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Por Jornal Nacional


Percentual de brasileiros abaixo da linha da pobreza é o menor em 12 anos

Percentual de brasileiros abaixo da linha da pobreza é o menor em 12 anos

O Brasil atingiu, em 2023, o menor nível de pobreza e extrema pobreza em 12 anos.

Do trabalho na rua para o trabalho formal, como professor de futebol.

"Eu trabalhava no sinal, vendia suco e água no sinal Hoje eu trabalho aqui, tenho meu serviço, carteira assinada, não preciso mais ficar desesperado com as contas", afirma Uanderson Lelacher.

A pobreza diminuiu no Brasil, segundo o IBGE. Em 2023, 8,7 milhões de pessoas deixaram de viver abaixo da linha da pobreza, com menos de R$ 665 por mês, o que corresponde a 27,3% da população.

Antes disso, o nível mais baixo de pobreza tinha sido em 2014. A partir daí, por conta de crises na economia, a pobreza voltou a crescer. Em 2021, atingiu o número mais alto. Em plena pandemia, 36,7% da população vivia na pobreza. Em 2022, esse índice caiu para 31,6% dos brasileiros e bateu o recorde histórico em 2023.

A extrema pobreza, que é viver com menos de R$ 209, também caiu. Pela primeira vez, ficou abaixo dos 5%. A pesquisa usa valores adotados pelo Banco Mundial.

O IBGE diz que a redução da população pobre ocorreu, principalmente, por dois fatores: melhora do mercado de trabalho e os programas de transferência de renda.

Em 2020, no início da pandemia, foi aprovado o auxílio emergencial. No fim de 2021, o governo de Jair Bolsonaro instituiu o Auxílio Brasil. Em janeiro de 2023, já no governo Lula, o Auxílio Brasil foi substituído pelo Bolsa Família.

Pobreza cai para o menor número da série histórica — Foto: Imagem: Reprodução/ TV Globo

O trabalho é a principal fonte de renda em 74% dos lares brasileiros. Mas na camada mais pobre, que vive com até 25% de salário mínimo, os benefícios sociais se tornaram mais importantes na renda, ultrapassando o emprego.

“Com certeza a transferência de renda é um belo primeiro passo. No entanto, nem de perto é suficiente. O importante agora seria a gente avançar para incluir a população mais pobre no mercado de trabalho, de tal forma que ela se beneficie também de outras condições sociais melhores”, diz Laura Muller Machado, economista do Insper.

A pobreza e a extrema pobreza são maiores entre mulheres, pessoas pretas e pardas, e crianças. A maior parte vive no Norte e no Nordeste.

Apesar de menos pobre, o Brasil é um país ainda muito desigual. Não houve uma melhora do índice de Gini, que mede a desigualdade de renda. Ele ficou estável no ano passado. Segundo o IBGE, os programas sociais impediram um distanciamento ainda maior entre ricos e pobres.

“O dado da desigualdade talvez foi o dado mais amargo que tivemos dentro do que hoje foi divulgado. E isso eu considero, e está bem evidenciado, que essa desigualdade monetária está se dando muito pelo fato de que, embora tenha crescido a renda dos mais pobres, a renda da camada mais rica, de maior poder aquisitivo, cresceu muitas vezes mais. Isso é muito significativo, isso é um grau de concentração de renda que o país precisa vencer”, fala Francisco Menezes, assessor de políticas da Action Age Brasil.

O mercado de trabalho também continua desigual. Os brancos ganham quase 70% a mais do que pretos e pardos. E os homens, mais do que as mulheres: 26,4%.

Concluir os estudos e não conseguir emprego, uma possibilidade que assusta muito os jovens. Mas essa situação está diminuindo no Brasil.

O número de pessoas entre 15 e 29 anos que não estudam e não trabalham caiu para o menor nível desde que a pesquisa do IBGE começou a ser feita, em 2012.

Algumas ONGs se esforçam para fazer essa ponte entre o jovem e o mercado.

Maelly Lins, jovem de 22 anos, passa o dia ao telefone: atendente de telemarketing. Ela ficou um ano e meio procurando vaga.

“Foi muito difícil porque, querendo ou não, a gente sente: 'caramba, como é que eu vou conseguir um trabalho sendo que eu não tenho nenhuma experiência, ninguém vai me aceitar' ”, diz a atendente de telemarketing Maelly Lins.

'O que faltava era oportunidade e não vontade de trabalhar.

“A gente aqui tá levando oportunidade, capacitação para essas pessoas, para aumentar a chance de elas conseguirem uma vaga de emprego formal, com carteira assinada, e todos os benefícios que elas precisam”, comenta a coordenadora de Esporte e Cultura, Clézia Santos.

"Não basta as transferências de renda, o pé de meia, o Bolsa Família. O brasileiro precisa de muito mais. O que mais? Ele precisa de uma educação de qualidade e ele precisa de serviços de inclusão produtiva, que são pessoas que vão ajudar as famílias a se incluir no mercado de trabalho", complementa a professora do Insper.

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