11/12/2015 15h59 - Atualizado em 11/12/2015 15h59

Ex-prefeito de Campo Grande nega participação em reunião sobre Bernal

Nelson Trad Filho foi um dos novos nomes que apareceu no relatório.
Outros 22 suspeitos estão no documento analisado pela Procuradoria-Geral.

Do G1 MS com informações da TV Morena

O ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PTB), negou a participação de reunião para tratar da cassação do mandato de Alcides Bernal (PP). O ex-gestor aparece no relatório do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) sobre a operação Coffee Break, deflagrada em agosto de 2015.

“Repudio veementemente a inclusão do meu nome no relatório preliminar da chamada Operação Coffee Break. Afirmo que nunca participei de nenhuma reunião para tratar da cassação do prefeito Alcides Bernal, nem sequer tratei desta questão por meio de qualquer meio de comunicação (telefone, e-mails, mensagens, etc.) e desafio que se prove o contrário”, afirmou em nota o ex-prefeito.

Nelsinho também disse desconhecer e nunca ter conversado com as pessoas citadas no relatório. O ex-gestor disse ainda que vai tomar as medidas judiciais cabíveis para “reparar os danos morais que essa irresponsabilidade da inclusão do meu nome ocasionou em minha vida e na minha família".

O documento de 270 páginas indica três crimes: associação criminosa, corrupção ativa e passiva.

Alcides Bernal concede entrevista ao Bom Dia MS (Foto: Reprodução/TV Morena)Alcides Bernal teve o mandato cassado em março
de 2014 (Foto: Reprodução/TV Morena)

Outro nome que aparece no relatório como investigado de associação criminosa é do ex-governador André Puccinelli (PMDB). Os dois seriam os organizadores do esquema que teria a participação dos empresários João Amorim, João Baird, Carlos Naegele; vice-prefeito Gilmar Olarte (PP); os vereadores Flávio César (PT do B), Airton Saraiva (DEM); Fábio Portela, Luiz Pedro Gomes Guimarães, Raimundo Nonato de Carvalho.

A defesa do ex-governador disse que ele não vai se manifestar. As defesas de João Amorim, do prefeito afastado Gilmar Olarte (PP) e do vereador Mario Cesar (PMDB) disseram que não tiveram acesso ao relatório.

A produção da TV Morena não conseguiu falar com João Baird, Carlos Naegele e Fábio Portela. Luiz Pedro informou que não teve acesso ao relatório e que não está envolvido. Nonato e Flávio César não foram encontrados.

No relatório, também foram indiciados pelo crime de corrupção ativa: João Amorim, João Baird, Gilmar Olarte, Mario Cesar, Flávio César, Airton Saraiva, Fábio Portela.

Além disso, os vereadores Paulo Siufi (PMDB), Edil Albuquerque (PMDB), Edson Shimabukuro (PTB), Eduardo Romero (Rede), Jamal Salém (PR), Otávio Trad (PT do B), Gilmar da Cruz (PRB), Waldecy Chocolate (PP), Carlos Borges (PSB), João Rocha (PSDB) e o ex-vereador Alceu Bueno (sem partido) foram acusados de corrupção passiva.

Os vereadores Carlão e Edson Shimabukuro disseram que vão provar que são inocentes. O vereador Eduardo Romero disse que ainda não foi notificado e nega as acusações. É a mesma posição do presidente da Câmara, João Rocha. As assessorias dos vereadores Airton Saraiva, Chocolate, Edil Albuquerque e Gilmar da Cruz não responderam às ligações.

Investigações
As investigações da operação Coffee Break começaram no dia 31 de julho. A operação foi deflagrada em 25 de agosto, quando nove vereadores foram conduzidos para prestar depoimento no Gaeco, além de afastar dos cargos o então prefeito Gilmar Olarte (PP) e o presidente da Câmara Municipal, Mario Cesar Fonseca (PMDB).

Promotores analisaram o período do segundo semestre de 2013 até depois de 12 de março de 2014, quando Bernal teve o mandato cassado. “Está claro que houve de fato uma associação de pessoas, que por interesses empresariais e políticos, orquestraram um plano para, por meio de oferecimento de vantagens, obter votos para a cassação do prefeito Alcides Bernal”, explicou o coordenador do Gaeco.

Três pessoas, que serão indiciadas por corrupção ativa, atuaram para angariar votos para a cassação, realizando reuniões e oferecendo vantagens. Houve inclusive compra de apoio para afastar Bernal. “Percebemos que os valores são variáveis. Agora percebemos casos que a movimentação desses valores tão muito maiores que em outros casos”.

Todas essas pessoas movimentaram duas a três vezes dos ganhos anuais. “Para citar apenas um exemplo, um vereador declarou ter recebido R$ 393 mil no ano de 2013 e movimentou em suas contas R$ 4,3 milhões”, ressaltou Oliveira.

Cinco pessoas foram identificadas como articuladoras do esquema. “Temos cinco figuras principais, ligadas à área empresarial e da área política, que efetivamente desenvolveram uma postura mais ativa”, disse o promotor.

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