(Foto: Prefeitura de Ponte Branca/Divulgação)
A região leste de Mato Grosso, ao longo da divisa com os estados de Goiás e Tocantins, concentra seis dos dez municípios menos populosos do estado. Araguainha, Serra Nova Dourada, Ponte Branca, Luciara, Ribeirãozinho e Novo Santo Antônio são municípios “nanicos” que, segundo último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não chegam a reunir sequer três mil habitantes cada.
A lista dos dez municípios menos populosos do estado é liderada por Araguainha, com apenas mil habitantes, e completada pelos demais cinco “nanicos” da região leste e representantes de outras regiões, como Santa Cruz do Xingu (ao norte, perto da divisa com o estado do Pará), Indiavaí e Reserva do Cabaçal (na região oeste) e Planalto da Serra, mais ao centro do território mato-grossense.
Região leste
Na porção mais ao sul do lado leste de Mato Grosso, Araguainha (a 471 km de Cuiabá) forma com os municípios de Ribeirãozinho (2.275 habitantes) e Ponte Branca (1.648) um núcleo de cidades pouco populosas. A maior parte da ocupação desta área do estado foi decorrente da antiga atividade garimpeira, mas suas emancipações como municípios não chegam a contar pouco mais de sessenta anos.
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Com direção ao norte, ainda no lado leste do estado, são encontrados municípios como Luciara (2.121 habitantes), Serra Nova Dourada (1.492) e Novo Santo Antônio (2.301) entre as terras da reserva indígena do Xingu e a divisa com o estado do Tocantins. A centenas de quilômetros de distância da capital, esta parte nordeste do estado passou anos sendo chamada de “vale dos esquecidos”.
Municípios menos populosos de MT | População |
---|---|
1. Araguainha | 1.000 |
2. Serra Nova Dourada | 1.492 |
3. Ponte Branca | 1.648 |
4. Luciara | 2.121 |
5. Santa Cruz do Xingu | 2.213 |
6. Ribeirãozinho | 2.275 |
7. Novo Santo Antônio | 2.301 |
8. Indiavaí | 2.518 |
9. Reserva do Cabaçal | 2.621 |
10. Planalto da Serra | 2.665 |
Como resultado do isolamento, do crescimento econômico limitado pelas condições de logística e da distância em relação à capital do estado, a população desses municípios nanicos utiliza cidades um pouco maiores como polos para serviços, comércio e afins.
Este é o papel desempenhado, por exemplo, por Alto Araguaia (a 426 km de Cuiabá e com 17.168 habitantes) ou por Barra do Garças (a 516 km e com 58.099 habitantes) para os moradores de Ponte Branca, Ribeirãozinho e Araguainha quando o assunto são serviços bancários, estudos e busca de empregos, entre outros.
Nesta região, os moradores também recorrem à cidade goiana de Mineiros para, por exemplo, sacar o salário do mês no caixa eletrônico.
População e economia
Segundo o prefeito de Ponte Branca (a 502 km da capital), Humberto Nogueira (DEM), a segurança e o aspecto pacato da cidade é o principal benefício de sua população tão pequena.
Entretanto, administrar um município tão pouco populoso – a não ser que se invista fortemente na agricultura e na logística - significa depender integralmente dos repasses de verba da União via Fundo de Participação dos Municípios (FPM), já que a administração arrecada muito pouco com tributos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Nogueira relata que a pecuária, principal atividade local, reflete pouco em crescimento econômico e a principal geração de empregos acaba sendo a própria administração municipal. Como a população jovem emigra para outras cidades em busca de estudos e trabalho em melhores condições, a população idosa gera uma demanda previdenciária insustentável.
A prefeita de Araguainha, Maria José das Graças Azevedo (PR), também reclama da dependência dos recursos da União. “O IPTU mais alto aqui é de duzentos reais e pouco”, aponta. Ela lamenta a evasão dos jovens da cidade para lugares como Cuiabá ou Goiânia, processo que dificulta a diversificação econômica local e até a renovação política. Segundo a prefeita, os pecuaristas da região não investem em outras frentes de trabalho e o municípo não deixa o estado de estagnação.
O resultado é uma cidade sem criminalidade e de ruas pacatas, muito tranquila para o dia a dia dos idosos e das crianças até entrarem no segundo grau, mas sem qualquer movimentação econômica que possa efetivamente refletir como melhorias por parte da administração pública.