Primeiro dia da reunião de cúpula dos líderes do G20 tem foco no combate à fome
Líderes mundiais reunidos no Rio de Janeiro chegaram a um acordo para divulgação do documento final do encontro do G20 e o resultado mais concreto disso é a formação de uma aliança global de combate à fome a à pobreza.
Essa era uma das propostas formuladas pela presidência brasileira.
O encontro de cúpula às margens da Baia de Guanabara começou pouco antes das 9h.
Lula e a primeira-dama Janja deram as boas-vindas aos líderes das principais economias no Museu de Arte Moderna, reformado especialmente para a cúpula do G20.
Participaram da reunião representantes de 19 países, das uniões Europeia e Africana. Esses países, juntos, são responsáveis por 85% das riquezas produzidas no mundo.
Líderes como o presidente francês Emmanuel Macron.
G20 faz primeira "foto de família" desde 2021 — Foto: Imagem: Reprodução/TV Globo
O presidente da China, Xi Jinping, foi um dos últimos a chegar e recebeu um cumprimento com a cordialidade brasileira.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, evitou a rampa, pegou o elevador para encontrar Lula e teve tempo para admirar a paisagem carioca.
Lula recebeu com simpatia a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.
Mas teve também um aperto de mão sem sorrisos. O presidente Lula recebeu assim o presidente da Argentina, Javier Milei, que chegou acompanhado da irmã Karina.
O presidente russo Vladimir Putin não veio, e o chanceler Sergey Lavrov representou o país.
Putin poderia ser preso se viesse ao Brasil. Ele foi acusado de crimes de guerra na Ucrânia pelo Tribunal Penal Internacional.
No domingo (17), a Rússia atacou a Ucrânia com drones e mísseis. O assunto repercutiu na reunião de cúpula.
O presidente Lula abriu a cúpula do G20 com um dos temas que o governo brasileiro estabeleceu como prioridade: a criação de uma aliança global contra a fome e a pobreza.
No discurso de abertura, o presidente Lula anunciou que, depois do G20, a aliança vai iniciar os trabalhos para adotar medidas que prometem beneficiar mais de 650 milhões de pessoas no mundo até 2030.
"Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Este será o nosso maior legado. Não se trata apenas de fazer justiça", completou o presidente brasileiro. Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz."", diz Lula no primeiro dia de encontro da cúpula do G20.
Apesar de ter sido lançada no G20, a Aliança Global de Combate à Fome será um órgão independente. A previsão é que comece a funcionar na metade do ano que vem.
A aliança receberá doações e terá escritórios para ajudar países em desenvolvimento a combater a fome com dinheiro e projetos. Entre eles, estão programas de transferência de renda, merenda escolar saudável e agricultura familiar.
82 países fazem parte da aliança, além de 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e outras 34 organizações não governamentais e filantrópicas.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) colocou à disposição US$ 25 bilhões, o equivalente a R$ 140 bilhões.
"Ao mesmo tempo que estamos colocando esses recursos para financiar, também estamos doando para capacitar. Ou seja, para levar aos governos, aos municípios e aos governos estaduais a capacidade de gerar os projetos de poder chegar à ponta", diz Ilan Goldfajn, presidente do BID.
A Argentina foi o último país a aderir. Em nota, o governo argentino criticou o papel do Estado no combate à fome e à pobreza, afirmando que a solução está em políticas que favoreçam o livre mercado.
"Ele tem posição de defesa do liberalismo, de solução pelo mercado, mas propostas que a Argentina defende estão nos termos da aliança, como o caminho da qualificação do emprego e o apoio ao empreendedorismo", diz Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social.
Depois do almoço, mais de 50 líderes foram até os jardins do MAM para tirar a foto oficial da aliança contra a fome.
Um ato simbólico de união.
A última foto oficial do G20 havia sido tirada em 2021, em Roma, na Itália. Nos dois anos seguintes, as autoridades não quiseram o registro ao lado de representantes da Rússia.
Mas Joe Biden e os líderes da Itália, Giorgia Meloni, e do Canadá, Justin Trudeau, que estavam em reuniões bilaterais, se atrasaram e ficaram de fora do registro histórico.
Biden, inclusive, deixou o MAM e não participou da segunda parte do evento, quando o assunto foi a reforma da governança global.
No último discurso do dia, o presidente Lula destacou a necessidade de instituições como as Nações Unidas abrirem mais espaço para países emergentes, principalmente no Conselho de Segurança, que não tem sido capaz de parar as guerras.
"A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes", diz o presidente brasileiro.
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Na terça-feira (19), as discussões serão sobre desenvolvimento sustentável e transição energética.
E, no encerramento, o Brasil passará a presidência do G20 para a África do Sul.