Contaminação com ácido sulfúrico dificulta buscas por desaparecidos no colapso de ponte
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) monitora a qualidade da água do rio Tocantins após a queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os estados do Maranhão e Tocantins, no domingo (22), que deixou quatro pessoas mortas e 13 desaparecidas, confirmadas até até o momento.
Durante o desabamento, vários veículos que transitavam caíram, incluindo duas carretas que transportavam substâncias químicas. Pelo menos oito veículos passavam pela ponte no momento do desastre. De acordo com a ANA, os caminhões transportavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas.
Como medida preventiva, foi recomendada a suspensão da captação de água para abastecimento público nas cidades localizadas a jusante do local do acidente, incluindo municípios do Maranhão e do Tocantins.
Os municípios do Tocantins e Maranhão em alerta são:
Maranhão
- Porto Franco
- Estreito
- Campestre
- Ribamar Fiquene
- Governador Edson Lobão
- Imperatriz
- Cidelândia
- Vila Nova dos Martírios
- São Pedro da Água Branca
Tocantins
- Aguiarnópolis
- Maurilândia do Tocantins
- Tocantinópolis
- São Miguel do Tocantins
- Praia Norte
- Carrasco Bonito
- Sampaio
- Itaguatins
- São Sebastião do Tocantins
- Esperantina
A ANA, em parceira com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (Sema), realizou coletas de amostras nessa segunda-feira (23). As amostras foram coletadas em cinco pontos do rio, desde a barragem da Usina Hidrelétrica de Estreito até o município de Imperatriz, o qual fica a jusante (rio baixo) do ponto do desabamento.
A análise abrange parâmetros básicos e de maior complexidade da qualidade da água, com apoio técnico da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb-SP), referência em análise de água no país.
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Ponte entre Maranhão e Tocantins desaba sobre rio — Foto: Francisco Sirianno/Grupo Mirante
Suspensão parcial no abastecimento de água
A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que o abastecimento em Imperatriz está parcialmente interrompido devido à paralisação da captação de água do Rio Tocantins. No entanto, a cidade conta com 49 poços ativos, que seguem funcionando normalmente.
Já os municípios vizinhos, abastecidos exclusivamente por poços, não foram afetados e mantêm o fornecimento de água sem riscos à população.
A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado Do Tocantins (Semarh) alertou sobre as contaminações da água para outros dez municípios do estado e oito do Maranhão, que estão nas áreas margeadas pelo Rio Tocantins.
Riscos ambientais
Ponte entre Maranhão e Tocantins desaba sobre rio — Foto: Arte/g1
Segundo o Ibama, além do Maranhão e Tocantins, a água contaminada também pode chegar ao Pará. De acordo com as notas fiscais dos veículos que caíram no rio, as cargas de transporte eram de ácido sulfúrico e pesticidas.
Entre os pesticidas estavam o Carnadine, nocivo se ingerido, tóxico se inalado e capaz de causar irritação na pele e nos olhos; o Pique 240SL, também nocivo se ingerido, causador de irritação na pele e irritação grave nos olhos, além de perigoso para organismos aquáticos; e o Tactor, que, embora não seja classificado como produto perigoso, pode provocar a morte de organismos aquáticos.
Ponte de Estreito, que liga o Tocantins ao Maranhão — Foto: Fotos/ Francisco Sirianno
A equipe técnica do Núcleo de Prevenção e Atendimento a Emergências Ambientais (NUPAEM), do Ibama, chegou ao local nessa segunda-feira (23) para vistoriar a área.
O órgão acompanha a operação de retirada das substâncias, que será realizada por empresas especializadas contratadas pelas transportadoras responsáveis.