
PF apreende mala com R$ 2 milhões em Duque de Caxias, RJ
A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira (13) mandados de busca, na investigação da compra de votos em municípios da Baixada Fluminense.
Nos alvos da operação, uma família de políticos, todos do MDB: o secretário estadual de Transporte do Rio de Janeiro, Washington Reis, ex-prefeito de Duque de Caxias; o tio dele, Wilson Reis, atual prefeito; e o sobrinho, Netinho Reis, prefeito eleito. Na casa de Netinho, os agentes encontraram dois celulares escondidos no congelador, entre potes de sorvete.
Na ação desta sexta-feira (13), os policiais apreenderam, ainda, duas malas com mais de R$ 2 milhões na casa de um servidor da Prefeitura de São João de Meriti, também na Baixada. Ele é assessor do deputado estadual Valdecy da Saúde, do PL, candidato derrotado à prefeitura do município.
As investigações que levaram à operação da Polícia Federal nesta sexta-feira (13) começaram em outubro passado, quatro dias antes das eleições municipais, quando um empresário foi preso em flagrante em Duque de Caxias. Ele tinha quase R$ 2 milhões em espécie. Segundo a polícia, dinheiro que seria usado para a compra de votos na Baixada Fluminense.
O empresário, que continua em prisão domiciliar, é Eduardo Penha Ribeiro, dono de empresas que prestam serviços para a Prefeitura de Duque de Caxias e de São João de Meriti, com contratos milionários. Os documentos juntados no processo do TRE revelam que Eduardo fez 67 saques entre 8 de agosto e 2 de outubro de 2024, totalizando mais de R$ 14 milhões. Os saques eram sempre abaixo de R$ 50 mil, para burlar o alerta do Coaf - o Conselho de Controle de Atividades Financeiras.
Com o empresário foi encontrada também uma lista com nomes de 12 candidatos a vereador, todos ligados ao prefeito eleito, Netinho Reis, e que também estão na mira da Polícia Federal. Entre os vereadores, Fernanda da Costa, do MDB, eleita para a Câmara de Caxias e filha do traficante Fernandinho Beira-Mar.
O processo reuniu vídeos como um em que um homem de marrom é flagrado por um policial civil comprando voto. O processo do TRE é resultado da investigação da Polícia Federal e do Ministério Público estadual e pode levar à cassação da chapa que concorreu à Prefeitura de Duque de Caxias e anular o resultado da eleição. Os crimes investigados incluem organização criminosa, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.
PF investiga quadrilha suspeita de compra de votos e lavagem de dinheiro no RJ — Foto: Reprodução/TV Globo
O secretário estadual de Transportes do Rio, Washington Reis, disse que a trajetória política dele é pautada pela transparência.
O atual prefeito de Duque de Caxias, Wilson Reis, negou envolvimento na compra de votos.
O prefeito eleito da cidade, Netinho Reis, afirmou que a Justiça Eleitoral aprovou as contas da campanha dele e que está à disposição das autoridades.
A Câmara de Vereadores de Caxias informou que não compactua com nenhum ato ilícito.
O deputado estadual Valdecy da Saúde negou ter qualquer relação com o homem que estava com a mala de dinheiro.
O Jornal Nacional conseguiu contato com as defesas da vereadora Fernanda da Costa e de Eduardo Penha Ribeiro.
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