14/02/2011 12h30 - Atualizado em 14/02/2011 13h22

Ribeirão Preto entra em guerra contra a dengue para evitar nova epidemia

Município foi o que mais teve casos da doença em SP em 2010: 29.949.
Em todo o estado de SP, 187.707 pessoas pegaram dengue em 2010.

Paulo Toledo PizaDo G1 SP, em Ribeirão Preto

Larvas do mosquito da dengue em Ribeirão Preto (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Larvas do mosquito da dengue em Ribeirão Preto (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

A cidade de Ribeirão Preto, a 313 km de São Paulo, está em guerra contra a dengue. O município registrou em janeiro deste ano 614 casos da doença, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. Há também o registro de uma morte suspeita. O temor das autoridades é que, assim como em 2010, haja uma epidemia.

No ano passado, em todo o estado de São Paulo houve 187.707 casos de dengue, 138 deles com mortes, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde. Em 2010, Ribeirão foi a cidade paulista com o maior número de doentes – 29.949. Nove desses pacientes morreram.

Apesar da quantidade de casos registrados no primeiro mês deste ano, o número é consideravelmente menor do que o registrado em igual período em 2010, quando 1.604 pessoas pegaram dengue (veja tabela abaixo com números de outras cidades).

Cidade Casos em 2010 (total) Casos em janeiro de 2010 Casos em janeiro de 2011
São Paulo 7.489 179 61
Ribeirão Preto 29.949 1.604 614
S. José do Rio Preto 25.021 não divulgado 8
S. José dos Campos 510 1 1
Guarujá 9.386 não divulgado nenhum

De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde do município, Maria Luiza Santa Maria, o combate ao mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, foi intensificado nos últimos meses. “Os agentes em saúde vão quinzenalmente a 578 pontos estratégicos espalhados na cidade, como borracharias e casas abandonadas.”

Nas visitas, os funcionários aplicam larvicida em ralos e calhas e retiram possíveis criadouros, como pneus, pratos de vasos e garrafas. Os moradores também recebem orientações sobre como evitar o surgimento de novos focos da dengue. Em regiões onde houve casos positivos da doença, os agentes aplicam praguicidas nas casas.

Ainda segundo a diretora, a integração entre as secretarias – principalmente com a de Assuntos Jurídicos – é outro fator que merece destaque na guerra contra o mosquito transmissor. Funcionários da Coordenadoria de Limpeza Urbana, por exemplo, intensificam a limpeza de bueiros e retirada de entulho espalhado pela cidade.

A pasta jurídica teve papel fundamental no último ano. “Entramos com ações em casas abandonadas e terrenos em que não nos deixaram entrar”, afirmou Maria Luiza. As multas chegam a R$ 5 mil.

Apesar de todo esse trabalho, a expectativa da secretaria é que os casos da doença aumentem nos próximos meses. Historicamente, a maior parte dos registros ocorrem em abril –nesse período no ano passado, 9.143 pessoas ficaram doentes em Ribeirão.

Medo

O aposentado Sebastião Manuel de Paulo teme a dengue (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)O aposentado Sebastião Manuel de Paulo teme a
dengue (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

Apesar do trabalho da prefeitura, os moradores de Ribeirão temem a dengue. “Tenho medo de morrer. Por isso, não deixo água parada no meu quintal. Mas sempre tem perigo do mosquito aparecer”, afirmou o aposentado Joviano Francisco dos Santos, de 75 anos.

A cabeleireira Adriana Mora Penteado, de 37 anos, trabalha em um salão no bairro Castelo Branco, o mais afetado pela dengue neste ano. Até o dia 9 de fevereiro, 235 pessoas pegaram dengue na região. Para evitar que o mosquito apareça, ela toma diversas providências, como guardar latas e garrafas em sacolas fechadas e permitir que os agentes da Secretaria da Saúde façam vistorias no imóvel. “O problema é que tem muito terreno abandonado. De que adianta eu ter todo esse trabalho perto daqui os mosquitos têm lugar livre para viver?”

Também preocupado, o aposentado Sebastião Manuel de Paulo, de 54 anos, afirmou que faz tudo certo. “Não deixo vasilha de boca para cima. Tenho algumas garrafas para cima, mas vou retirar logo. Espero que não pegue dengue. Tenho medo.”

Dicas
Especialistas ouvidos pelo G1 deram algumas dicas de como prevenir, de forma fácil e rápida, o surgimento do Aedes aegypti. Pneus devem ser mantidos protegidos da água da chuva; caso isso não seja possível, a orientação do Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão é que seja colocado um copo de sal (cerca de 200 ml) dentro de cada câmara.

Bebedouros de animais devem ser lavados semanalmente com esponja, sabão e água. “As ovas podem ficar escondidas no recipiente”, disse a agente de controle de vetores Elaine Polin. Pratos para plantas devem ser furados para escoar a água. Garrafas não podem ficar com o bocal para cima.

Criadouros naturais merecem cuidado especial. “O pessoal às vezes dá mais atenção a pratos e garrafas”, afirmou a também agente de controle de vetores Cristina Fantinati. Plantas que acumulam água, como bromélias e bananeiras, precisam receber jatos de água semanais para retirar possíveis ovas. Troncos ocos de árvores devem ter seu interior preenchido com areia ou cimento.

O combate ao Aedes aegypti no município depende da colaboração dos moradores, segundo a diretora Maria Luiza. “Aqui, 80% dos vetores estão nas casas. Não basta a ação do Estado. É preciso que a população colabore.”

Terrenos com entulho espalhados pela cidade são potenciais criadouros de mosquitos da dengue (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Terrenos com entulho são potenciais criadouros de mosquitos da dengue (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
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