado de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, o Prevfogo, ligado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Após operação que prendeu antigos posseiros da região, o número de focos no local caiu drasticamente.

No estado, o Ibama possui quatro equipes de brigadistas para atuar no controle a queimadas em terras indígenas. São 74 brigadistas distribuídos para atuar nas terras indígenas Paresi, região de Tangará da Serra, Utiariti, em Campo Novo do Parecis, Bakairi, em Paranatinga, e Karajá / Tapirapé, na região de Luciara.

Não há qualquer situação fora do controle dentro dessas reservas, explicou o Ibama, apesar de as condições climáticas estarem influenciando no aumento de queimadas este ano – sobretudo o nível muito baixo de umidade relativa do ar nas regiões de cerrado. Ainda segundo o instituto, grande parte das demais terras indígenas dispõe de brigadistas treinados entre os próprios índios responsáveis pelo controle de queimadas e ações preventivas.

O próprio Ibama divulgou nesta segunda-feira aumento de 88% este ano no número de queimadas no país em relação ao mesmo período do ano passado. Foram mais de 17 mil focos só neste mês de setembro e os estados de Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Pará concentram quase 60% do total. A reportagem também procurou a Funai para comentar especificamente sobre a situação de queimadas nas terras indígenas, mas não obteve retorno.