Conab reduz previsão para a safra de grãos por causa dos fenômenos climáticos
A Companhia Nacional de Abastecimento reduziu a previsão para a safra de grãos por causa dos fenômenos climáticos.
Este é o primeiro levantamento realizado depois do pico das enchentes no Rio Grande do Sul. A inundação de lavouras e o impacto do El Niño em outros estados afetaram a safra de grãos.
“Nós tivemos atraso no plantio, nós tivemos irregularidade nas chuvas, principalmente até outubro, na região do Centro-Oeste, e no verão, agora, nós tivemos um veranico, principalmente no estado do Mato Grosso do Sul, mas também parte do Paraná, São Paulo e Minas Gerais”, diz Sílvio Porto, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab.
Segundo a Conab, a projeção atual é que o Brasil produza quase 300 milhões de toneladas de grãos em 2024 – 7% a menos que na safra anterior. A produção da soja deve cair quase 5%, e a do milho deve ser 14% menor.
O país já colheu quase todo o arroz da safra. A produção em 2024 deve ser maior em a 2023, mas o ritmo vem caindo. No primeiro levantamento, em outubro de 2023, a estimativa era produzir 10,8 milhões de toneladas em 2024. Já no último levantamento, são 411 mil toneladas a menos.
O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional. Mas as enchentes trouxeram dificuldades no campo.
Em uma propriedade no Vale do Taquari, o plantio de arroz atrasou dois meses por causa das enchentes de setembro e novembro de 2023. Antes da maior tempestade, agora em maio, os agricultores ainda chegaram a colher metade da lavoura. Mas aí veio a enxurrada que cobriu tudo e devastou o restante da produção. A área de 200 hectares pertence à família do agricultor Jeverson Américo Damásio, que ainda está fazendo as contas do prejuízo.
“Mesmo com a metade do arroz colhido, vai ficar longe de cobrir a despesa dessa lavoura passada. Mas a gente ama o que faz, então, tem que levantar a cabeça e tentar seguir em frente”, diz.
As enchentes também provocaram perdas nos armazéns.
“Com o produto pronto, colhido, já para ser comercializado, que também teve perda. Então, é um prejuízo enorme. Então, é um ajuste de números, é um ajuste de conta que todas as empresas, o próprio agricultor, a indústria está fazendo ainda para contabilizar e chegar agora no final, seria o ciclo das culturas, com esses números mais ajustados”, afirma Cristiano Carlos Laste, gerente regional da Emater regional de Lajeado.