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Por Jornal Nacional


Em 9 meses, incêndios destruíram uma área do tamanho do estado de SP

Em 9 meses, incêndios destruíram uma área do tamanho do estado de SP

De janeiro a setembro de 2024, o fogo destruiu uma área quase do tamanho do estado de São Paulo. A recuperação desses biomas vai exigir muito trabalho.

Fechar as feridas deixadas pelo fogo até que não sobre uma cicatriz. O tempo da natureza é longo, mas mãos humanas podem apressar um pouquinho.

As imagens são de 2021 no Parque do Juquery, um grande remanescente de Cerrado na Grande São Paulo. A queda de um balão causou um incêndio que consumiu mais da metade da área preservada. Três anos depois, a paisagem está praticamente recuperada. Os animais estão de volta.

O Cerrado é um bioma que se regenera mais rapidamente, mas algumas medidas ajudaram a mata a crescer e a resistir, em 2024, a uma condição climática muito parecida com a de 2021.

"Imediatamente, a gente entrou com projetos de restauração em cerca de 200 hectares. O resto da vegetação a gente está monitorando. E a gente tem algumas porções do parque que ainda vamos ter que fazer projetos específicos de restauração porque a natureza não conseguiu se recuperar”, diz o diretor-executivo da Fundação Florestal, Rodrigo Levkovicz.

Imagens de 2021 e 2024 mostram recuperação do Cerrado no Parque do Juquery — Foto: Reprodução/TV Globo

De janeiro a setembro de 2024, o fogo queimou mais de 8 milhões de hectares de Cerrado no Brasil. Somando todos os biomas, já são quase 22,4 milhões hectares que viraram cinzas. O maior estrago foi na Amazônia.

Recuperar áreas de clima tropical úmido é um desafio ainda maior. Uma área de Mata Atlântica que pegou fogo: dá para ver a marca no tronco do pinus, que não é uma espécie nativa e acabou resistindo ao incêndio. A recuperação ambiental começou há mais ou menos um ano. As mudas ainda são bem jovens, têm em média de 2 m a 3 m de altura e pouca folhagem.

Até a mata ficar mais fechada, com as copas das árvores se encontrando, leva pelo menos dez anos. É o caso de uma outra área, que também tinha sido atingida por um incêndio.

Os campos recuperados ficam dentro de um parque de São Paulo e são monitorados. Do alto, dá para ver bem o efeito da passagem dos anos.

"Você entra com as mudas. A gente já espera as árvores em um tamanho maior para que elas tenham uma eficiência maior. Essas árvores são plantadas e você faz um acompanhamento. Elas levam, em média, para começar a cobrir a área de uma forma eficiente em torno de dez anos, podendo levar 20 ou até 30 anos”, afirma Marcelo Freire Mendonça, engenheiro florestal e coordenador da Operação Fogo Zero.

Campos recuperados ficam dentro de um parque de São Paulo e são monitorados — Foto: Reprodução/TV Globo

Um estudo da Unifesp, publicado recentemente na revista “Nature”, que teve participação de um pesquisador da Unifesp, revelou que a floresta tem um papel fundamental na remoção de um dos mais potentes gases do efeito estufa: o metano.

"Uma floresta em pé, além de fixar CO2, como todo mundo aprende na escola, mas também transformam metano em CO2. Isso diminui o potencial de gás de efeito estufa, porque o potencial de aquecimento causado pelo metano, quando transformado em CO2, diminui 23 vezes. Então, uma floresta em pé preserva muito. Ela oferece um serviço ecossistêmico para o planeta, para a sociedade e para a humanidade como um todo, muito grande”, explica Alex Enrich Prast, professor e pesquisador do Instituto do Mar da Unifesp.

Um estudo publicado na revista “Nature”, revelou papel fundamental da floresta — Foto: Reprodução/TV Globo

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